Grishaverse - capítulo 4.

1 0 0
                                    


- Me desculpem por acordá-los a essa hora, mas não encontrei outro momento para informar que iniciamos oficialmente a busca pelos amplificadores de Morozova - declarei, olhando para minha guarda reunida.

O cansaço era evidente nos rostos de todos, mas a tensão no ar não permitia qualquer protesto.

- E por que não avisar ao amanhecer? - retrucou Zoya, com seu tom sempre impaciente.
- Porque há um plano - respondi calmamente.

Ela arqueou uma sobrancelha, esperando que eu continuasse.

- São cinco pessoas para três amplificadores.
- Você quer conectar cinco pessoas a três amplificadores? - exclamaram todas ao mesmo tempo.

Assenti com a cabeça.

- Sim, basicamente isso.

- Isso é loucura - Genya foi a primeira a se pronunciar, com preocupação evidente.
- É impossível! - Nadia acrescentou.

Respirei fundo antes de responder:
- Nada é impossível, apenas nunca foi feito. Mas esse plano só será possível se todas concordarem.

Surpreendentemente, Zoya foi a primeira a se manifestar:
- Eu concordo.

Genya hesitou por um momento, mas assentiu.
- Assim como já concordei quando me falou pela primeira vez, confirmo agora.

- Eu também - disse Nadia.

- Eu também - completou Marie, firme.

Um alívio percorreu meu corpo. Era um plano ousado, mas ter a confiança delas fazia toda a diferença.

- Isso será mais importante do que imaginam. Talvez agora não entendam, mas, no futuro, perceberão o impacto disso. A partir de hoje, vocês estarão em todas as reuniões do Segundo Exército - concluí, confiante.

---

Os dias que se seguiram foram marcados por expectativa e frustração. Mensagens sobre a possível localização dos amplificadores chegavam com frequência, mas nunca traziam resultados concretos. Já se passavam semanas, e continuávamos sem respostas definitivas.

Minhas aulas com Baghra e Botkin avançavam lentamente. Já não apanhava tanto, mas também não conseguia impor golpes efetivos. Botkin insistia que o treino era necessário, mesmo que parecesse inútil. Já com Baghra, as coisas eram mais práticas; ela começou a me ensinar a manusear uma lâmina.

- Não subestime a utilidade de uma lâmina, mesmo para alguém como você - dizia ela.

Enquanto isso, meu tempo livre era consumido pela biblioteca do Pequeno Palácio. Passava horas lendo sobre os amplificadores de Morozova, tentando entender sua natureza e seus limites. Todos os textos afirmavam que cada amplificador deveria ser usado por uma única pessoa, mas não conseguia aceitar essa regra.

- Você está confiante nisso? - perguntou Zoya, interrompendo minha leitura.

- Mais do que confiante. Nós cinco estamos prestes a realizar algo impensável.

- Sim, mas... - ela hesitou.
- Apenas confie, Zoya. Nós seremos invejados por muitos. Lideraremos o Segundo Exército juntos.

Ela suspirou, vencida.
- Você é ambicioso. Tome cuidado com isso.

---

Em uma das reuniões estratégicas, Kirigan anunciou uma notícia alarmante: grishas estavam desaparecendo em várias regiões.

- O que faremos? - perguntou um sangrador, preocupado.

Kirigan olhou para mim, esperando minha opinião.
- Sank't, qual é sua sugestão?

Suspirei, cansado dessa dependência repentina.
- Perguntem ao general. Ele lidera o Segundo Exército.

Kirigan sorriu, mas insistiu:
- O que você faria, Benjamin?

- Primeiramente, evitarmos respostas impulsivas. Caçar e matar por vingança pode colocar Ravka em guerra. Precisamos de uma abordagem estratégica.

Kirigan permaneceu em silêncio por um momento antes de concordar.

Logo após essa reunião, uma mensagem chegou: o cervo de Morozova havia sido localizado. Era o primeiro amplificador. Minha guarda e eu partimos imediatamente, acompanhados por um rastreador.

A caminhada pela floresta foi longa e exaustiva.

- Falta muito? - perguntei, impaciente.
- Estamos perto - respondeu o rastreador.

Finalmente, chegamos a uma clareira onde o cervo estava preso.

- Aqui está, o cervo de Morozova - anunciou o rastreador.

O animal era majestoso, sua galhada brilhava com um tom prateado que parecia mágico.

- Tome - o rastreador me entregou uma arma. - Você precisa matá-lo para obter o controle.

Olhei para a arma em silêncio antes de devolvê-la.
- Não vou precisar.

Aproximei-me do cervo, colocando a mão em seu focinho.
- Sinto muito... - sussurrei.

Com um movimento suave, evoquei meu poder. Uma lâmina de luz formou-se em minhas mãos. Sem hesitar, deceptei o cervo. O som de um trovão ecoou pela floresta enquanto a lâmina desaparecia.

- Você conseguiu - disse o rastreador, impressionado.

- Pegue a galhada. A conexão será feita na frente do Rei, diante de todos - ordenei.

---

Na sala do trono, com o Rei e dezenas de grishas reunidos, o momento decisivo chegou.

- Moi Tzar - fiz uma reverência. - Trago uma inovação. Hoje, conectaremos cinco pessoas a um único amplificador.

O Rei assentiu, dando permissão. Minhas companheiras entraram na sala, usando seus keftas orgulhosamente. David, o duraste responsável pelo ritual, começou a trabalhar.

Primeiro, ele colocou colares feitos da galhada do cervo em cada uma de nós. Em seguida, pulseiras. Quando o processo terminou, senti meu poder dobrar. Olhei para minhas companheiras e percebi que elas sentiam o mesmo.

Por um momento, o salão ficou em silêncio, até que todas dissemos juntas:
- Estamos vivos!

O Rei se levantou, aplaudindo.
- Vocês acabaram de fazer o impensável.

Fiz uma reverência antes de sair com minhas companheiras. Lá fora, Genya me abraçou.
- Conseguimos, Benjamin. Fizemos história.

- Fizemos história - concordei, olhando para o céu.

Ainda tínhamos mais dois amplificadores para encontrar, mas, naquele momento, sabíamos que éramos capazes de qualquer coisa.

Eᥴᥣιρ᥉ᥱ • Grι᥉hᥲ᥎ᥱr᥉ᥱOnde histórias criam vida. Descubra agora