Grishaverse - capítulo 5.

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- Moi Sovereniy, estamos sendo ameaçados de guerra. O que faremos? - perguntou um oficial grisha, com urgência na voz.

As palavras ecoaram pela sala de reuniões. Kirigan, como de costume, estava inclinado a agir com força.

- Vamos responder com guerra. É o que eles querem, e é o que terão! - declarou, sua voz grave e imponente.

Suspirei, tentando controlar minha frustração.
- Kirigan, não pense com o poder. A resposta nunca deve ser a guerra.

Sua expressão endureceu, mas continuei:
- Vamos posicionar tropas do Primeiro e Segundo Exército na fronteira ameaçada. Se eles atacarem, nos defenderemos. Só em último caso responderemos com força total.

- Você está colocando meu exército em risco! - retrucou ele, quase gritando.

- Kirigan, pense! - respondi, tentando manter a calma. - Eles estão provocando. Se reagirmos de forma agressiva, daremos exatamente o que eles querem: um motivo para guerra aberta. Confie em mim, apenas desta vez.

O general me olhou por longos segundos antes de suspirar.
- Muito bem. Façam como ele ordenou.

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Sentia que, aos poucos, estava tomando o lugar de Kirigan. Embora não fosse minha intenção, parecia que muitos preferiam minhas estratégias às dele. Ele era impetuoso, enquanto eu buscava a paz.

Mesmo assim, não conseguia deixar de admirar sua experiência. Com mais de um século de vida, ele havia testemunhado inúmeras guerras e tragédias. Talvez fosse isso que o tornava tão inclinado à força.

Após a reunião, fui treinar com minha guarda. Era raro ter tempo livre para treinos, mas sabia o quanto era importante estar preparado.

- Benjamin, você quase não tem aparecido nos treinos - comentou Zoya, enquanto se posicionava para lutar.
- As reuniões têm consumido todo o meu tempo. Mas sempre que posso, venho.

- Algo importante que queira compartilhar dessas reuniões? - perguntou Marie, juntando-se ao treino.

Parei por um momento, avaliando se deveria contar. Então decidi ser honesto:
- Fjerda e Shu Han se uniram. Estão ameaçando toda Ravka.

Houve um murmúrio de choque entre elas.

- E o que faremos? - Genya foi a primeira a perguntar.

- Colocaremos as tropas em posição defensiva, mas, se necessário, atacaremos com tudo.

- Você liderará o ataque? - Zoya perguntou, curiosa.

- Parece que sim. Ainda é estranho pensar nisso - confessei.

Ela deu um pequeno sorriso.
- Para alguém que eu não suportava no início, você está se saindo bem.

Ri baixinho, lembrando-me de nossas interações no começo.
- Não guarde ressentimentos, Zoya. Eu não guardei.

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Poucos dias depois, fui chamado ao salão do trono. O Rei tinha algo importante a dizer.

- Moi Tzar, por que fui chamado? - perguntei, fazendo uma reverência.

- Títulos, Benjamin - respondeu ele, direto. - O general Kirigan abdicou de seu cargo e recomendou que você o substituísse.

Fiquei atordoado.
- Por quê? Ele tem mais experiência, mais capacidade...

O Rei ergueu a mão, me interrompendo.
- Apenas aceite, garoto. Você é mais do que capaz.

Assenti, ainda tentando processar o que acabara de ouvir.

- Vista-se adequadamente para a cerimônia. Hoje será um dia de festa - concluiu o Rei, dispensando-me.

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O dia passou rápido, e logo me vi sendo guiado por minha guarda até o salão principal. O local estava lotado, cheio de rostos curiosos e ansiosos.

- Preparado? - perguntou Genya ao meu lado.
- Sim - respondi, embora não tivesse certeza.

As portas se abriram, e senti os olhares de todos recaírem sobre mim. Meu coração acelerou, mas mantive a postura firme enquanto caminhava em direção ao Rei e à Rainha.

- Moi Tzar, Moi Tzareia - cumprimentei, fazendo uma reverência.

- Conjurador, venha aqui - ordenou o Rei, com um sorriso.

Subi os degraus até onde ele estava.

- Antes de formalizar sua posição como general do Segundo Exército, quero que faça sua primeira ordem.

Olhei ao redor, ponderando por um momento.
- Desejo nomear líderes para cada grupo de grishas, responsáveis por suas respectivas ordens.

O Rei sorriu, satisfeito.
- Excelente. Anuncie-os.

Respirei fundo e comecei:

- Genya Safin será a líder da Ordem dos Mortos Vivos, responsável pelos sangradores.
- Nina Zenik será responsável pelos curandeiros.
- Zoya Nazyalensky liderará os aeros.
- Marie será responsável pelos hidros.
- Nadia liderará os infernais.
- David, da ordem dos materialki, será responsável pelos durastes e alquimistas.

Quando terminei, o salão explodiu em murmúrios e aplausos. Minha primeira ordem como general havia sido bem recebida.

Após a cerimônia, minhas companheiras vieram me parabenizar.

- Você foi brilhante - disse Genya, com um sorriso.

- Obrigado. E agora, temos um longo caminho pela frente - respondi, olhando para o horizonte.

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Porém, nem tudo estava resolvido. Naquela noite, enquanto tentava dormir, me vi perdido em pensamentos.

"Por que Kirigan abdicou tão facilmente?", perguntei a mim mesmo. Algo não fazia sentido. Ele era poderoso, astuto. Não era do tipo que desistia de algo tão importante.

Genya apareceu no dia seguinte com notícias inesperadas.

- Você não sabe? - perguntou ela, incrédula.
- Saber o quê? - retruquei.
- Kirigan foi embora. Assim que entregou o cargo, disse que não tinha mais nada para fazer aqui.

Fiquei em silêncio, tentando processar a informação. Algo estava errado. Ele não era do tipo que simplesmente desaparecia.

"Ele está planejando algo", pensei. "Tenho certeza disso."

Mas o que quer que fosse, eu estaria preparado.

Eᥴᥣιρ᥉ᥱ • Grι᥉hᥲ᥎ᥱr᥉ᥱOnde histórias criam vida. Descubra agora