O conto de Dimirard.

Capítulo 17: A verdade

 - Recebi seu recado – diz Miles ao entrar no meu quarto – O que foi?

Minhas malas estão abertas e espalhadas pelo quarto enquanto eu dobro as roupas em pilhas organizadas dentro delas.

- Pode pegar a pilha de casacos na escrivaninha por favor? – peço.

- O que está fazendo? – pergunta ele ao me entregar os casacos.

- Indo embora.

Fecho a mala.

- Por que? – questiona ele espantado.

- Kevin descobriu tudo, então eu estou voltando para Dimirad antes que as coisas piorem.

- Não é possível.

- Pois é. No começo eu achei que ele estava blefando, mas ele é mais esperto do que aparenta.

Vou até o guarda-roupa e tiro as peças do cabide para dobra-las.

- Você vai embora assim? Não vai nem tentar?

- A única alternativa que ele me deu; era fazer tudo que ele mandar e sendo honesta é um preço alto demais para ficar aqui só mais um mês.

Miles suspira.

- E também eu joguei água sanitária nas roupas dele – continuo – preciso sair daqui antes que ele descubra.

- Como se não bastasse estragar a reputação dele, você também estragou as roupas.

- E agora ele estragou minha vida! – exclamo me jogando na cama.

Olho para o teto, deitada em cima das malas em minha cama, minhas costas doem graças a fechadura. Tiro ela debaixo de mim e a deixo no chão.

Sinto um peso amais na cama então percebo que Miles se sentou, ele apoia os cotovelos nos joelhos e olha para baixo.

Não sou a única que vai sentir falta daqui.

- Desculpe-me – digo.

- Por que está se desculpando?

- Acabei de lembrar que se eu for embora, você também vai ter que ir, então me desculpe.

Ele levanta a cabeça.

- Lembra do jogo dos dias de chuva?

- A gente tem que provar o quanto sabe um do outro – respondo – Era divertido.

- Quer jogar?

- Não era essa a reação que eu esperava quando me desculpei.

- Se jogar comigo eu te perdoo – diz ele olhando para mim.

Levanto o tronco me apoiando nos cotovelos e assento com a cabeça.

- Qual a minha estação favorita? – pergunta ele.

- Inverno. Qual a minha comida favorita?

- Carne assada. Brincadeira favorita?

- Esconde-esconde. Cor preferida?

- Você não consegue decidir então diz a primeira que vem a sua cabeça, geralmente rosa.

- Que precisão – digo sorrindo – Estou perdoada?

Miles assente.

- Qual era a sua intenção com esse jogo?

- Te relaxar – responde ele – E funcionou.

- Não precisava.

- É. Mas você tem o dom de enlouquecer qualquer um, o que significa que se eu não te acalmar também enlouqueço.