- Moi Sovereniy, estamos sendo ameaçados de guerra. O que faremos? - perguntou um oficial grisha, com urgência na voz.As palavras ecoaram pela sala de reuniões. Kirigan, como de costume, estava inclinado a agir com força.
- Vamos responder com guerra. É o que eles querem, e é o que terão! - declarou, sua voz grave e imponente.
Suspirei, tentando controlar minha frustração.
- Kirigan, não pense com o poder. A resposta nunca deve ser a guerra.Sua expressão endureceu, mas continuei:
- Vamos posicionar tropas do Primeiro e Segundo Exército na fronteira ameaçada. Se eles atacarem, nos defenderemos. Só em último caso responderemos com força total.- Você está colocando meu exército em risco! - retrucou ele, quase gritando.
- Kirigan, pense! - respondi, tentando manter a calma. - Eles estão provocando. Se reagirmos de forma agressiva, daremos exatamente o que eles querem: um motivo para guerra aberta. Confie em mim, apenas desta vez.
O general me olhou por longos segundos antes de suspirar.
- Muito bem. Façam como ele ordenou.---
Sentia que, aos poucos, estava tomando o lugar de Kirigan. Embora não fosse minha intenção, parecia que muitos preferiam minhas estratégias às dele. Ele era impetuoso, enquanto eu buscava a paz.
Mesmo assim, não conseguia deixar de admirar sua experiência. Com mais de um século de vida, ele havia testemunhado inúmeras guerras e tragédias. Talvez fosse isso que o tornava tão inclinado à força.
Após a reunião, fui treinar com minha guarda. Era raro ter tempo livre para treinos, mas sabia o quanto era importante estar preparado.
- Benjamin, você quase não tem aparecido nos treinos - comentou Zoya, enquanto se posicionava para lutar.
- As reuniões têm consumido todo o meu tempo. Mas sempre que posso, venho.- Algo importante que queira compartilhar dessas reuniões? - perguntou Marie, juntando-se ao treino.
Parei por um momento, avaliando se deveria contar. Então decidi ser honesto:
- Fjerda e Shu Han se uniram. Estão ameaçando toda Ravka.Houve um murmúrio de choque entre elas.
- E o que faremos? - Genya foi a primeira a perguntar.
- Colocaremos as tropas em posição defensiva, mas, se necessário, atacaremos com tudo.
- Você liderará o ataque? - Zoya perguntou, curiosa.
- Parece que sim. Ainda é estranho pensar nisso - confessei.
Ela deu um pequeno sorriso.
- Para alguém que eu não suportava no início, você está se saindo bem.Ri baixinho, lembrando-me de nossas interações no começo.
- Não guarde ressentimentos, Zoya. Eu não guardei.---
Poucos dias depois, fui chamado ao salão do trono. O Rei tinha algo importante a dizer.
- Moi Tzar, por que fui chamado? - perguntei, fazendo uma reverência.
- Títulos, Benjamin - respondeu ele, direto. - O general Kirigan abdicou de seu cargo e recomendou que você o substituísse.
Fiquei atordoado.
- Por quê? Ele tem mais experiência, mais capacidade...O Rei ergueu a mão, me interrompendo.
- Apenas aceite, garoto. Você é mais do que capaz.Assenti, ainda tentando processar o que acabara de ouvir.
- Vista-se adequadamente para a cerimônia. Hoje será um dia de festa - concluiu o Rei, dispensando-me.
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O dia passou rápido, e logo me vi sendo guiado por minha guarda até o salão principal. O local estava lotado, cheio de rostos curiosos e ansiosos.
- Preparado? - perguntou Genya ao meu lado.
- Sim - respondi, embora não tivesse certeza.As portas se abriram, e senti os olhares de todos recaírem sobre mim. Meu coração acelerou, mas mantive a postura firme enquanto caminhava em direção ao Rei e à Rainha.
- Moi Tzar, Moi Tzareia - cumprimentei, fazendo uma reverência.
- Conjurador, venha aqui - ordenou o Rei, com um sorriso.
Subi os degraus até onde ele estava.
- Antes de formalizar sua posição como general do Segundo Exército, quero que faça sua primeira ordem.
Olhei ao redor, ponderando por um momento.
- Desejo nomear líderes para cada grupo de grishas, responsáveis por suas respectivas ordens.O Rei sorriu, satisfeito.
- Excelente. Anuncie-os.Respirei fundo e comecei:
- Genya Safin será a líder da Ordem dos Mortos Vivos, responsável pelos sangradores.
- Nina Zenik será responsável pelos curandeiros.
- Zoya Nazyalensky liderará os aeros.
- Marie será responsável pelos hidros.
- Nadia liderará os infernais.
- David, da ordem dos materialki, será responsável pelos durastes e alquimistas.Quando terminei, o salão explodiu em murmúrios e aplausos. Minha primeira ordem como general havia sido bem recebida.
Após a cerimônia, minhas companheiras vieram me parabenizar.
- Você foi brilhante - disse Genya, com um sorriso.
- Obrigado. E agora, temos um longo caminho pela frente - respondi, olhando para o horizonte.
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Porém, nem tudo estava resolvido. Naquela noite, enquanto tentava dormir, me vi perdido em pensamentos.
"Por que Kirigan abdicou tão facilmente?", perguntei a mim mesmo. Algo não fazia sentido. Ele era poderoso, astuto. Não era do tipo que desistia de algo tão importante.
Genya apareceu no dia seguinte com notícias inesperadas.
- Você não sabe? - perguntou ela, incrédula.
- Saber o quê? - retruquei.
- Kirigan foi embora. Assim que entregou o cargo, disse que não tinha mais nada para fazer aqui.Fiquei em silêncio, tentando processar a informação. Algo estava errado. Ele não era do tipo que simplesmente desaparecia.
"Ele está planejando algo", pensei. "Tenho certeza disso."
Mas o que quer que fosse, eu estaria preparado.
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Eᥴᥣιρ᥉ᥱ • Grι᥉hᥲ᥎ᥱr᥉ᥱ
FantasyEm um mundo dividido entre luz e escuridão, Benjamin, um jovem órfão de aparência frágil, descobre que possui um poder raro: a habilidade de conjurar luz. Em meio a desconfianças e temores, ele é levado ao Pequeno Palácio, onde passa a ser treinado...