+18 Dulce e Christopher viviam mundos diferentes.
Ele, diretor e médico de uma das maiores redes de hospitais da país. Rapaz conceituado e de família com alta influência social.
Ela, stripper da boate mais barata da cidade, desde os 20 anos de ida...
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Pisquei os olhos duas vezes seguidas, para ter certeza de que não era loucura o que eu estava vendo. Diante dos meus olhos estavam Dulce deitada em uma cama de hospital, desacordada e marcada por diversos machucados e arranhões. Seu rosto parecia tranquilo, mas seu corpo não dizia o mesmo. Embora permanecesse desacordada e imóvel, algo de muito grave havia acontecido, e eu não precisava que ela falasse para constatar isso.
Caminhei até sua face, toquei em seu rosto o acariciando por cima dos curativos. Parte de mim está muito feliz em vê-la, outra parte, muito preocupado e puto com sua situação.
— O que houve com essa paciente? – Perguntei ao vento, aguardando resposta e a obtive.
— Foi atropelada, doutor. Este é o caso que lhe falei a pouco tempo atrás, mas, não há com que se preocupar, fizemos todos os exames e ela está bem, fora o pé que está luxado.
— Com quem ela está?
— Com ninguém. Quem a atropelou não a socorreu, os transeuntes que a socorreram, não sei nem se poderá pagar a despesa do hospital.
— Filho da puta. – sussurrei, cerrando os punhos. – Não se preocupe com as despesas, ela ficará o quanto precisar para se curar. Não a quero aqui, coloque-a em um apartamento, transfira.
— Mas doutor... – a interrompi.
— Eu sei o que faço, apenas transfira. Aliás, não, deixe que eu faço isso.
Sai em direção ao balcão da enfermaria, preparando os papeis da transferência de Dulce para um dos quartos privativos do hospital e coloquei toda sua despesa em minha conta. Transferimos ela para o quarto, e ficamos a sós, eu e seu silencio, até ele ser interrompido.
— Christopher eu. – O interrompi.
—SHIIIIIIIIIIII! Você está louco?! Entra gritando em um quarto de hospital!
— Perdão, não sabia que havia paciente. – Christian se aproximou – Quem é esta? Linda ela, não?
— Nem pense, Christian! Você não vai ficar paquerando a Dulce, mesmo que ela esteja dormindo. – O olhei de cara feia.
— Dulce?! Como assim, a sua Dulce?! – Ele olhou-me de olhos arregalados e eu adorei sua colocação "minha Dulce".
— Sim, ela mesmo.
— E o que aconteceu com ela? A Maite já sabe?
— Ela foi atropelada, mas já esta melhorando. Quanto a Maite é bom que você a avise, a Dulce chegou aqui sozinha, então muito provavelmente ninguém sabe.
— Vou avisa-la. – Christian saiu do quarto.
Me aproximei da cama da Dulce, puxei uma cadeira e me sentei ao seu lado, pegando em sua mão.
— Dulce, Dulce, finalmente nos encontramos. – Beijei seus dedos arranhados.
Acariciei seu rosto, e seus olhos abriram lentamente, lutando contra a luz forte que o penetrava. Ela apertou os olhos e eu esperei que ela pudesse está com a visão confortável para me ver. Meu coração foi aquecido com uma onda de conforto, mesmo sabendo que ela estava bem, e que acordaria, vendo o fato se concretizar me deixou aliviado.
Dulce olhou para os lados, tentando certamente saber onde estava, parecia confusa e angustiada, então decidi chama-la.
— Dulce! – Sussurrei.
Dulce olhou em direção a minha voz e seus olhos se arregalaram ao me ver, acho que ela ficou ainda mais confusa com minha presença. Dulce piscou fortemente os olhos três vezes, enquanto me olhava.
— Você está bem? Está sentindo alguma dor?
Dulce apenas afirmou com a cabeça que sim.
— Christopher! – sussurrou de volta.
— Sim, sou eu. Está tudo bem agora, certo? Você se lembra do que aconteceu com você?
— Não. Só de um carro.
— Isso, você foi atropelada, mas está bem. Só luxou o pé.
— Meu Deus! – Sussurrou com os olhos cheios de lágrimas.
— Não chore. – Acariciei seu rosto. – você está bem agora. Está no hospital, estou cuidando de você.
— Num hospital? Qual hospital? E porque você está aqui? – Dulce perguntava ainda recuperando o tom normal da sua voz.
— No Manhattan Memorial Hospital. E eu estou aqui porque trabalho aqui, sou médico.
— Christopher! Preciso ir embora. – Dulce tentou levantar-se –se mas, foi impedida pelo acesso de soro e analgésicos que estava em seu braço – Nunca na vida terei dinheiro para tudo isso. Senhor! Vou ter que vender um rim para pagar essa internação.
— Dulce, tenha calma! – A empurrei com delicadeza em direção ao travesseiro – Suas despesas vão se pagas por mim, e isso não é discutível.
— Mas claro que é, mal nos conhecemos, Christopher, não posso aceitar um valor tão alto que me dá até medo de perguntar quanto é.
— Não, não é. Faço parte da diretoria desse hospital, não há com o que se preocupar. – sorri. – suas despesas estão pagas e fim de assunto. – Dei-lhe um beijo em sua cabeça. – seja racional, precisa de cuidados, sair daqui agora não seria o melhor para você e sua saúde.
— Tudo bem. – Dulce bufou – mas será um empréstimo, faço questão de devolver cada centavo.
— Sim senhora. – sorri – sentando-me na cabeceira da cama. – como se sente?
— Um pouco de dor de cabeça. Mas fora isso estou bem. E estou com muita sede também.
— Sim! Os medicamentos devem ter ressecado sua mucosa. Só um segundo. – Fui em direção ao frigobar do quarto, pegando uma garrafa com água e um canudo. Voltei para o mesmo local de antes a ajudando a tomar a agua.
— Obrigada. – Dulce sorriu.
— Não há de que. – Sorri. – Dulce, eu... – fui interrompido por outros gritos.
— CADÊ A DULCE?! DULCE DO CÉU! O QUE HOUVE COM VOCÊ? – Maite entrou gritando, sendo acompanhada por Christian e indo em direção a Dulce a abraçando. – Como faz isso comigo! Quer me enlouquecer?
— Já estou bem, Mai. – Dulce forçou um sorriso – foi um acidente.
— Se eu pegar o filho de uma puta que fez isso com você, eu destroço o pescoço dele em dez!! Ai Christopher, você como sempre um anjo, obrigada por tudo! – Maite me abraçou.
— Não precisa agradecer, Mai. – sorri.
— Vou ter que trabalhar o triplo para pagarmos esse hospital, meu Deus! – Maite pôs a mão na cabeça.