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As Origens (Editado)

Eu vou contar-vos como tudo começou. Como os Deuses, cansados dos Humanos criaram as outras espécies. Espécies que andavam ao lado dos Humanos, mas que eram invisíveis para eles.

Quando os Humanos apareceram - um presente dado pelo Titã Prometeu -, os Deuses estavam excitados com o seu novo brinquedo. No entanto, não demorou muito até que se fartassem das suas atitudes selvagens e dos seus modos de vida ainda mais selvagens. Por essa mesma razão alguns dos Deuses viraram-se para os animais.

Artémis, Deusa da Lua e da Caça, começou a fazer experiencias, ela queria um ser que lhe fosse leal e a ajudasse durante as suas caçadas. Ela observou os lobos. Ela viu como eles se moviam e viviam como uma alcateia. A forma como lutavam juntos. Artémis desejava algo como estes animais de excelsa beleza. Porém, ao mesmo tempo, Artémis sentia-se desapontada com a falta de inteligência que estes demonstravam.

Com o passar do tempo, os Humanos evoluíram para uma comunidade mais civilizada e ordenada. Atena, Deusa da Sabedoria e da Estratégia, ciente dos planos da irmã e sabendo o quão longe os Humanos poderiam ir, aconselhou-a a usá-los.

Artémis ficou espantada quando viu o quanto os Humanos haviam mudado. A forma como estes agora cresciam em grupos organizados e haviam aprendido a comunicar de maneira eficaz.

Artémis pensava que os Humanos eram a melhor espécie para fazer experiências, mas ao observar o seu comportamento a Deusa percebeu que lealdade era algo que faltava á espécie. Os Humanos lutavam constantemente e conspiravam uns contra os outros. Artémis ainda queria um animal que fosse leal e inteligente o suficiente que pudesse ajudá-la quando a caçada ficava muito perigosa. Mais uma vez a Deusa olhou para os lobos e teve uma ideia brilhante.

Com a ajuda de Atena, Artémis criou os Lobisomens; criaturas que se pareciam com os Homens, porém, também possuíam a capacidade de mudarem para a sua contraparte animal: o lobo.

Ao mesmo tempo que Artémis fazia as suas experiencias, Hécate, a Deusa da Magia e das Encruzilhadas, virou-se para os Humanos, tal como Atena ela via o enorme potencial desta espécie. A Deusa desejava que esta espécie superior às restantes fosse capaz de fazer algo que apenas ela podia fazer. Desta forma, com um especial interesse na população feminina, Hécate criou as Bruxas.

Depois de ver as criações das duas Deusas, Nyx, Deusa primordial da Noite e da Escuridão, também quis criar uma espécie que a venerasse e que, ao mesmo tempo, fosse a sua família. Com a ajuda de Artémis e Hécate, Nyx criou uma espécie que incorporava as três espécies inteligentes já criadas até então: Humanos, Lobisomens e Bruxas.

E assim, os Lobos Brancos foram criados. Humanos que tinham a capacidade de se transformar em lobos de pelagem completamente branca e de realizar magia que, até então, apenas as Bruxas podiam realizar.

Com ciúmes das criaturas criadas pelas três Deusas, Hades, Deus dos mortos e do Mundo Inferior, tomou algumas das Bruxas de Hécate sem o seu consentimento e manchou as suas almas com a escuridão que reside no Tártaro. Estas Bruxas criaram o que é hoje chamado de Coven e começaram a adorar o Deus Negro. Foi então que Hécate, furiosa com as ditas Bruxas que haviam passado para o lado negro da magia, cortou a sua ligação com o mundo místico.

No entanto, Hades encontrou uma forma de fazer com que aquelas mulheres voltassem a utilizar magia mais uma vez. Intrigado pela forma como a Deusa da Magia havia antes ligado as Bruxas ao que era puro e vivo, o Deus tentou ligá-las ao que não o era. Ele ligou-as à Morte e ao fazê-lo, criou um caminho negro na magia que muitas Bruxas iriam seguir no futuro: Necromancia.

Enjoado pelas ações de Hades, Apolo, Deus do Sol, da Poesia, da Música e da Profecia, criou os Protetores. Criaturas criadas da Luz que brilha dentro de Apolo, que apenas utilizam os seus poderes quando outro ser se encontra em necessidade. Os Protetores são seres neutros, mas, no entanto, puros. Como tal, irão ter um papel fundamental na Guerra das Espécies que não tardaria a começar.

Com o passar do tempo, os Humanos - os animais favoritos de Zeus – continuavam a crescer tanto em inteligência como em número, e, estando conscientes dos Seres Sobrenaturais que caminhavam junto a eles, começaram a caçar estas criaturas.

Devido a esta caça desnecessária, o número de Sobrenaturais diminuiu de uma forma descabida fazendo mesmo os deuses tremer ante a possibilidade da extinção das criaturas por eles criadas.

Desta forma, os Deuses, receosos que os Humanos acabassem por extinguir os Seres Sobrenaturais, criaram um espaço seguro para que estas criaturas pudessem viver em paz, longe dos tormentos da Humanidade e das dores que os ventos entoavam para a futuro. Foi assim que Derksun foi criado. Uma ilha que não se encontrava nem na realidade do Homem, nem na dos Deuses, mas, no entanto, preso entre as duas.

Um lugar acessível tanto a Homens como a Deuses, mas protegido do olhar dos primeiros e longe dos pensamentos dos segundos. Os Seres Sobrenaturais foram então conduzidos a esta ilha pelos Deuses que os haviam criado, e o Homem acabou por esquecer a existência de criaturas que não eram homens, nem animais, nem deuses, mas que por serem o que eram, eram isso tudo.

Os Seres Sobrenaturais tornaram-se em histórias no mundo do Homem, depois em lendas e mitos. A grande maioria da população humana acreditava que disso não passavam, de histórias para encantar e assustar os miúdos.

No entanto, algumas famílias retinham o conhecimento antigo, passado de geração em geração sobre estas criaturas, sobre a maneira de as matar e sobre como as encontrar. Estas famílias tornaram-se então no que hoje são conhecidos como Caçadores, e foi assim que a verdadeira guerra entre as espécies começou.

A magia que suportava Derksun entre estas duas realidades tão distintas – a do Homem e a dos Deuses – dependia da existência de harmonia entre os Seres Sobrenaturais, no entanto, com o passar dos anos, estes começaram a guerrear entre si, e a magia que sustentava a ilha mágica presa entre duas realidades foi perdendo força, até que os Humanos começaram a falar. A falar sobre uma ilha que tanto estava lá um dia, como no outro não estava.

Os Caçadores, – humanos que acreditavam na existência dos Seres Sobrenaturais -, ouviram falar sobre este fenómeno, e começaram a estudar a ilha, a procurar padrões que lhes permitisse encontrar a ilha e adentrá-la sem medo de se perderem. Por fim, conseguiram. E foi nesse dia que a verdadeira guerra começou.

Primeiro a guerra aconteceu nas sombras, os Caçadores entraram em Derksun por mar, e lenta, mas eficazmente começaram a matar os Seres Sobrenaturais que encontravam, e estas criaturas, perdidas em guerras mesquinhas entre si, não tiveram a capacidade de enxergar o que se passava.

Um a um, os Seres Sobrenaturais foram caindo, o seu número diminuiu de tal forma que que os Deuses sentiram que precisam de agir e tomar decisões que não só afetariam a realidade do Homem como todas as outras realidades.

Após a queda de muitos Seres Sobrenaturais, Artémis deu aos seus filhos a habilidade de transformar humanos quando mordidos, desta forma não só estariam a castigar o Homem a uma realidade que não desejavam, que abominavam como aumentavam o seu número.

Nyx, ao ver o número de Lobos Brancos, que já era diminuto a diminuir, num ataque de pânico, criou os Elementais, criaturas que se identificavam e mal se distinguiam dos Lobos Brancos, no entanto eram mais poderosos que estes e possuíam habilidades que as restantes criaturas sobrenaturais nem sonhavam possuir.

Aos poucos, a guerra terminou quando os Seres Sobrenaturais, as lendas do Homem começaram a ganhar sobre os seus adversários, a aumentar os seus números, a diminuir os dos inimigos. Por fim, os Filhos dos Deuses triunfaram sobre o Homem e a paz voltou a ser estabelecida em Derksun.

Os Deuses puderam, mais uma vez, regressar ao Monte Olimpo ou às suas respetivas casas descansados, sabendo que, por enquanto, as criaturas místicas às quais haviam dado vida estavam em relativa segurança.

A Guerra das Espécies havia terminado, os Seres Sobrenaturais viviam mais uma vez em paz, desta vez conscientes de que precisavam de harmonia para poderem subsistir num mundo que não era o deles.

Apesar de aguerra entre os Seres Sobrenaturais e os Homens ter terminado, e a paz reinarem Derksun, tanto os Deuses como os Seres Sobrenaturais sabiam que esta nãoduraria por muito tempo, pois, apesar de a paz durar até aos dias de hoje, umaoutra guerra fomentava nas sombras que rodeiam a mente dos Homens, dos Deuses edos que não são um nem outro, mas ambos ao mesmo tempo.