CAPÍTULO 12/2

2 1 0
                                    

Blenda
.....

Acordei com aquela sensação esquisita, sabe? Como se alguma coisa tivesse errado. Olhei pro lado e a cama tava vazia. Renan não tava ali. Até aí, beleza, ele podia ter ido buscar café ou dar uma volta. Mas quando vi que a mala dele também tinha sumido, meu coração gelou.

Blenda— Não, ele não faria isso comigo... — Murmurei, já levantando apressada.

Revirei o quarto inteiro, mas não tinha nem sinal dele. Nem um bilhete, nem uma mensagem. Nada.

"Ok, calma, Blenda. Não surta ainda",

pensei. Peguei meu celular e mandei umas cinco mensagens

"Renan, onde você tá?"
"Cadê você?!"
"Não tô achando suas coisas."
"Me responde, por favor."
"Renan, pelo amor de Deus!"

Mas só dava aquele maldito "uma setinha" indicando que ele nem tinha recebido. Aí o coração apertou de vez.

"Tá, ele não sumiria sem me falar nada. Alguma coisa aconteceu."

Sem pensar muito, saí do quarto e fui direto pro da Bela e do Isaac. Se alguém soubesse de alguma coisa, seriam eles. Quando bati na porta, ninguém atendeu. Então tentei a maçaneta, e, pra minha sorte (ou azar), tava destrancada.

Blenda— Bela? Tá aqui? — Perguntei, entrando.

Foi aí que vi ela no chão, sentada perto da cama, segurando um papel na mão. O rosto dela tava pálido, e dava pra ver que tinha chorado. A carta tremia nos dedos dela.

Blenda— Bela? O que aconteceu? — Me abaixei perto dela, já sentindo o nó na garganta.

Ela só levantou o papel e me entregou sem dizer nada. Peguei e comecei a ler. Era uma carta do Isaac, explicando que ele precisou sair às pressas por causa de uma emergência no Brasil. E então caiu a ficha: Renan também tinha ido com ele.

Minha cabeça começou a rodar.

Blenda— Eles voltaram? Pro Brasil? E não falaram nada? — Minhas palavras saíram rápidas, como se eu estivesse tentando convencer a mim mesma de que aquilo não fazia sentido.

Bela finalmente levantou o olhar pra mim, os olhos ainda brilhando de lágrimas.

Bela— O Isaac... ele disse que era urgente. Uma emergência na máfia. Ele não quis me acordar. Deixou essa carta e... foi embora.

Meu peito se apertou de um jeito que eu não sabia explicar. Olhei pra Bela e, pela primeira vez, vi ela vulnerável de verdade.

Blenda— E o Renan? Ele foi junto? — Perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

Ela só assentiu, suspirando fundo.

Bela— Foi. Ele nunca ia deixar o Isaac ir sozinho.

Me joguei no chão ao lado dela, sentindo uma mistura de raiva, preocupação e aquele vazio que dá quando você percebe que alguém tomou uma decisão por você.

Blenda— Esses dois... eles não entendem, né? Não entendem o que é ser deixada pra trás desse jeito.

Bela só balançou a cabeça. Ficamos em silêncio por alguns minutos, absorvendo aquilo. Eu sabia que tinha sido algo sério, porque, do contrário, Renan nunca teria me deixado. Mas isso não fazia doer menos.

Depois de um tempo, Bela respirou fundo e se levantou, tentando se recompor.

Bela— Eles vão resolver isso e voltar. Eles sempre voltam, Blenda.

Blenda— É, mas até lá, a gente vai sofrer, né? — Respondi, tentando sorrir, mas a verdade é que eu também tava quebrada por dentro.

A gente saiu do quarto juntas, sem saber exatamente o que fazer. Mas, pelo menos, sabíamos que tínhamos uma à outra pra passar por isso.
...

2 dias depois

Depois de uns dois dias remoendo tudo, eu e Bela decidimos que não dava mais pra esperar. Esses dois acham que a gente vai ficar sentada, só choramingando enquanto eles se metem no meio do caos? Não mesmo.

Arrumamos nossas malas, pegamos as crianças — porque, né, não ia deixar elas pra trás — e embarcamos no jatinho direto pro Brasil. O Alex e a Beca vieram com a gente, claro. Alex até tentou bancar o engraçadinho, dizendo que ia "segurar as pontas", mas a Beca tava com a mesma cara de julgamento da irmã, então ele ficou na dele rapidinho.

Chegamos no Brasil já de noite. Fomos direto pra casa da Bela e do Isaac, mas, pra nossa surpresa, tava tudo vazio. Sem segurança, sem movimentação, sem nenhum sinal deles. Foi quando a Bela deu aquele suspiro cansado e soltou

Bela— Se eles não tão aqui, só pode ser na mansão Herrera.

Blenda— Ótimo. É pra lá que a gente vai. — Falei, já jogando as malas no canto da sala. Nem me dei ao trabalho de desfazer nada. Se eu ia ter que dar um sermão no Renan, melhor fazer isso de cara limpa.

...

Chegamos na mansão Herrera em menos de 30 minutos. Eu tava bufando de raiva, e dava pra ver que a Bela também tava no limite, só que, como sempre, ela tava controlando bem mais que eu.

Assim que entramos, vimos Isaac e Renan no saguão principal. Eles tavam prontos pra sair, vestidos como se fossem pra uma missão ou algo assim. Quando Renan me viu, o olhar dele foi de surpresa pra pura derrota em dois segundos. Ele sabia que a bronca vinha.

Blenda— Renan, você tá achando que eu sou o quê? Hein? UMA IDIOTA?! — Falei já andando na direção dele. Ele só abaixou a cabeça, sem falar nada, o que me deixou ainda mais irritada. — Você me deixa sozinha num hotel, com uma carta ridícula, enquanto vem pro Brasil brincar de mafioso? Tá maluco?!

Renan respirou fundo, mas continuou calado, só ouvindo. Eu podia ver no rosto dele que ele sabia que tinha pisado feio na bola, e isso me dava uma pontinha de satisfação no meio da raiva.

Enquanto eu descarregava tudo no Renan, olhei de canto de olho pra Bela. Ela tava parada, de braços cruzados, olhando pro Isaac com aquela cara de julgamento que só ela sabe fazer. Era quase cômico ver o Isaac desconcertado, desviando o olhar como um moleque que foi pego fazendo besteira.

Bela não precisou dizer uma palavra, mas eu sabia que, naquele silêncio, ela tava ganhando. O Isaac, que sempre teve resposta pra tudo, tava completamente perdido.

Depois de mais uns minutos de sermão, Renan finalmente levantou a cabeça e falou

Renan— Você tá certa, Blenda. Eu não devia ter saído assim. Foi egoísmo meu.

Blenda— Foi mesmo! — Respondi na lata, mas logo depois suspirei. — Só quero que você entenda que não é assim que funciona. Se a gente tá junto, a gente resolve as coisas juntos.

Renan assentiu, me puxando pra perto num abraço que eu quase recusei. Quase.

Enquanto isso, Isaac finalmente tomou coragem de falar com a Bela

Isaac— Amor, eu só queria resolver tudo antes que algo pior acontecesse.

Ela levantou a sobrancelha e respondeu, calma, mas firme

Bela— Da próxima vez, tenta lembrar que você não tá mais sozinho nesse jogo, Isaac.

E aí, pronto. Acabou com ele. Não precisei nem olhar pra saber que o Isaac tava derrotado.

No fim, todos voltamos pra sala principal, tentando entender o que fazer dali pra frente. Mas uma coisa era certa: agora ninguém mais ia nos deixar de fora. Se eles iam pra guerra, a gente ia junto.

O Casamento Da Redenção Onde histórias criam vida. Descubra agora