O bar estava repleto de uma luz âmbar suave, os sons de conversas e risadas se misturando com o ritmo lento de um jazz ao fundo. Franco Colapinto, encostado no balcão com um copo de uísque entre os dedos, observava a cena com tranquilidade, ou pelo menos fingia. Ele sentiu a presença antes de vê-la. Como sempre, ela não anunciava sua chegada, mas fazia questão de ser notada.
Lívia. Ela era um mistério que ele nunca conseguia resolver, uma tempestade que o desarmava sempre que se encontravam. Vestindo um vestido vermelho que parecia uma provocação, ela caminhou até ele, o sorriso dela curvando os lábios em uma promessa que ele sabia que nunca seria simples.
— Você está me evitando, Franco? — perguntou ela, sua voz baixa, mas afiada como uma lâmina.Ele ergueu o olhar, encontrando os olhos dela, e um sorriso brincou em seus lábios.
— Eu diria que é você quem sempre aparece nos momentos mais inconvenientes.
Ela riu, um som suave e carregado de intenção. Sentou-se ao lado dele no banco do balcão, seus dedos tocando levemente o copo dele antes de chamar o barman com um simples olhar.
— Inconveniente? — provocou ela, inclinando-se o suficiente para que ele sentisse o perfume que sempre parecia entorpecê-lo. — Acho que você quis dizer irresistível.
Franco inclinou a cabeça, os olhos escurecendo ligeiramente. Lívia sabia exatamente como jogar com ele, e ele odiava o quanto isso o divertia.
— Irresistível é uma palavra forte. Eu diria... teimosa. — Ele tomou um gole de seu uísque, os olhos nunca deixando os dela.
Ela sorriu de canto, apoiando o cotovelo no balcão e descansando o queixo na mão, como se o desafiando.
— Você é bom com palavras, Franco, mas sabe o que eu acho? — Ela pausou, deixando o silêncio criar uma tensão quase palpável. — Você gosta desse jogo. Gosta de perder para mim.
Ele riu, um som grave que a fez se inclinar um pouco mais perto, como se quisesse absorver cada detalhe.
— Perder? — Ele a encarou, o sorriso desaparecendo para dar lugar a algo mais intenso. — É engraçado você dizer isso. Porque, na última vez, foi você quem foi embora com muito menos do que queria.
Lívia ergueu uma sobrancelha, claramente desafiada.
— Será mesmo? Ou foi exatamente o que eu planejei?
O silêncio que seguiu foi carregado de uma tensão que poderia incendiar o ar ao redor deles. Franco se inclinou ligeiramente, os rostos agora a poucos centímetros de distância.
— Se isso foi o seu plano, então eu diria que você é uma estrategista terrível. — A voz dele era baixa, quase um sussurro.
Ela não recuou. Pelo contrário, inclinou-se ainda mais perto, os lábios quase tocando os dele, o suficiente para que ele sentisse o calor da respiração dela.