Escrava de um vampiro

Capítulo Trinta e Quatro - Eles sabem.

"Katile"

O dia passou arduamente rápido, não tinha noção do tempo nem do que fiquei fazendo por horas, recebi uma outra bolsa de sangue e alimentos na hora do almoço, mas quase não toquei nada, o sol já raiava pela janela daquele quarto que estava aprisionada, a serva Maria passou por aqui algumas vezes ao dia para me fazer companhia, não consegui mais sair com medo de esbarrar com algum dos doadores, meus amigos,.

Após alguns longos minutos percebendo que precisava de um pouco de ar fresco resolvo descer até o jardim, lá é um lugar muito fechado geralmente ficava sozinha então acredito que não vou encontrar ninguém, e de qualquer forma precisava uma hora ou outra me explicar, pego minha capa Coloco sobre meus ombros e saio daquele quarto

Tudo parecia um conto de terror, minha mente nunca elaborou direito as coisas que aconteciam aqui, são alguns meses que estou sem explicações e sem entender o que se passava, o sequestro os estupros, a rejeição, as mortes tudo parecia confuso a ponto de não saber interpretar o que me era dito, tudo parecia intenso demais para ser verdadeiro e triste demais para ser esquecido, eu só queria voltar para casa para minha família, será se realmente Deus existe mesmo, como ele permitiria que tudo isso acontecesse com uma mulher indefesa?

Após descer as longas escadas e passar por alguns guardas que me olhavam com desconfiança sento-me no banco, aquele banco que eu tanto amava, que era meu consolo do dia dia e que foi onde passei pela pior sensação que já senti, eu achava que queria morrer e que precisava sair daquilo mas no momento que tive a faca cravada ao meu coração Senti um arrependimento muito grande e ao mesmo tempo uma angústia, era como se uma parte do meu corpo quisesse lutar para viver

Fechei meus olhos e respiro fundo, os longos portões estavam protegidos por mais guardas que me encaravam de longe aquele jardim foi elaborado pela Primeira rainha que tivemos no Reino, ela queria conectar todo povo real com a natureza e fez um jardim lindo logo na abertura do Palácio, e pensar que em um piscar de olhos muda tudo, muda toda a sua vida todo o destino dela.

– Katile.- me assusto com aquela voz que ecoa ao longo dos meus ouvidos, olho para o lado e vejo que alguns metros de distância de mim estava o Lucas, fico surpresa por vê-lo ali e me levanto de nervosismo, não sabia qual seria sua reação é a primeira vez que vejo após ele provavelmente ter descoberto que agora não era mais humana.

Em um movimento inesperado ele corre até mim e me dá um abraço forte, segura meu corpo contra o dele fico bastante nervosa mas resolvo retribuir, eu precisava daquilo, precisava de um carinho de um amigo Após alguns segundos ele me solta, não consigo encaralo nos olhos pela vergonha de tudo que agora eu sou.

– você está muito gelada, é verdade que...- ele nem precisa terminar de falar, eu acendo com a cabeça concordando enquanto meus olhos se enchem de lágrimas.

– não consegui falar antes para nenhum de vocês, estava com muito medo da rejeição, tudo aconteceu muito rápido meu pai acabou achando que a melhor opção para que eu fosse liberta era que fosse morta, e acabou enfiando a adaga no meu peito eu realmente senti o gosto da liberdade mas acabei acordando transformada em um monstro.- ele ouve tudo atentamente e demora alguns segundos para poder me responder, fico com medo dele ter a mesma reação que as pessoas do vilarejo.

– jamais rejeitaríamos você, é uma grande amiga, vimos tudo que você passou aqui e não vamos te abandonar por nada.- ele fala com aquele sorriso meigo de sempre

– tudo foi uma loucura esses últimos dias, recebemos notícias de que a Carla está morta, o vilarejo já não é mais o mesmo muitas pessoas morreram de lá.-  ele me diz enquanto abaixa a cabeça, volto a lembrar da Carla e realmente me vem uma tristeza profunda ao lembrar da cena.