Capítulo 3: Outro ponto de vista

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Cinco de janeiro. Primeiro dia de aula e sinto dor nas costas graças a má noite de sono. Tento permanecer acordada, pois não quero dormir no meio da aula, mesmo que no momento deixar os olhos abertos pareça impossível.

- A arte era uma forma que nossos ancestrais tinham de se comunicar - fala a professora Lita Blanc - Através das figuras rupestres, que depois passaram para os papeis e foram transmitidos para pinturas a óleo que hoje nós tanto admiramos, onde quase todos os artistas foram reconhecidos pelo seu talento.

Ela se senta em sua própria mesa como se fosse uma almofada, de forma bem descontraída. A professora Blanc me parece divertida à primeira vista, ela mantém os cabelos presos em uma longa trança e usa roupas largas de linho que parecem bem confortáveis.

- Agora quem pode me dizer qual é o berço da arte? - ela pergunta saltando da mesa.

Os colegas a minha volta permanecem imóveis.

- Algum de vocês devem saber - insistiu a professora.

Eu fecho os olhos e levanto a mão.

- Você de blusa azul.

Sou eu.

Abro os olhos e percebo que todos estão me olhando.

- Qual a resposta? - ela pergunta.

- O museu de artes de Nilok - respondo - foi construído pelo rei Carlos no século VII. É considerado o berço da arte moderna. Há duzentas e cinquenta esculturas, trezentos e vinte sete louças de mármore e mais de seiscentos quadros de figuras históricas ou de modelos mortos.

- Muito precisa - ela comenta parecendo empolgada - Qual o seu nome querida?

- Aime Sisley - respondo.

- Estudou quanto sobre o assunto? - ela questiona.

- Na verdade eu leio muito - digo.

- Continue assim - ela se vira a vai até o quadro negro - Ok turma, então vamos falar sobre os primeiros materiais usados para desenhos.

A professora continua a aula tranquilamente o mesmo não pode se dizer de mim, que passou o resto da manhã sendo perseguida pelos olhares dos outros alunos, a maioria me encarava ou cochichava coisas como "você a conhece?", "De onde ela veio?". Exceto por uma garota que permanecia concentrada na aula, cujas as pontas do cabelo tinham tons roxos.

Depois eu segui para a qual de filosofia, na ala norte do prédio. Quem se encarregou dessa aula foi a Elsie Asch, ela tem cabelos incrivelmente preta e pele muito pálida com algumas sardas no nariz.

A aula começou calma e eu estava convencida de que era apenas, fazer anotações, prestar atenção e marcar quais livros deveriam ser lidos e estudados. Eu estava enganada.

- Qual filósofo disse "as relações dos governantes são como abelhas que colhem o pólen de suas próprias flores"? - a professora pergunta.

Um aluno vestindo suéter levanta a mão.

Graças a coroa

- Alberta Clark - diz o aluno.

- Não - responde a professora - vou dar uma dica, essa pessoa nasceu em Dimirard.

Eu abaixo a minha cabeça e começo a fazer algumas anotações, me esquecendo completamente dos outros ao meu redor.

- Você sabe? - alguém pergunta.

Levanto meus olhos e percebo a professora Asch em minha mesa.

- Flora Monella - respondo.

- Correto - ela exclama animada.

O conto de Dimirard.Where stories live. Discover now