Capítulo 131

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A tarde estava silenciosa na casa Bustamante, mas carregada de tensão. O vento balançava as árvores do jardim, enquanto o som distante de pássaros criava uma trilha sonora melancólica. Christopher estava sentado na varanda, segurando uma xícara de café já frio, encarando o horizonte. Em suas mãos, a foto de infância que ele não parava de olhar nos últimos dias: ele e Luis, sorrindo ao lado da avó Mabel.

Christopher (pensando consigo mesmo): "Como chegamos a isso, Luis? Como algo tão pequeno nos destruiu dessa forma?"

Ele suspirou profundamente, fechando os olhos como se tentasse encontrar alguma paz. Foi quando ouviu passos hesitantes vindo da porta. Ele não precisou se virar para saber quem era.

Luis: "Chris... posso me sentar aqui?"

Christopher permaneceu em silêncio por alguns segundos antes de acenar com a cabeça. Luis caminhou lentamente, sentando-se ao lado do irmão. O peso do momento era quase palpável, e o silêncio entre eles era uma mistura de culpa e arrependimento.

Luis: (quebrando o silêncio) "Eu não sei nem como começar, cara. Acho que nenhuma palavra vai consertar o que eu fiz."

Christopher virou a cabeça levemente, encarando o irmão. Por um instante, ele não viu o homem que havia quase tirado sua vida, mas o garoto que cresceu ao seu lado, seu melhor amigo, seu cúmplice em tantas aventuras.

Christopher: "Você não precisa começar com palavras, Luis. Já sabe o quanto me feriu."

Luis abaixou a cabeça, seus olhos marejados enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto.

Luis: "Eu sei, Chris. Aquele dia na sacada... eu estava fora de mim. Cego pelo ciúme, pela raiva. Mas quando te vi no chão, desacordado, pensei que te tinha perdido para sempre. E eu me odiei. Ainda me odeio por isso."

Christopher respirou fundo, tentando controlar as emoções que cresciam dentro de si. Ele olhou para a foto em sua mão e a estendeu para Luis.

Christopher: "Lembra disso? Nós dois com a vovó, no jardim dela. Você insistiu para subirmos na árvore mais alta e quase quebramos o braço."

Luis sorriu levemente ao lembrar.

Luis: "Ela nos deu uma bronca enorme, mas depois fez bolo de chocolate para acalmar nosso choro. Disse que não importava o que acontecesse, sempre nos teríamos."

Christopher: (com os olhos fixos na foto) "E olha para nós agora. Deixamos tudo isso escapar. Deixamos a raiva e o orgulho destruírem o que tínhamos."

Luis fungou, limpando as lágrimas com a manga da camisa.

Luis: "Eu sei. Mas, Chris, se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente. Você é meu irmão, e eu nunca deveria ter deixado minha inveja nos afastar. Eu nunca deveria ter... quase tirado sua vida."

Christopher virou-se para o irmão, encarando-o profundamente.

Christopher: "Eu não vou mentir, Luis. Quando acordei no hospital, pensei que nunca poderia te perdoar. Mas a verdade é que o que me machucou mais do que a queda foi perceber que estava perdendo meu irmão. Eu senti sua falta."

Luis não conseguiu segurar o choro, e dessa vez, não tentou esconder.

Luis: "Eu também senti sua falta, Chris. Você não sabe o quanto. E eu sei que não mereço seu perdão, mas... estou disposto a fazer tudo para reconquistar sua confiança."

Christopher respirou fundo, deixando o peso do momento sair junto com o ar. Ele colocou a mão no ombro do irmão, apertando levemente.

Christopher: "Confiança, Luis, se constrói com tempo e ações. Palavras não bastam. Mas se você está disposto a tentar, eu estou disposto a te dar uma chance. Somos irmãos, e isso nunca vai mudar."

Luis assentiu, enxugando os olhos com mais determinação.

Luis: "Eu prometo, Chris. Vou fazer por merecer. Obrigado por me dar essa chance."

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, observando o pôr do sol juntos. Christopher quebrou o silêncio com um sorriso leve.

Christopher: "Sabe o que a vovó diria agora?"

Luis: (sorrindo de volta) "Que é melhor a gente parar de fazer drama e descer para comer o bolo antes que esfrie."

Ambos riram, a tensão se dissipando. Pela primeira vez em meses, os irmãos sentiram o peso da mágoa dar lugar a algo mais forte: a esperança de um novo começo.

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