10° Capítulo (Editado)

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Capítulo 10


A floresta verdejante cercava-me. Eu não sabia onde estava. Eu não era ninguém. Eu não era nada. Eu era ar. Eu era terra. Eu era árvores. Eu era tudo. Eu era tudo o que me circulava e muito mais. Eu era o universo.

O sol brilhava no céu e lançava na terra sombras do que não podia ser. Sombras que contavam histórias de amor e de sofrimento. Historias de traição e de amizade. No ar predominava o cheiro do mar, como se no fim da floresta, o mar se levantasse contra as rochas pontiagudas que ameaçavam os que as olhavam.

A beleza deste lugar era inconcebível. Era como se esta floresta tivesse sido pintada pelo mais hábil dos pintores, um presente dos Deuses para a Humanidade e para os que a acompanhavam.

Porém, apesar da beleza estonteante, havia algo que fazia com que este lugar parecesse terrível. A floresta guardava para si os segredos mais tenebrosos que aterrorizavam a mente do Homem quando os seus olhos fechavam e o seu espirito viajava pelo desconhecido dos sonhos. Nesta floresta habitavam seres que nem os Deuses se atreviam a enfrentar, tal era a calamidade do poder que possuíam.

Esta era uma floresta de segredos. De sangue que escorria pelas árvores como se de seiva se tratasse. Este era um lugar que fora uma prenda dada pelos Deuses, porém fora esquecido pelos mesmos e agora flutuava nos confins do mundo místico.

Não haviam sons na floresta. Nem o cantar dos pássaros nem o murmúrio das folhas que o vento arrastava. Não havia som neste lugar que era ao mesmo tempo maravilhoso e terrifico. Uma canção subsistia no ar, como a melodia do vento. Era uma canção triste que revelava os segredos da floresta. Que contava a solidão e o desespero vivido pelos seres da floresta.

As sensações arrebatavam o meu ser com a força de um tornado. Tristeza. Desespero. Dor. Mágoa. Arrependimento. Vulnerabilidade.

O sentido que se destacava era a vulnerabilidade. Eu parecia estar a ser observado de todos os cantos da floresta.

Neste mundo, eu era a presa, e não o predador. Eu era o animal mais fraco, e não o mais forte. Eu era o animal que estava prestes a ser caçado. Quem era o meu caçador? Quem era o meu predador? Quem era o mais forte?

Será que eu queria mesmo descobrir as respostas para as minhas perguntas?

~ * ~

Eu acordei envolto em branco. Uma cama macia sustentava o meu peso, uma almofada a minha cabeça. Senti uma mão dentro da minha e abri os olhos.

Onde é que eu estava? A resposta veio até mim quando vi os olhos castanhos que não podiam pertencer a mais ninguém senão o homem que eu amava.

Lembrei-me do que tinha acontecido. Do meu duelo com Taylor e o homem cujo nome ainda me era desconhecido. Lembro-me de cair inconsciente e não me lembro de mais nada. Como é que eu vim parar aqui?

Tentei sentar-me, mas o meu corpo parecia feito de um material gelatinoso e não respondia aos meus comandos. Doía-me a cabeça, como se alguém me tivesse esmagado a cabeça contra alguma coisa.

O meu mundo desfocou-se. Pisquei os olhos lentamente para voltar ao foco. Parecia que o poso do mundo pesava nas minhas pálpebras. Olhei para Tyler mais uma vez.

- Ainda bem que acordaste, Archer. – Ele disse. – Deixaste-me tão preocupado, pensei que te ia perder.

Por quanto tempo é que será que tinha ficado inconsciente? Onde é que será que estariam Taylor e o Homem misterioso?

- Tyler? – murmurei. – Quanto tempo é que estive inconsciente?

- Dois dias, Archer. Não sabes o susto que me pregaste....

Hurt (boyxboy) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora