Encontrando Lucy

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Algumas pessoas são como são. Sem explicação lógica. São assim porque tem de ser.
Algumas pessoas nascem para serem brisas,outras furacão. Mas para cada escuridão há uma luz no fim do túnel.

Lucy estava sentada sobre um dos grandes prédios da cidade encostada em Outdoor enquanto olhava para o chão e observando o movimento continuou dos carros. Socou o chão novamente,já não sentindo o movimento dos dedos. Iria se curar rápido,sabia disso, mas sentia a dor de cada soco.

Secou o rosto misturando lágrimas com o sangue das mãos, em uma mistura conturbada. Uma pintura moderna em faces tristes. Sabia que alguém se aproximava e sabia muito bem quem,mas não se moveu. Permaneceu encarando o nada.

Clary sentou ao lado da irmã, mas não ousou tocá - la. Respirou fundo e disse tudo o que seu coração pedia para dizer :

- Eu não devia falar tantas besteiras e me incomodar com coisas que nem são da minha. Eu conta sinto muito,Lu,eu sinto muito mesmo.

Houve um momento de silêncio,depois Lucy a encarou, a culpa estampada na cara. Estava morta por dentro,mais do que o normal. E doía. Muito.

- Eu que sinto muito,Cá,eu que devia sentir. - Disse,os olhos em prantos,mas a voz firme de sempre. - Eu te bati. E não foi a primeira vez. Eu devia te proteger, não te machucar e ... Eu sou uma vergonha para o nossos país. Uma vergonha ...
- Não, Lu,não pensa assim,você ...

Lucy arregalou os olhos como alguém que acaba de acordar de um pesadelo,medo estampado na face.

- Cá, cadê o Mat? Meu Deus !! Ele está sozinho?
- Eu mandei ele ir para casa. Pensei que ...

Antes que Clary terminasse a frase Lucy se jogou do prédio e voou em queda livre,ágil como uma ave de rapina. Teletransportou para casa de Mat,correu até o quarto e o encontrou saindo do bando.

- Mat,está bem? - Perguntou, aflita.
- Eu? - Parecia assustado. - Eu que pergunto. Está horrível.
- O quê?

Mat a puxou pelo braço e a colocou de frente ao espelho,marcas de sangue por todo o rosto,olhos vermelhos,mãos sangrando e inchadas dos socos que deu no chão. Porém o mesmo cabelo impecável de sempre.

- Não importa. - Resmungou.
- Lu,precisa ir ao médico.
- Sou um demônio. Me curo rápido. Lembra?
- Por que faz tanta questão de sempre lembrar que é um demônio?
- Porque é o que eu sou.
- Pode ser mais que isso.
- Isso são frases idiotas que dizem em filmes. Não pode ser tudo o que quiser. Não é assim que as coisas funcionam.
- Lu,por que você é tão ...
- Tão o que? - Se livrou da mão dele que estava prestes a pegar seu pulso.
- Melancólica. Não entendo ...
- Melancolia não é algo explicável. - Deu de ombro.
- Afinal, o que houve com você? O que como você?
- Mais um dos meus ataques de fúria idiotas. - Riu sarcasticamente.
- Lu,para de maltratar a si mesma,tratando - se como se você fosse um lixo.
- Estou aqui para te proteger. Não para ouvir o que devo ou não fazer.
- Me proteger? Me largou sozinho. - Sussurrou.
- Sinto muito por isso. - Tinha uma expressão triste no rosto,mas a voz era fria. - Não vai acontecer de novo.
- Lu,eu não quis ...

Bateu a porta atrás de si com força. Dessa vez era Mat que estava se odiando. Deitou e tentou dormir. O sol já começava a nascer ...

Manhã chuvosa

Eram 12:00 quando Mat acordou,Clary lhe fez panquecas e ele sentou ao lado de Lucy no sofá. Ela estava quieta. Quieta de mais até para ela.

- Lu,vai explodir desse jeito.
- De que jeito?
- Sabe bem do que estou falando.
- Me deixa.
- Não. - Sorriu e a empurrou de lado,ela lhe lançou um olhar passivo e voltou a olhar pra Tv.
- Lu,eu estava pensando,sobre vocês, eu,essas coisas de demônio ... Você também vira aquela coisa que a Clary virou?
- Virar o quê? - Lucy franziu a testa.
- Você. - Clary riu. - Eu virei você.
- Não vejo graça. - Lucy revirou os olhos.
- Oii !! Tou boiando aqui.
- Aquele demônio que eu virei,Mat,era só uma ilusão, eu vejo as coisas e consigo virar elas por um tempo.
- Mas o que a Lucy tem a ver com isso?
- Eu sou aquele demônio. De verdade.
- Quê? - Mat riu e apertou Lucy entre seus braços, ela rosnou irritada. - Cada vez vocês me feixam mais confuso. Primeiro a Clary diz que é a guardiã, depois você,ai ela vira aquela coisa e depois diz que na verdade é você que vira ...
- Os piores papéis sobram pra mim. - Lucy riu e mordeu o braço de Mat.
- Ai !! - Ele riu e a chutou. - Fila da puta.
- Você dois aí ... Sei não. - Clary riu e se jogou no outro sofá pequeno.
- Nós o quê? - Mat agarrou o braço de Lucy, a mão já estava quase cem por cento curada.
- Me solta garoto !! - Lucy bufou e o chutou. - Fica me agarrando.
- Viu,disso que estou falando. - Clary riu. - Vocês vivem brigando.
- Há, pelo amor de Deus Clary. - Lançou um olhar fusilante para a irmã.
- Você acredita em Deus? - Mat franziu a testa.
- Acredito. Qual o problema?
- Meio paradoxo.
- Você escolhe em que acreditar. - Clary deu de ombro.
- O que vão fazer hoje?
- Cinema? - Clary sugeriu.
- Ótimo. Cinema.
- Comprei alguns filmes.

Os três sentaram vendo filmes até final de tarde. De repente a porta abriu com um estrondo e uma sombra negra adentrou a casa,os últimos raios de sol sumindo. Os três encararam para a porta e a figura falou com uma voz macabra:

- Matthew,chegou o seu fim. Vim para acabar com a sua miserável vida.

Minha namorada é um demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora