capítulo 36

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— Bom, agora somos só nós dois por um tempinho. O que quer fazer? — perguntei, encostando-me à mesa e cruzando os braços enquanto olhava para Suho.

Ele terminou de mastigar o último pedaço de pão e pensou por um instante.

— Vamos jogar um pouco — sugeriu, dando de ombros. — Preciso me distrair antes que eu comece a surtar.

Soltei uma risada curta.

— Justo. E o que quer jogar?

— Alguma coisa de luta. Quero revanche depois da surra que levei da última vez.

— Ah, então quer perder de novo?

Suho revirou os olhos e me puxou pelo braço até a sala, onde pegamos os controles e ligamos o videogame.

— Hoje a história vai ser diferente — ele garantiu enquanto escolhia um personagem.

— Vamos ver.

Assim que a luta começou, mergulhamos completamente no jogo, trocando golpes virtuais e provocações na mesma medida. A cada vitória minha, Suho soltava resmungos indignados, e a cada ponto que ele fazia, eu o olhava com falsa preocupação, só para provocá-lo mais.

— Você só tá ganhando porque eu tô distraído — ele resmungou, após perder a primeira rodada.

— Claro, claro… Se eu tivesse perdido, a desculpa seria outra, né?

Ele bufou, mas no fundo eu sabia que jogar não era só uma forma de passar o tempo. Era a maneira dele aliviar a tensão. Por mais animado que estivesse com o casamento, eu sabia que, lá no fundo, uma parte dele estava nervosa.

Na terceira partida, quando eu estava prestes a vencer de novo, Suho pausou o jogo de repente.

— Pai.

Olhei para ele, percebendo que seu tom agora era mais sério.

— O que foi?

Ele largou o controle e suspirou.

— Você acha que estou pronto para isso?

Fiquei em silêncio por um momento. Eu sabia que essa dúvida apareceria em algum momento. Suho sempre foi confiante, mas também era reflexivo, e se casar era uma grande mudança, era natural que ele se questionasse.

— Você ama a Lunna? — perguntei.

— Mais do que qualquer coisa.

Assenti.

— Então você está pronto.

Ele franziu o cenho, como se esperasse mais.

— Só isso? Nenhum conselho filosófico? Nenhuma lição de vida?

Sorri.

— Se eu te disser que ninguém nunca está cem por cento pronto para nada, isso conta?

Ele soltou uma risada baixa, mas ouvi o alívio em seu tom.

— Casamento não significa que você precisa ter todas as respostas agora, filho. Você e Lunna vão aprender juntos. O importante é que vocês se amam e estão dispostos a fazer dar certo.

Suho ficou quieto por alguns segundos, assimilando minhas palavras. Então, pegou o controle de novo e sorriu.

— Bom, se eu posso aprender ao longo do caminho, acho que também posso aprender a ganhar de você nesse jogo.

Revirei os olhos, rindo.

— Sonha.

Voltamos a jogar, agora mais leves e relaxados.

Por nossos filhosOnde histórias criam vida. Descubra agora