XXI

107 8 8
                                    


Algumas conversas paralelas me fazem rir atoa, quando o álcool já domina meu corpo então, essas risadas se transformam em gargalhadas que resultam em outras conversas bobas e assim segue o ciclo.

Mesmo diante de tudo, eu estava feliz em poder rir sem peso algum, poder estar com quem sempre esteve ao meu lado e nunca, nunca desistiram de mim.

- Acham que eu deveria ter filhos? – Carol soltou do nada

- Quem vai ser o corajoso de encarnar sabendo que você vai ser a mãe? – Thaísa disse

- Eu acho que você gestando... Não... – Eu disse

- Eca, só de pensar nisso me dá nojo – Ela disse fazendo careta

- Eu falava o mesmo – Disse e olhar de risada agora se transformou em seriedade – Até começar a planejar isso com a Celes e tudo aquilo que eu pensava que não viveria se tornou um sonho... Mas sei lá, não era pra ser. Outras oportunidades podem surgir, não é?

- É claro que sim – Thaísa disse me motivando – Novas oportunidades vão vir e você vai poder desfrutar desse sonho, educar e dar amor pra uma criança...

- A verdade é que eu não sei se quero passar por isso de novo – Disparei e senti o olhar delas pesar sobre mim.

Droga, eu estraguei a noite.

- Eu acho que é cedo demais pra pensar nisso – Uma voz vindo da porta, era Celes – Acho que precisamos cuidar de outras coisas no momento – Ela caminhou até nós e franziu o cenho ao notar a garrafa de uísque quase totalmente seca – Isso era meu

- Era, senta ai, toma um pouco com a gente – Sugeri

- Não, ainda evito a bebida – Ela disse sentando à minha frente.

- Eu acho que está tarde, temos que ir – Thaísa disse quebrando o breve silêncio.

- Claro, ainda somos adultas responsáveis – Caroline respondeu.

- Adulta aqui sou eu, você eu vou deixar direto no asilo – Thaísa disse enquanto levantava e pegava sua bolsa.

- Engraçada, você é dona do circo, não é? – Carol disse irônica me fazendo rir da implicância entre elas

- E você trabalha pra mim, vamos Caroline! – Thaísa disse e Carol apenas balançou a cabeça negativamente – Até mais princesa, foi bom saber que você está bem – Deixou um beijo em minha testa.

- Obrigada por ter vindo – Fechei os olhos agradecendo e notei as duas loiras saindo e deixando um abraço em Plak.

Um silêncio permaneceu após a saída das duas, Plak evitava contato visual e semblante estava sério até demais.

- Como foi hoje? – Perguntei quebrando o silêncio

- Normal, o de sempre – Ela respondeu dando de ombros.

- Ok... O que aconteceu? – Perguntei observando sua pouca vontade de dialogar

- Nada, as coisas só aconteceram como sempre – Ela respondeu em um tom neutro, sem raiva, sem felicidade... Sem nada.

- Por que está assim?

- Priscila, eu estou bem. Só estou pensativa sobre algumas coisas e quero poder entender isso, ok?

- Não, eu quero ouvir você, estamos juntas e quero que você possa contar comigo pra contar qualquer coisa.

- Contar o quê? Que estou preocupada com o que pode vir daqui pra frente? Que eu estou morrendo de medo dessa sua frieza com tudo isso? Que eu tenho medo de entrar por aquela porta e te encontrar sem vida? – Sua voz agora embargada faz com que meu estômago se revire e me faça sentir o peso que acabei deixando sobre ela.

PétalasOnde histórias criam vida. Descubra agora