Raphael Veiga- Maltratada

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Jogador: Raphael Veiga

Tema: Onde seu pai descobre que você era maltratada pela mãe, e seu pai fica com você

Idade: 14 anos

Pedido: juhh_2327
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O vento gelado cortava a noite, fazendo um barulho estranho pelas frestas da janela. O silêncio na casa parecia pesado, como se estivesse esperando algo acontecer. No canto da cama, Sn estava sentada, olhando para o chão, como se o peso da vida tivesse se tornado insuportável. Seu rosto estava pálido, os olhos inchados de tanto chorar. Dentro dela, a dor era intensa, e, por mais que tentasse esconder, estava se tornando impossível.

Raphael, seu pai, estava na sala, tentando relaxar depois de mais um dia de treinos com o time. Mas algo estava estranho. Ele sentia que algo não estava certo com Sn. A distância entre eles nas últimas semanas estava o incomodando, e ele sabia que precisava falar com ela. Não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas sentia que não podia continuar ignorando.

Sem pensar duas vezes, ele se levantou e foi até o quarto de Sn. Quando chegou na porta, hesitou por um momento, seu coração batendo mais rápido. Sabia que aquela conversa ia mudar tudo, mas, como pai, ele não poderia deixar isso passar. Precisava saber o que estava acontecendo.

Com cuidado, ele abriu a porta e, ao vê-la, algo apertou seu peito. Sn estava ali, pequena, encolhida, com os olhos vermelhos e vazios. Parecia perdida, como se o mundo tivesse esmagado a garota que ele conhecia. Raphael se aproximou da cama e se sentou ao lado dela, o peso da preocupação crescendo.

— Sn… — chamou, a voz rouca. — O que está acontecendo? Você não tem sido você mesma. Pode me contar o que está acontecendo?

Sn olhou para ele, mas evitou seus olhos. Tentou sorrir, mas era um sorriso forçado, que mal disfarçava a dor que ela sentia.

— Oi, pai… — respondeu, com a voz tão baixa que parecia um sussurro. Não havia energia nela, só cansaço.

Raphael sentiu o aperto no peito. Algo estava errado, muito errado. Ele sabia que precisava perguntar o que estava acontecendo, mesmo sabendo que as respostas podiam ser difíceis de ouvir.

— Sn… — começou, com a voz mais suave, mas cheia de preocupação. — Eu te conheço, você não está bem. O que está acontecendo? Pode me contar?

Sn olhou para suas mãos, tentando encontrar coragem. A vergonha estava a consumindo, e ela não sabia como contar para o pai que a dor vinha de dentro de casa. Como dizer que estava sendo destruída por quem deveria amá-la e protegê-la?

Raphael percebeu a luta interna dela e, sem palavras, colocou a mão em seu ombro, oferecendo o apoio silencioso que ela precisava.

— Sn, não importa o que seja, você pode contar comigo. — A voz dele estava suave, mas determinada. — Eu sou seu pai. Você não está sozinha.

Sn olhou para ele, e as palavras que estavam guardadas dentro de si começaram a sair, pesadas, como se ela tivesse esperado tempo demais para dizer aquilo.

— Pai, minha mãe… ela me machuca… — a voz dela falhou, e ela sentiu como se o mundo fosse desabar naquele momento.

Raphael ficou paralisado. As palavras de Sn foram como um soco no estômago. Ele não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Como Teresa, a mãe dela, poderia fazer isso com sua própria filha?

— O quê? — Ele finalmente perguntou, a voz tensa, difícil de acreditar. — Como ela pode… fazer isso com você?

Sn engoliu em seco, sentindo o peso de suas palavras. Ela queria desaparecer, mas sabia que não podia mais esconder a dor.

— Ela me xinga, pai. Me chama de inútil, diz que sou um fardo, que nunca vou ser boa o suficiente. — Ela passou a mão pelo rosto, como se tentasse apagar a vergonha, mas não conseguia. — Às vezes, ela me empurra, me bate. Como se eu fosse nada. Eu tentei ser forte, mas não dá mais, pai. Não dá mais…

Raphael ficou sem reação por um momento, como se o mundo tivesse parado. Ele não sabia o que fazer, não sabia como deixar de ser cego para o sofrimento da filha. Mas a dor dentro dele se transformou em uma necessidade urgente de proteger.

Ele a abraçou com força, como se pudesse tirar a dor dela com um gesto.

— Sn, minha filha… — disse, a voz trêmula. — Como eu não vi isso? Como eu deixei isso acontecer? Eu deveria ter te protegido…

Sn chorava em seus braços, e Raphael sentia cada lágrima dela como se fosse a sua própria. Ele não sabia como poderia ter sido tão cego, mas sabia que, a partir daquele momento, ele faria de tudo para proteger a filha. Nunca mais ela sofreria nas mãos de Teresa.

— Nunca mais você será um fardo para mim, Sn. — Ele disse com firmeza, determinado. — Eu vou te proteger, você não vai mais passar por isso.

Sn olhou para ele, com o rosto manchado de lágrimas. Era difícil acreditar nas palavras dele, mas pela primeira vez, algo dentro dela começou a mudar. Talvez, só talvez, ela pudesse finalmente ter um futuro melhor.

Raphael continuou, com um olhar de fogo, determinado a mudar a situação.

— Vamos sair daqui, Sn. Vamos começar de novo. Eu não vou deixar você voltar para aquela casa. Vamos encontrar um lugar onde você possa se curar.

Sn, com as lágrimas ainda caindo, sentiu pela primeira vez que talvez houvesse esperança. Talvez houvesse algo além da dor que a consumia. Talvez ela pudesse começar de novo, com seu pai ao seu lado.

— Obrigada, pai… — foi tudo o que ela conseguiu dizer, antes de mais lágrimas caírem, mas dessa vez com um alívio tímido. Ela sabia que, finalmente, algo estava mudando para melhor.

E, com isso, o futuro delas começou a se reescrever.

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960 palavras

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•Achei esse capítulo incrível de escrever e muito poético.

Filha dos jogadores ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora