XVIII

120 12 4
                                    

Em uma manhã recebi a notificação de mensagens de Rafael avisando que mais uma consulta estava marcada, desta vez, eu realmente pensei em ir. Era hora de contar como de fato estava me sentindo e jamais faria isso com Plak, ela já passou tempo demais se preocupando comigo e se importando se eu estava bem ou não.

Ao chegar a clínica percebi que de alguma forma nada daquele lugar havia mudado. Apesar da iluminação estar mais forte do que eu lembro, aquele lugar estava exatamente igual.

- Priscila! - Júlia veio sorridente me encontrar e me deu um forte abraço

- Quanto tempo Ju! - Fechei os olhos ao sentir o contato de nossos corpos e com isso, ter lembranças de nossos momentos juntas no passado.

- Isso aqui não é a mesma coisa sem você... Assim, o Rafael é ótimo, um ótimo chefe mas... Você é minha favorita

Dei um sorriso vendo a expressão sincera da menina Julia e confesso, isso mexeu profundamente comigo.

- Obrigada por isso Júlia... Você também é minha favorita! - Dei um leve toque em seu braço e saí em direção a minha sala - Creio que o Rafael esteja aqui, certo? - Perguntei voltando meu olhar para Júlia

- Sim, ele está lhe aguardando

- Ótimo... - Respirei fundo antes de bater na porta oh simplesmente abrir sem qualquer aviso. Algo me dizia que lembranças viriam a tona a partir do momento em que eu entrasse naquela sala.
Lembranças essas boas e ruins, meu passado é recheado delas.

Depois de dar alguns toques na porta, girei a maçaneta e entrei na sala.
Lá estava Rafael sentado e com um sorriso no rosto me recebeu. Não pude deixar de notar as fotos dele e Thaísa sobre a mesa, as fotos de sua irmã Eduarda e fotos de seus pais.
Recordo bem que nessa mesa haviam fotos de Plak, minhas, fotos nossas juntas e até mesmo uma foto de meu pai.

- Priscila! É muito bom finalmente te ver aqui... - Ele veio até mim com um sorriso largo e poderia sentir sua empolgação há quilômetros dali.

- É... Você me chamou várias e várias vezes... Agora eu estou aqui - Disse retribuindo com um leve sorriso  e olhei em volta da sala

- Não se preocupe, essa ainda é a sua sala e sempre será, só fiz leves mudanças mas garanto que ela ainda tem traços seus por cada centímetro

- Eu sei... Eu senti desde que entrei aqui - Disse enquanto observei a foto de Rafael e Thaísa sorridentes em alguma viagem que os dois fizeram juntos.

- Então, me conta por onde você quer começar? - Ele disse me conduzindo até uma poltrona que servia para atender os pacientes. Sentou em minha frente e sabia exatamente o que ele estava fazendo: Estava analisando meu comportamento.

- Bom... Que tal começar com uma conversa entre hipoteticamente amigos e não você me usando como seu experimento onde você vai analisar e tirar qualquer conclusão que seja?

- Vejo que você está bem afiada... - Ele disse arqueando uma sobrancelha

- Eu estou apenas observando você, sei o que está fazendo e sei que sou o experimento que você quer ter no currículo... Uma paciente com perda de memória que passou meses parada no tempo e por algum motivo lembrou de tudo da forma mais aleatória possível e então, sua função é ajudá-la entender seu passado e se reconectar consigo mesma... Seria um currículo e tanto doutor Rafael.

- Por que você não se permite Priscila?- ele perguntou e deu um leve suspiro

- Porque eu estou tentando lidar com isso do meu jeito

- Sozinha? Você está rodeada de pessoas que querem o seu bem e que buscam meios de te ajudar e você simplesmente quer lidar com isso do seu jeito?

- Sim... - Respondi

PétalasOnde histórias criam vida. Descubra agora