11° Capítulo (Editado)

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Capítulo 11

O verde profundo das árvores contrastava com o castanho do caminho de terra. Já muitas vezes seguira este caminho que me levava ao meu templo de paz, porém já a muito que não percorria estes trilhos sagrados.

As folhas eram esmagadas pelos meus pés, e o som enchia os meus ouvidos. O barulho corrompia o silencio que rodeava este santuário na Terra, e libertava os medos que me preenchiam. As pétalas verdes que enchiam as árvores, as que ainda aguentavam o rigor do outono, entoavam orações a Deméter, num esforço vão de não serem arrastadas pelos vendos fortes que vergastavam a área.

Animais de pequeno porte acompanhavam os meus passos, como se me quisessem transmitir que a minha chegada era esperada. Que era bem-vindo neste antro de magia. Os pássaros que conseguiam enfrentar os ventos gélidos do outono voavam nos céus e cantavam canções que acalmariam a mais torturada das almas.

No centro da clareira onde acabara de entrar um altar erguia-se. As suas pedras amontoavam-se com uma ordem que a olho nu pareceria conflituosa, e sem qualquer sentido. Porém aos meus olhos, revelavam a harmonia que permitia que os rochedos se erguessem do chão como se erguidos por uma força maior que nós.

Ajoelhei-me junto das pedras negras, que ameaçavam tocar o céu que se cobrira de tons cinzentos.

- Que os Deuses me protejam dos ventos de discórdia que ameaçam arrebatar-me dos meus pés.

A oração saiu da minha boca com fervor, uma prece para que os Deuses e Deusas que enchem o Olimpo me protegessem do destino que se erguia ao meu encontro.

O Olimpo era a casa dos Deuses, Deuses esses que os Seres Sobrenaturais, apesar de muitos já não o fazerem, deviam adorar. Até não há muito tempo os Lobisomens lançavam as suas preces ao encontro de Artemis, mas as preces que permaneciam sem resposta levantaram a descrença no coração dos fieis, e pouco a pouco, os Deuses que regiam os nossos destinos começaram a ser esquecidos.

Eu não me podia dar ao luxo de acreditar que os Deuses nos haviam abandonado, pois, mais do que uma vez, já fora agraciado com a sua presença, e com os desígnios que queriam que as suas criações seguissem. Sendo um Lobo Branco, cabia-me entender e passar a mensagem que os Deuses me enviavam, porém devido a perseguição que obrigava os que eram iguais a mim a procurar a solidão de esconderem o que são, o meu propósito havia sido adulterado.

Apesar de muitos Lobos terem sucumbido á incerteza da existência dos Deuses, eu sabia que o poder que me fora concedido, fora uma bênção dos Deuses em que acreditava. E, os Lobos que restavam e ainda lançavam as suas preces em direção aos céus, apenas o faziam por Artemis, a Deusa da caça que criara os que eram da minha raça, porém diferentes de mim.

Eu presava respeito a todos os Deuses, pois sabia que o meu destino podia mudar apenas com um aceno das suas mãos. Porém, aqueles que mais levantavam o meu respeito eram Zeus, Rei dos céus e dos restantes Deuses; Hera, esposa de Zeus e Deusa do Casamento; Posídon, Deus dos mares; Hades, Deus do Submundo; Deméter, Deusa da Agricultura e das Estações; Apolo, Deus do Sol, da medicina, musica e poesia; Artemis, gémea de Apolo e Deusa da Lua e da Caça; Hermes, mensageiro dos Deuses e Deus dos Ladrões; Dionísio, Deus do vinho; Afrodite, Deusa do amor e da Beleza; Ares, Deus da Guerra e da Carnificina; Hefesto, Deus do Fogo e da Metalurgia, e por fim, Nyx, minha Senhora e Deusa da Noite e da Escuridão. Eu oro a estes Deuses pois tenho a compreensão de que sem eles, eu não estaria nesta Terra.

No altar, pequenas figuras que representavam os Deuses elevavam-se aos meus olhos. Por cima das estatuetas, um pau de incenso queimava, deixando o fumo a esvoaçar pelo ar. O vento rodeou-me e brincou com os meus cabelos dourados.

Hurt (boyxboy) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora