Planetário

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Os últimos dias tinham sido uma mistura de raiva, frustração e medo dentro da cabeça de Agatha Harkness. A última vez em que ela se sentiu segura e estável havia sido no restaurando com Rio e Nicholas. Agora, graças a Wanda, até aquela lembra havia sido manchada.

Ela mais uma vez se encontrava ao lado de Lilia, divagando sobre seus relacionamentos e dúvidas. Lilia era sempre confiável, a melhor e mais próxima amiga que ela poderia ter. Sempre incentivando onde era requisitada, e chamando-lhe a atenção quando necessário.

Enquanto o carro de sua parceira de negócios desfilava suavemente pelas ruas de Nova York, Agatha lhe contou sobre Wanda e a ameaça velada que recebera. Sobre seus sentimentos conflituosos pela assistente Rio, como estava pronta para perdoá-la, mas ao mesmo tempo aterrorizada do que aquilo significava.

— Aquela mulher é o Satanás. — Lilia reclamou em voz alta, fazendo uma curva brusca.

— Meu Deus, você não está carregando gado. — Agatha reclamou segurando firme no banco do passageiro.

— E você não é de porcelana. — Lilia rebateu com um sorriso no rosto, fazendo outra curva brusca. — Minha intuição não falha nunca. Desde que você se engraçou com aquela coisinha quando ainda eram associadas, eu sabia que aquilo ali era um lobo em pele de carneiro.

Lilia sempre foi a voz da razão em sua vida, a pessoa que a aconselhava em momentos de dúvida. Lilia era um porto seguro, uma presença firme que a ancorava. Agora, entretanto, não era a presença de Lilia que mais preenchia a mente e o coração de Agatha.

— Você entende agora por que preciso falar com Rio? — Ela disse estática, sua voz quase um sussurro. Passou os dedos pelo celular novamente, tentando ligar para a assistente. Rio não estava atendendo. — Que merda, onde ela se enfiou?

Lilia deixou escapar uma pequena risada.

— Ah, querida. Chegamos. — Ela estacionou na rua de trás do Planetário Hayden.

— O que estamos fazendo aqui? Já está fechado. — Agatha olhou ao redor, mas a rua estava vazia. — Achei que fossemos encher a cara, é o que eu estou precisando hoje.

— Olhe com mais atenção. — Lilia apontou para a porta dos fundos do planetário, onde uma figura com uma lanterna nas mãos pulava e acenava alegremente em meio a chuva fina.

Agatha colocou a mão no rosto incrédula, rindo da situação.

— É a minha idiota aquela, não é?

— Exatamente. — Lilia alcançou a mão da amiga, depositando um beijo carinhoso na parte superior. — É um encontro romântico, Agatha. Ela está mesmo tentando o seu perdão, e eu sei que você está louca para aceita-la de volta. Então vá lá e aproveite, enquanto isso irei achar um jeito de te livrar dessa ameaçazinha que Wanda fez.

Agatha saiu do carro e o ar frio da noite a atingiu de frente. O som da chuva batendo contra o cimento acompanhado de seus passos faziam um eco fraco reverberar na rua, destacando o silencio da noite.

Quanto mais se aproximava, mais nítida a forma de sua assistente se tornava. Seu corpo definido, seus cabelos rebeldes, e aquele sorriso inconfundível. Se alguém lhe dissesse um mês atrás que estaria completamente apaixonada por Rio Vidal, ela daria uma boa gargalhada.

Ao se aproximar, Agatha se jogou nos braços da assistente, puxando-a para um abraço firme. Suas mãos se fecharam nas costas de Rio a agarrando, escondendo o rosto no pescoço da mulher e aspirou seu aroma.

— Não que eu esteja reclamando, mas não era essa a reação que eu esperava. — Rio murmurou com um risinho, mas devolveu o abraço na mesma intensidade. — Estava pronta para gritos e xingamentos.

Querida Agatha • AgatharioOnde histórias criam vida. Descubra agora