our little world - rafe cameron

Nine

A manhã seguinte foi estranha. O silêncio entre eles era pesado, carregado das palavras não ditas, dos sentimentos reprimidos. Alyssa estava em pé diante do espelho, tocando sua barriga com a ponta dos dedos, sentindo a pequena vida dentro de si, mas também o peso da situação. A conexão que houve entre ela e Rafe na noite passada ainda ecoava, mas não a deixava mais próxima dele — apenas mais confusa.

Ele estava ali, no canto do quarto, observando-a de longe. Não havia nada a dizer entre eles. Os olhares trocados, o toque, os suspiros... Mas tudo aquilo parecia tão frágil. Ela sabia que a realidade logo os alcançaria, e a vida dela com o bebê seria muito mais difícil do que ela jamais imaginara.

"Você vai me deixar cuidar de você e do bebê, Alyssa. Vai ser melhor assim," Rafe disse, sua voz grave, a confiança que ele tinha em sua própria proposta evidente, mas ela não sabia como reagir.

Ela suspirou, virando-se para ele. "Eu... não sei, Rafe. Não quero viver disso. Não posso depender de você para tudo. O que vai acontecer depois que o bebê nascer? Vai ser só isso? Um pouco de ajuda? Não vou viver pra sempre com você, e você sabe disso."

O silêncio que se seguiu foi desconfortável. Rafe ficou em pé, os olhos fixos nela. Ele sabia o que ela queria dizer, sabia que ela se sentia aprisionada, que não queria ser mais uma das pessoas que ele controlava. Mas, ao mesmo tempo, ele queria algo mais — queria estar ao lado dela e dar-lhe o apoio que ela nunca teve.

"Eu não estou pedindo que você fique comigo, Alyssa. Eu só quero ajudar. Quero que você saiba que não está sozinha nisso," ele disse, com um tom mais suave agora, mais honesto.

Ela fechou os olhos por um momento, tentando processar tudo o que ele disse. Era difícil, muito difícil aceitar a ideia de se abrir para ele, quando tudo o que ela queria era manter sua independência, a liberdade que sempre buscou, especialmente depois de tudo o que tinha vivido. "Não sei o que vai ser de nós dois, Rafe. Mas... eu aceito que você ajude. Eu aceito que você... faça parte disso. Mas não espere que eu me entregue. Não espere que eu comece a te ver de outra maneira. Eu não posso. Não agora."

Ele deu um passo à frente, seus olhos ainda fixos nela, mas sem fazer nada além de estar ali, observando. "Eu não estou esperando nada. Só... não me afaste de você, Alyssa. Isso é tudo que eu peço."

Ela olhou para ele, sentindo o peso das palavras não ditas entre eles, sentindo a tensão, mas também a suavidade da sua presença. Não estava pronta para abrir seu coração a ele, mas sentiu que estava começando a compreender um pouco mais o que ele realmente queria.

"Eu posso tentar... ser melhor com você," ela disse finalmente, a voz baixinha, ainda sem muito poder sobre seus sentimentos. "Mas isso não significa que eu vou me entregar. Vai levar tempo."

Rafe a olhou por um instante, antes de assentir. "Tudo bem. Eu sei. Não vou apressar nada, Alyssa. Só... me deixe ajudar você e o bebê. Estou aqui, mesmo que você não me queira perto."

O silêncio que se seguiu entre eles era carregado de algo novo. Não era mais o silêncio de um distanciamento profundo, mas o silêncio de uma tentativa — uma tentativa de construir algo, mesmo que não fosse um relacionamento como ela esperava, mas algo mais tranquilo, mais verdadeiro. Algo que talvez começasse com pequenos gestos de cuidado, mas que com o tempo poderia se tornar mais forte.

Ela suspirou, olhando para a barriga novamente. Era difícil aceitar, mas talvez ele tivesse razão. Talvez ela realmente não fosse mais capaz de fazer tudo sozinha, e o bebê também precisaria dele, de alguma forma.

"Eu não prometo nada, Rafe," ela murmurou, olhando-o uma última vez antes de sair do quarto, "mas eu vou tentar."

Rafe a observou ir embora, com um suspiro de alívio, mas com um toque de ansiedade em seu peito. A batalha não estava ganha, mas ele sabia que, aos poucos, ele tinha que conquistar a confiança dela. Ele só não sabia que essa luta seria mais difícil do que ele imaginava.