16° Capítulo (Editado)

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Capítulo 16 -

Houve momentos em que eu ansiava por coisas. Coisas que eu queria, mas que eu não podia ter. Este era um desses momentos.

Eu queria sentir o abraço do meu pai. Eu queria sentir os seus braços a aquecerem-me todas as vezes que ele os envolvia a volta do meu pequeno corpo; como ele me fazia rir quando ele me fazia cócegas enquanto eu estava nos seus braços. Era em momentos como esse os que eu mais ansiava.

O sentimento de saber que não importa o que ele estaria lá, a espera que eu chegasse a ele. Ele era o meu ponto seguro, ele era a minha rocha.

Eu gostava de fazer Dominic pagar pelas ações dos seus servos e ele sofreria uma morte de dolorosa. Uma que eu vou gostar muito de lhe dar.

"Segue os teus instintos e vais encontrar o que o teu coração mais quer."

As palavras que a minha mãe me tinha dito rodopiavam na minha cabeça, como se estivessem a tentar dizer-me alguma coisa.

O que é que o meu coração mais deseja? Vingança pela morte do meu pai? Ficar com o meu companheiro sem estas complicações?

Por agora, eu acho que eu só quero estar sozinho por um tempo. Eu deixei o meu quarto. Eu dei um passo no chão de pedra fria do corredor. Não havia ninguém no corredor e eu estava feliz. Eu segui pelo corredor para a saída mais próxima, que me levou as traseiras da Casa da Alcateia.

Eu andei até a um banco que ficava na fronteira da floresta e fiquei a olhar para elas, a minha mente perdida nos meus próprios pensamentos.

Por que é que eles mataram o meu pai? Claro, ele era um lutador qualificado e poderia fazer algum dano se ele tivesse chegado perto o suficiente dos meus sequestradores, mas ele só estava a tentar salvar-me, certo?

Tudo vem dar a mim, não é? Ele morreu porque eu fui sequestrado. Ele morreu porque eu sou esta coisa que vai contra a natureza. Eu sou não natural! Por que meu pai quereria proteger tal coisa? Por que é que ele daria a sua vida por mim?

"Porquê? Porquê? Porquê?"

Eu fiquei a perguntar-me enquanto o tempo passava. Era quase meia-noite quando eu voltei para o meu quarto novamente. Ninguém tinha percebido que eu estava lá fora. Ninguém tinha vindo a minha procura. Nem mesmo o meu companheiro. Talvez eles pensassem que eu só precisasse de algum espaço?

De que é que vale tentar enganar-me a mim próprio? Eu sei que eles não se importavam comigo, agora que fiz com que o meu pai fosse morto. Foram os meus erros que o mataram; é minha a culpa de ele ter morrido.

E agora cabe-me a mim corrigir isso. Cabe a mim fazer Dominic pagar pelos seus erros. Porque eles podem não ter sido maiores que os meus, mas são definitivamente piores.

Quando eu soube que todos estavam a dormir, fui para a sala de treinamento para ir buscar as minhas adagas de prata, as que o meu pai me tinha dado. Saí da Casa da Alcateia sabendo que eu não faria falta, até que fosse tarde demais.

Entrei no carro que o meu pai tinha comprado para mim apos o meu aniversário de vinte anos. Eu não o tinha utilizado muito. Não havia necessidade. Mas agora eu estava feliz por meu pai tinha comprado mesmo que eu lhe tinha dito que não havia necessidade para isso.

Eu virei a chave e o veículo ganhou vida nas minhas mãos. Eu acelerarei em silêncio, com cuidado para não fazer muito som, a fim de não despertar a Alcateia inteira durante a minha fuga.

Eu escutei os meus instintos e eles disseram-me para ir para o norte. Eu segui nessa direção pelo que pareceram horas, e quando eu parei numa estação de gasolina, o sol já estava a nascer.

Hurt (boyxboy) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora