Capítulo 7: Só quando eu disser que acabou

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Um dia depois do incidente com a torta, eu e Jessie nos reunimos no meu quarto para planejar minha vingança. Peguei um caderno em branco, onde começamos a listar possíveis pegadinhas.

- Precisamos elevar o nível - comento - continuar não é o bastante - afirmo levando a mão ao queixo.

- Realmente - diz Jessie se apoiando em minha escrivaninha. Ela se afasta e começa a andar pelo quarto pensando - Podemos usar algo que ele tenha medo.

- Seu quero irritá-lo, não o mandar ao psiquiatra - digo me virando para ela.

- Que tal um animal que deixe qualquer um apavorado? - sugere Jessie.

- Sapos - digo rapidamente.

- Não - exclama ela.

- Tem certeza? Eu odeio sapos.

- Não vamos usar sapos. Precisamos de algo que as duas consigam segurar, e eu me recuso a encostar em um sapo.

Começamos a andar e pensar em uma pegadinha criativa. Quando Kevin fez isso comigo não foram coisas muito grandes, mas cuidadosamente planejadas e executadas nos momentos em que eu estava sem reforço.

- Tive uma ideia - ando até a escrivaninha e começo a anotar tudo de que vamos precisar.

- No que pensou? - questiona minha amiga de cabelos roxos.

- Me lembrei de que não precisamos de algo grande para assustá-lo.

Jessie se inclina para ler o que escrevi no caderno, um sorriso malicioso aparece em seu semblante lentamente.

- Como vamos fazer isso?

- Primeiro; precisamos das chaves - respondo largando o lápis.

À noite, em meio a um corredor escuro, silenciosos pés calçados com meias deslizando pelo piso de cerâmica. Nossos pés param bruscamente, damos uma última olhada pelo longo corredor abandonado.

- É este aqui- digo a Jessie.

Coloco a chave na fechadura girando-a com cuidado.

- Vamos - sussurro.

Entramos no quarto e a porta se fecha rapidamente. Jessie se aproxima de Kevin que está em sono profundo enrolado em cobertas.

- E se ele acordar? - indaga ela.

- Não vai - respondo no tom de voz normal.

Me aproximo do magricela e inconsciente corpo.

- Kevin! -chamo.

Jessie dá um passo para trás assustada, então percebe que o garoto nem se moveu.

- Não disse? Ele dorme como um urso que foi hibernar depois de levar uma surra de um lutador de box.

Ela ri.

- Me entrega o pote - peço. Jessie me dá um pote, eu o desrosqueio e dou uma última olhada nas baratas, besouros, lagartas e minhocas. Com cuidado vou espalhando os insetos em pequeno número pelo cobertor chão e escrivaninha.

- Espero que nossos amiguinhos fiquem vivos até de manhã - comento fechando o pote.

- Espero que nenhum deles entre na boca do Kevin, me sentiria muito culpada por colocá-los em um destino tão cruel.

Eu rio.

Kevin ronca com força se vira para mim.

- Agora vamos - digo rindo.

Saímos cuidadosamente do quarto e corremos pelo corredor com as meias escorregando no piso, o que nos fez rir mais alto. Caminhamos em direção a uma lanchonete vinte e quatro horas e tiramos os moletons pretos, a ideia é que ficássemos irreconhecíveis, mas o corredor estava escuro e inabitável, então as roupas combinando foram desnecessárias.

O conto de Dimirard.Where stories live. Discover now