XV

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Então era isso... Eu estava de volta ao melhor lugar do mundo, no colo de minha amada... Eu estava abraçada e ouvindo seus suspiros em meu ouvido, sempre sussurrando algo como "Eu sabia que você voltaria..."

Sentamos juntas no sofá e seu sorriso era incansável, ela não tirava seus olhos de mim e apesar da preocupação com minha cabeça que havia sangue, sua felicidade era estampada.
Embora eu estivesse confusa diante de tudo que estava acontecendo, não posso negar minha imensa felicidade.

- Como isso aconteceu? Você apenas lembrou ou?

- Eu bati a cabeça... - Disse tocando em minha cabeça e notei o sangue

- Ai meu deus, era pra você ter ido em um hospital  - Ela disse indo em direção a cozinha e trouxe um kit de primeiros socorros

- Eu tive outras prioridades... - Respondi sorrindo vendo ela preparando algumas coisas para passar em minha cabeça

- Você sabe os riscos de uma queda?

- Bom, foi isso que me fez lembrar de você...

- É sério Priscila, o que você está sentindo? - Ela disse séria parada em minha frente e em uma de suas mãos havia uma gase.

-Eu estou sentindo algo muito grave, bem aqui - Coloquei a mão em meu peito em sentido ao coração - É saudade, olha - Fiz drama

- Amor... - Ela abaixou e deixou nossos rostos frente a frente - Eu estou morrendo de saudades de você, mas estou preocupada com o seu bem - Ela deixou um beijo em meu rosto e por mais frustrante que tenha sido não receber seu beijo em meus lábios, o jeito como sua boca tocou minha bochecha foi tão delicado e dócil, que senti que valeu a pena sentir uma pancada na cabeça só para tê-la novamente.
Começou a cuidar do ferimento e depois de alguns minutos tirando o sangue que estava ali, colocou um curativo e sentou ao meu lado

- Estou liberada dos cuidados médicos? - Perguntei sorrindo

- Por enquanto, sim. Agora me conta direitinho o que aconteceu - Ela perguntou e com atenção ouviu cada detalhe do que eu disse.
Seus olhos brilhavam a cada memória que eu contava dizendo que lembrava, cada momento nosso e pude ver as faíscas da esperança se acenderem em seu olhar.

- Então eu lembro de tudo daquele dia também... Absolutamente tudo - Disse e respirei fundo encarando o chão, a única coisa que vinha a minha mente era a morte do meu pai e da minha filha...

- Eu sinto muito, meu amor... Eu queria poder ter entrado naquele carro, eu sabia que você não estava em condições de dirigir e sabia que com o seu nervosismo os riscos da gravidez...

- Não tinha como você adivinhar, as coisas aconteceram e... Só aconteceu - Disse tentando encarar Plak

- Poderia ser diferente - Ela disse se jogando no sofá

- Sim, mas não tínhamos como adivinhar - disse olhando para ela - Eu estou muito cansada, ainda meio tonta...

- Vamos pro nosso quarto, vem - Ela ficou de pé e estendeu sua mão.

"Nosso quarto" estávamos na nossa casa, que escolhemos juntas e decoramos juntas... Cada cantinho foi pensado.
Ao passar pelo corredor, haviam alguns quadros de fotos nossas.

- Você ainda deixou elas aqui... - Disse sorrindo vendo nossas fotos na viagem que fizemos até a Holanda

- Eu pensei em tirar elas ontem, mas pensei bem e achei melhor não - Ela disse me abraçando por trás enquanto olhava para nossos rostos sorridentes naquela foto .

- Me desculpa por ontem... Eu não quis dizer aquilo, eu não lembrava e....

- Ei, está tudo bem. Você não sabia e não tinha como adivinhar - Ela disse e deixou um beijo em meu rosto, o que me fez fechar os olhos

PétalasOnde histórias criam vida. Descubra agora