CAPÍTULO 10/2

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Isaac

Acabou a paz do Havaí

Acordei no susto com o celular vibrando na mesa de cabeceira. O quarto tava escuro, e a Bela dormia profundamente do meu lado, respirando tranquila. Olhei pra tela: era o HG. Ele nunca ligava se não fosse urgente. Olhei o relógio: 3 da manhã. Peguei o telefone rápido e fui pra varanda pra não acordar a Bela.

Isaac— Fala, HG. Que foi? — minha voz saiu baixa, mas firme.

Do outro lado, a notícia veio como um soco.

HG— Isaac, atacaram o galpão principal. Tá tudo um caos aqui. Levaram mercadoria, teve troca de tiros. Alguns dos nossos estão feridos, e a gente precisa de você agora.

Minha cabeça começou a girar. Eu sabia que essa viagem ia ter um preço, mas não imaginei que ia ser tão alto. Aquele galpão era um dos pilares do negócio. Não dava pra esperar.

Isaac— Tô a caminho. Segura as pontas até eu chegar. — Desliguei sem pensar duas vezes.

Voltei pro quarto com o coração disparado. Olhei pra Bela dormindo e senti um aperto no peito. Ela tava finalmente feliz, tranquila, depois de tudo o que a gente tinha passado. Mas eu não podia arrastá-la pra esse caos. Não agora, não grávida.

Comecei a jogar minhas coisas na mala, tentando fazer o menor barulho possível. Assim que terminei, sentei na mesa do quarto e peguei papel e caneta.

Carta para Bela:
"Bela, meu amor,
Sei que vai ficar brava quando ler isso, mas eu precisava sair sem acordar você. Aconteceu uma emergência no Brasil, algo sério, e eu não podia esperar. Não quero que você se preocupe, vou resolver tudo e voltar pra você o mais rápido que eu puder.
Você é a coisa mais importante na minha vida agora, e eu preciso que você fique bem. Prometo que vou te mandar notícias assim que puder. Cuida de você e do nosso bebê, tá?
Eu te amo mais do que qualquer coisa.
Com amor,
Isaac."

Deixei a carta ao lado dela, no travesseiro, junto com a aliança que sempre carrego, pra ela saber que eu voltaria.

Quando saí do quarto, encontrei o Renan já pronto, parado no corredor com a mala na mão. Ele não precisou dizer nada, só acenou com a cabeça. Nós dois sabíamos como essas coisas funcionavam.

Descemos em silêncio, pegamos o carro e fomos direto pro jatinho. Eu olhei uma última vez pro hotel antes de entrar. Meu coração tava pesado, mas minha mente já tava focada no que vinha pela frente.

Isaac— Bora resolver isso, Renan. — Foi tudo o que eu disse antes de o avião decolar.

A tranquilidade do Havaí ficou pra trás, mas eu sabia que tinha algo ainda mais importante esperando por mim quando tudo isso acabasse: minha família. E, por eles, eu faria qualquer coisa.

O jatinho cortava o céu escuro com uma pressa quase palpável. Nem Renan, nem eu falamos muito durante o voo. Ele sabia que eu tava com a cabeça a mil, tentando juntar as peças do que tinha acontecido e me preparar pro que íamos encontrar no Brasil.

A visão da Bela me encarando ao acordar sem mim, com aquela carta na mão, não saía da minha mente. A culpa e o dever se misturavam, e eu só conseguia pensar em duas coisas: resolver o problema no galpão e voltar pra ela o mais rápido possível.

Renan quebrou o silêncio, talvez pra me tirar da espiral de pensamentos.

Renan— Você acha que foi quem? Aquela gente que a gente afastou no ano passado? Ou tem dedo de alguém de dentro?

Eu suspirei, ainda encarando a janela, vendo as nuvens se desfazerem conforme a gente avançava.

Isaac— Pode ser qualquer um, Renan. Depois de tanto tempo no topo, todo mundo quer ver a gente cair. E se foi alguém de dentro, essa pessoa já tá morta e só não sabe ainda.

Renan assentiu, mas dava pra ver que ele também tava remoendo tudo. Ele sempre foi leal, e, como meu braço direito, ele sentia tanto peso nas costas quanto eu.

O tempo no ar parecia se arrastar. Eu revisei mentalmente as medidas que tínhamos tomado antes de viajar, tentando encontrar o que poderia ter dado errado. O HG era competente, então, pra ele me ligar de madrugada, o estrago devia ter sido grande.

Finalmente, o piloto avisou que estávamos começando a descida pro aeroporto privado. A cidade abaixo parecia um contraste gritante com a tranquilidade do Havaí. O caos que eu havia deixado pra trás tava me esperando, e eu sabia que não podia errar agora.

Assim que pousamos, dois dos nossos homens estavam nos esperando com carros blindados. Renan e eu não perdemos tempo. Jogamos as malas no porta-malas e entramos no carro da frente.

Isaac— Qual a situação agora? — Perguntei ao motorista enquanto ele acelerava pelas ruas quase desertas da madrugada.

Jk— HG tá mantendo o controle, mas o ataque foi pesado. Perderam dois caminhões, e o galpão tá com mais buraco que queijo suíço. Os caras sabiam o que tavam fazendo. Foi coisa planejada.

Isso só confirmou o que eu temia. Era alguém que conhecia nossas operações, sabia nossos horários e os pontos fracos. Minha mente começou a rodar nos nomes de possíveis traidores ou inimigos com informações internas.

Isaac— Direto pro galpão. Quero ver o estrago com meus próprios olhos. — Ordenei, enquanto apertava o punho, tentando controlar a raiva que crescia.

Renan tava ao meu lado, calado, mas o olhar dele era igual ao meu. Ele sabia que as próximas horas seriam intensas.

Quando finalmente chegamos ao galpão, o cenário era exatamente o que eu esperava: fumaça, marcas de bala por todos os lados, os restos de mercadoria espalhados pelo chão. HG veio ao nosso encontro, com o rosto sério e cansado.

HG— Foi feio, chefe. Eles vieram com tudo, armamento pesado. Mas conseguimos segurar o suficiente pra eles recuarem. — Ele explicou enquanto me acompanhava pelo galpão, mostrando os danos.

Eu olhei em volta, sentindo o peso do que tinha acontecido.

Isaac— Quero saber quem foi. Agora. — Disse, minha voz mais fria do que nunca. — E quero garantir que eles entendam que mexeram com a família errada.

HG assentiu, já ciente de que eu não ia descansar até que cada responsável fosse encontrado e eliminado.

Olhei pra Renan, que já tava no telefone organizando nossas forças pra dar o troco. Eu sabia que isso não ia ser resolvido em um dia, mas uma coisa era certa: ninguém atacava minha família e saía impune.

Enquanto o caos ao meu redor se desenrolava, uma única promessa ecoava na minha mente: resolver isso rápido e voltar pra Bela. Ela precisava de mim, e eu não ia deixar nada me impedir de voltar pra ela e pro nosso filho.

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