CAPITULO 50

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Bela

Acordei novamente e está mais escuro. E  com as pernas trêmulas e o corpo ainda lutando contra a dor, consegui sair do carro, sentindo o asfalto frio sob os pés. O medo e a angústia ainda me consumiam, mas havia algo dentro de mim, uma urgência, que me fazia continuar. Cada respiração se arrastava, e a sensação de que o tempo estava se esgotando me pressionava.

Com a visão turva, olhei em volta, desesperada por qualquer sinal de ajuda. O silêncio ao meu redor era ensurdecedor, e eu sabia que não podia esperar mais. Meu celular. Eu precisava dele. Mas onde ele estava?

Foi quando o vi, ao longe, no meio da rua, brilhando fraco sob a luz da lanterna quebrada. O celular havia sido lançado para fora do carro durante o impacto, a tela toda estilhaçada. Meu estômago deu um nó. A ideia de que ele estava inutilizado quase me fez desistir, mas eu não tinha escolha. A dor e o medo me impulsionaram a me arrastar até ele, minha mão trêmula tentando pegar o aparelho.

Com dificuldade, peguei o celular e, embora a tela estivesse quase irreconhecível, consegui ver que ele ainda tinha algum sinal. Minha esperança aumentou, mesmo sabendo que não seria fácil. As mãos suavam e tremiam enquanto eu tentava, com o pouco de energia que me restava, discar para os serviços de emergência.

Com um suspiro de alívio, ouvi o som do telefone tocando do outro lado. O peso do celular na minha mão parecia uma âncora, me ancorando de volta à realidade, me lembrando de que havia ainda uma chance. O telefone tocou mais uma vez, e então alguém atendeu.

190— Emergência, o que está acontecendo? — a voz do atendente foi clara, mas havia um tom urgente. Eu quase não conseguia falar de tanto medo, mas forcei.

Bela— Eu… eu sofri um acidente… — minha voz saiu baixa, tremida, quase inaudível. Mas eu continuei, sabendo que precisava ser ouvida. — O outro carro… está… o motorista está morto. Eu preciso de ajuda, por favor. Eu estou machucada!

O silêncio do outro lado foi interrompido por uma sequência de perguntas rápidas, que eu mal conseguia processar, mas que, de alguma forma, me mantiveram focada. O atendente me orientou a ficar no lugar, garantir que não me movesse muito para evitar mais danos e que as equipes de resgate já estavam a caminho.

Conforme ele falava, eu sentia o peso da situação. O homem do carro preto estava ali, morto com o rosto desfigurado e irreconhecível. E eu estava sozinha, machucada, esperando por uma ajuda que parecia nunca chegar. As sirenes podiam ser ouvidas ao longe, mas ainda estavam tão distantes. Não sabia o que fazer enquanto esperava, mas só de ouvir a voz do atendente, mesmo que distante, me deu um fio de esperança.

Eu me deitei ali, no asfalto, enquanto tentava manter a respiração sob controle. Minha mente, de alguma forma, tentava processar tudo o que acontecera, mas as peças ainda não se encaixavam. Como ele me seguiu até aqui? O que ele queria? E por que ninguém havia chegado antes para me socorrer?

A dor no meu corpo era quase insuportável, mas eu sabia que não podia desistir. Eu só tinha que esperar.

A dor em meu corpo aumentava a cada segundo, e a sensação de desamparo parecia me engolir. Minhas mãos tremiam, e a visão estava embaçada, os sons ao meu redor se tornando cada vez mais distantes. O peso do cansaço, somado ao medo e à dor, começou a me derrubar, e, sem forças, fui cedendo ao sono profundo. Mas não era um sono tranquilo; era um desmaio, um apagão total, onde tudo ao meu redor desapareceu.

Quando acordei, o mundo estava diferente. Eu não estava mais no meio da rua, cercada por carros destruídos e pela escuridão da noite. O ambiente estava tranquilo, suave. Uma luz suave, vinda de uma janela próxima, iluminava o quarto ao meu redor. Minha cabeça ainda estava pesada, mas a dor não era mais tão intensa. Eu estava deitada, confortável, mas algo parecia estranho.

Olhei para o lado e vi Isaac, deitado ao meu lado na cama, adormecido. O rosto dele estava tranquilo, os fios de cabelo bagunçados e a respiração lenta e suave. Uma sensação de alívio invadiu meu peito, mas logo me vi tomando consciência de tudo o que havia acontecido.

Lembrei do acidente, da perseguição, do medo que me tomou. Como eu cheguei aqui? tentei lembrar, mas a mente estava em um turbilhão. Olhei para minhas mãos, e vi que estavam bandajadas, algumas áreas de minha pele estavam machucadas, e percebi que havia curativos por toda parte. A princípio, me senti confusa, mas, quando olhei para Isaac, uma onda de gratidão tomou conta de mim. Ele estava aqui. Ele tinha voltado bem e em segurança

Tentando não fazer barulho, respirei fundo e me sentei devagar, os olhos fixos nele, tentando entender o que havia acontecido entre o acidente e agora. Minha cabeça ainda estava girando um pouco, mas logo percebi que estava em segurança. Não estava mais sozinha. A angústia de minutos atrás foi suavizada por sua presença ali ao meu lado.

Foi então que ele mexeu, como se sentindo minha presença. Seus olhos, ainda pesados de sono, se abriram lentamente, e ele me viu, com um sorriso cansado, mas aliviado.

Isaac— Bela... você está acordada. — Sua voz estava baixa e rouca, e ele se mexeu para se sentar. Logo me ajudou, seus braços fortes me envolvendo com cuidado, como se temesse me machucar mais.

Bela— O que aconteceu? — eu perguntei, ainda sentindo a garganta seca e a voz falhando. Minha cabeça doía, e tudo parecia um pouco distante.

Isaac me olhou com uma expressão de preocupação misturada com alívio. Ele passou a mão pelos cabelos, com um suspiro profundo.

Isaac— Você desmaiou depois do acidente. Eu cheguei um pouco depois que a ambulância, e o médico disse que você tinha perdido muito sangue. Estava com muitos machucados— ele parou, como se as palavras tivessem ficado presas na garganta. Eu podia ver o cansaço e a preocupação em seu rosto. —

A verdade começou a se formar em minha mente. Eu estava no hospital estava segura, mas ainda não completamente fora de perigo. Tudo parecia um borrão, e eu não tinha certeza de nada sobre o que havia acontecido com o outro carro, o motorista, ou o que ele queria de mim. Mas, de alguma forma, estar ali, com Isaac ao meu lado, me trouxe um conforto que eu não sabia que precisava.

Bela— Eu achei que... você estivesse sozinha... — minha voz estava trêmula, mas eu precisava entender. — O carro... o cara... tudo aconteceu tão rápido.

Isaac apertou minha mão com mais força, como se estivesse tentando me ancorar. Ele me olhou com um olhar sério, mas cheio de cuidado.

Isaac— Você não está sozinha, Bela. Eu estou aqui. E não vai ser fácil, mas vamos passar por isso juntos. Agora, você precisa descansar. Vou ficar aqui. Prometo.

Eu queria perguntar mais, queria entender mais sobre o que tinha acontecido, mas o cansaço tomou conta de mim novamente. Os olhos de Isaac, o calor de sua presença, tudo ao meu redor me fez sentir que, pelo menos por enquanto, eu poderia ficar tranquila. E assim, com ele ao meu lado, meus olhos se fecharam lentamente, me permitindo, finalmente, descansar.

Deixem estrelinhass
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