Piquerez- Um pai ausente

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Jogador: Piquerez

Tema: Onde ele é um pai ausente emocionante e não tem uma boa relação com a filha

Idade: 16 anos

Pedido: EstelarUrso
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Era uma tarde chuvosa. Sn estava sentada no sofá da sala, abraçada a uma almofada. O som da chuva batendo na janela combinava com a melancolia que sentia no coração. A visita que ela tanto temia estava prestes a acontecer. Seu pai, Joaquín Piquerez, finalmente havia prometido passar para visitá-la após meses de ausência.

Mesmo com 16 anos, Sn ainda esperava algo dele, alguma migalha de atenção. Afinal, ele era seu pai, e ela acreditava que, talvez, no fundo, ele pudesse mudar.

O som de um carro parando em frente à casa a tirou de seus pensamentos. Ela se levantou lentamente e foi até a porta. Quando abriu, lá estava ele.

— Oi, Sn — disse Joaquín, com um sorriso sem jeito. Ele segurava uma sacola com o símbolo de um time de futebol, como se trouxesse algum presente para aliviar sua consciência.

Sn olhou para ele, sem saber como reagir. — Oi.

— Posso entrar? — perguntou ele, tentando parecer casual.

Ela abriu espaço para que ele entrasse. Ele caminhou até a sala e olhou ao redor, como se não soubesse onde estava.

— Ainda está morando aqui? — ele perguntou, tentando puxar conversa.

— Sim, pai. Onde mais eu moraria? — Sn respondeu, com um tom de ironia que ela nem tentou esconder.

Ele deu um sorriso sem graça e se sentou no sofá. — Trouxe isso para você. — Ele estendeu a sacola.

Sn pegou a sacola e a abriu. Dentro havia uma camiseta oficial do time em que ele jogava, com o número dele estampado nas costas.

— Ah, obrigada — disse ela, sem muita emoção.

— Não gostou? É edição especial. Não é fácil conseguir uma dessas.

— É bonita, mas... sabe, pai, o que eu queria mesmo não é uma camiseta.

Ele franziu a testa, sem entender. — Então, o que você queria?

Sn suspirou, sentando-se no outro lado do sofá. — Eu queria que você estivesse aqui. Não só hoje, mas sempre.

Joaquín desviou o olhar, desconfortável. — Eu sei que não sou o melhor pai do mundo...

— Não é isso. Você não é nem um pai, ponto. Você desaparece por meses, nem liga, e aí aparece com um presente e acha que isso conserta tudo?

— Ei, não fala assim comigo. Minha vida não é fácil. Tenho treinos, jogos, viagens...

— E eu não sou importante o suficiente para você? — interrompeu Sn, com a voz embargada.

Ele ficou em silêncio por um momento, como se procurasse as palavras certas.

— Eu nunca tive um bom exemplo de pai, Sn. Eu estou tentando, do meu jeito.

— Seu jeito é horrível. Você sabia que eu ganhei um prêmio na escola mês passado? Claro que não sabia, porque você nem estava lá.

— Eu... não sabia.

— Porque você não pergunta, pai! Você nunca quer saber sobre a minha vida.

Joaquín passou a mão pelos cabelos, visivelmente frustrado. — Olha, eu sei que errei. Mas estou aqui agora, não estou?

Sn riu sem humor. — Está, mas até quando? Hoje, você está aqui. Amanhã, estará em outro país, jogando sua bola, esquecendo que eu existo.

— Isso não é justo, Sn. Meu trabalho exige muito de mim.

— E ser pai não exige nada, é isso? — retrucou ela, com lágrimas nos olhos.

Ele ficou em silêncio novamente, e isso só piorou as coisas.

— Sabe o que é mais triste? — continuou Sn. — Eu pareço mais adulta que você. Eu lido com as consequências da sua ausência todos os dias. Na escola, quando perguntam sobre você, eu não sei o que dizer. E sabe por quê? Porque eu mal te conheço.

Joaquín respirou fundo, visivelmente abalado pelas palavras dela.

— Você tem razão, Sn. Eu sou um péssimo pai.

— E o que você vai fazer sobre isso?

Ele olhou para ela, sem saber o que responder. Finalmente, disse:

— Vou tentar melhorar.

— Não é a primeira vez que você diz isso.

— Mas dessa vez, eu vou cumprir, eu prometo.

Sn balançou a cabeça, desacreditada. — Já ouvi promessas demais.

Joaquín se levantou, parecendo nervoso. — Eu não sei o que você quer que eu diga. Estou tentando aqui.

— Eu quero que você seja um pai. Não só de palavras, mas de ações.

Ele ficou em silêncio, encarando o chão. Após alguns segundos, disse:

— Vou embora agora, mas vou pensar no que você disse.

— Claro que vai embora. É isso que você sempre faz.

Ele suspirou e saiu da casa, sem olhar para trás. Sn ficou parada na sala, sentindo o peso da conversa.

Embora seu pai tivesse prometido tentar, ela sabia que palavras não bastavam. E enquanto esperava por ações que talvez nunca viessem, Sn decidiu que, com ou sem ele, ela continuaria em frente, sendo forte por si mesma.

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790 palavras

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