Talvez no próximo.
Eu abro o diário mais uma vez.
18/08
"Philipe e Odete passaram o dia todo no jardim, eu até pensei em me juntar a eles, mas não queria estragar o encontro, ou melhor dizendo não queria segurar vela."
Eu fecho, jogo na minha mochila e volto para o meu jantar.
- Algum avanço? - pergunta Miles.
Nego com a cabeça.
Já faz duas semanas que eu encontrei a caixinha, mas não avancei muita coisa. Toda noite eu entro no meu quarto, abro a caixa e quando estou prestes a fazer qualquer coisa, uma apreensão toma conta de mim. Eu pego a caixa e escondo embaixo da cama.
- Toda vez que eu tento ler...- começo, mas não consigo.
- Não consegue terminar - ele completa.
- Pois é - respondo- na verdade eu não sei se quero ler.
- Por que não?
- É um pouco difícil de explicar - digo.
A minha mãe era a melhor pessoa do mundo para mim. Era doce, amorosa, inteligente e foi uma rainha muito dedicada. Mas e se tudo que eu conheço for mentira e a tão amada rainha Rose for uma pessoa amarga, egocêntrica e que passou a sua vida fingindo ser uma mulher perfeita?
- Acho- começo - que não quero estragar a imagem que tenho dela.
- Faz sentido - ele diz- eu também me senti estranho quando percebi que os meus pais foram mencionados no diário. Do jeito que sua mãe escreveu, parecia que a minha mãe era uma pessoa superficial.
- Tem razão.
O mês de março continuou. Decidi esperar até estar pronta para revirar o passado de alguém que eu amo.
Me concentrei nas provas que não estavam fáceis, principalmente com o humor destrutivo do professor Brown, mas não era nada que eu não pudesse resolver estudando, coisa que eu fiz noite inteira. Depois tive as provas da professora Blanc, professora Asch e assim por diante. Sem trabalhos ou tarefas do clube de Astronomia, porque eu saí depois de colocar as cuecas no varal.
Na primeira semana de abril, já estava exausta, tanto que sai do meu quarto nos fins de semana, passei boa parte do tempo dormindo naquela cama fina e dura. Quando me recuperei, voltei a minha rotina normal; aulas, cafeteria e a comunicação regular com a minha família, agora que o Jeremy tem um bracelete, dado por mim de presente, nosso contato ficou mais frequente.
Hoje está chovendo, o que é muito comum em Azevinho, mas eu gosto de chuva, me faz lembrar de casa. As lágrimas dos céus também trouxeram uma brisa gelada, que superou as temperaturas quentes de Nilok. Os moradores daqui não devem estar acostumados com esse tempo, afinal eu pude escutar algumas pessoas reclamando.
- Esse tempo é louco! -exclama Jessie olhando pela janela da cafeteria.
- Se você diz - digo revendo minhas anotações.
Já deve ter uma hora que estou no balcão da cafeteria, apenas olhando para o caderno e batendo o lápis na folha.
- Essas anotações parecem tão difíceis- ironiza Jessie. Eu sorrio - Tem algo te incomodando?
- Sim - respondo - eu recebi uma carta da minha prima, ela quer me ver.
- Você não gosta dela?
- Gosto sim, esse não é o problema
A Natasha provavelmente sabe algo sobre a caixa, mas eu não tenho certeza se quero perguntar isso para ela, ao mesmo tempo sei que não vou conseguir ficar no mesmo cômodo que ela sem mencionar a caixa.
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O conto de Dimirard.
FantasyAime é a primogênita de Dimirard , apesar de ter tudo sua vida se resume a se preparar para o grande dia da sua coroação quando será formalmente conhecida. Mas antes que isso aconteça Aime decide aproveitar seus últimos meses como uma garota normal...