XI

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Acordei com o som insistente de meu despertador, claramente Jonny também odiou a sensação.
Ao pegar o aparelho notei algumas notificações de Rafael

"Estou aguardando você para sua primeira sessão

Seu horário é às 16:00

Por favor venha!"

Achei estranho receber aquela mensagem dele por dois motivos: Eu não tinha marcado terapia com ele e geralmente eu receberia essa mensagem da secretária dele.

"Porque está me dizendo isso?" Respondi

Não achei que fosse bombardeada por uma série de pensamentos logo pela manhã.
Ir para uma sessão de terapia significa ter contato com todas aquelas lembranças horrendas de novo, ter que reviver aquilo já que isso é uma das únicas coisas que lembro, ter que tentar lembrar do que causou tudo isso... É demais para mim, é torturante.

Respirei fundo e levantei para encarar a vida, com certeza não estava nada fácil lidar com o fato de que teria que viver isso de novo, afinal, da primeira tentativa quase tive uma crise de pânico.

"Quero que mantenhamos uma relação além de psicólogo e paciente, somos amigos Priscila :)" Rafael respondeu e eu apenas li.

Não, não somos amigos. Ele namora minha amiga e eu o tolero por isso... Pelo menos isso eu me lembro.

Depois de alimentar Jonny, desci para caminhar pelo quarteirão. Não iria longe, não iria até a ponte e não queria conversar com niguém neste dia.

Observava os olhares de algumas pessoas para mim, talvez por eu estar trajando uma roupa nada agradável para caminhadas, mas confesso estar incomodada.

Enquanto passava em frente a uma floricultura notei a atendente acenando para mim, com um sorriso largo ela fez sinal para que eu fosse até ela. Assim eu fiz.

- Eu não acreditei quando soube que você estava de volta! – Ela disse

- Me desculpa... Eu...

- Tudo bem, eu entendo... Sinto muito pelo o que aconteceu, sei que foi muita coisa pra você... Estava passando por aqui, pensou em presentear ela de novo? – Ela perguntou

- Desculpa, ela quem? – Perguntei ainda mais confusa

- Como assim "quem?" sua namorada ué! – ela respondeu sorrindo e isso me assustou completamente

- Minha o quê? – respondi assustada – Acho que você está me confundindo, só pode ser isso. Eu preciso ir – Dei alguns passos para trás me distanciando da moça

- Priscila! Porque está dizendo isso? - Estremeci ao ouvir meu nome

- Eu preciso ir – Saí do estabelecimento e fiz uma corrida diretamente para o meu prédio.

Pegando elevador, fui até o andar de Thaisa. Toquei várias vezes na campainha e tenho certeza que ela viria com o pior humor possível.

- Cara, isso aqui não é teu cu pra tá piscando assim não heim... – Comprovando meu pensamento, foi desta forma que ela abriu a porta – Priscila? – Seu tom de voz mudou assim que me viu

- Precisamos conversar uma coisa séria – Disse entrando em seu apartamento

- A última vez que você esteve aqui com isso, fomos parar no hospital às duas da manhã – ela disse fechando a porta e caminhou até a sua cozinha onde sentamos a mesa

- É sério, Thai – disse a encarando

- Eu tô falando sério também! – Disse ajeitando sua caneca de café – sobre o quê quer falar? – ela perguntou e deu um gole em seu café

PétalasOnde histórias criam vida. Descubra agora