Na casa o silêncio tomava conta, apenas o barulho da chuva batendo na copa das árvores,Mat estava sentado na janela do seu quarto observando o temporal lá fora,desenhava na janela, foi quando Clary entrou e pós as mãos sobre os seus olhos,um sorriso formou - se no seu rosto :
- Você nunca bate,né? - Disse,rindo.
- Não. É mal de família. - Falou,rindo também.
- É, percebi.
- Como sabia que era eu?
- Conheço o seu toque.
- Mat,sabe o que a Lu está tentando fazer,certo? - Sentou ao lado dele,as costas na janela.
- E o que seria? - Se passou de desentendido,Clary deu uma gargalhada baixa,depois encarou seus olhos azuis,quase tão intensos quanto os seus.
- Sério? Não sabe mesmo?
- Talvez eu saiba ...
- Bom,não acho que corações de purpurina caíam assim do céu, sem mais nem menos. - Os dois se entre olharam e caíram na gargalhada.
- Digamos que ela não é nada discreta. - Deu de ombro.
- Não, não é.
- Pelo menos ela tentou.
- Talvez tenha dado certo ...
- Deu? - Lhe lançou um olhar sedutor,mas ela riu.
- Tem sorte. Se ela não gostasse de você não moveria um dedo para ajudar. Mas ela te acha legal.
- Ela disse isso?
- Não. - Sorriu de lado. - Nunca diria. Mas eu sei.
- Tem certeza que não estão notando a minha ausência na escola? - Clary estranhou a mudança repentina de assunto, mas não questionou.
- Não. A Lu deu um jeito nisso.
- Magia?
- É ...
- A Lu está se esforçando muito,acho que deviamos dar uma ajudinha a ela.De princípio Mat não entendeu o que Clary quis dizer,foi quando ela sentou em seu colo que caiu a ficha. Seu coração parecia querer sair pela boca,encarou aqueles olhos azuis como se estivesse prestes a mergulhar no mar e passou sua mão pelos longos cabelos de Clary, depois a beijou,um beijo lento e demorado.
O plano deu certo e a "dona" nem fazia ideia
Quarto de Lucy.
Sentada a janela observando a chuva cair. Chuva fria e arrasadora, exatamente como se sentia naquele momento. Enquanto desenhava os pingos de chuva em seu caderno sentiu uma dor no fundo do peito.
Odiava não conseguir sair daquela enorme maré de melancolia e odiava mais ainda o fato de preocupar as pessoas a sua volta quando tinha suas crises de ódio.
Tentava não pensar nisso,mas não era algo do tipo que se pode bloquear da própria mente.Pensou na docura da irmã, um verdadeiro anjo. Gentil,atenciosa,carismática,sabia consertar tudo, já ela,sentia - se como um furacão que passa e destrói tudo a sua volta.
Estava torcendo para que essa missão acabasse, assim voltaria a ter uma única preocupação : a próprio pele.
Mas agora não era assim,tinha : Mat,Dan,Clary, os pais de Mat,Lucio ... Tinham outras pessoas envolvidas o que a obrigava a fazer um plano.Nunca foi muito de planos,só ía e lutava,mas agora não podia ser assim. Faria de tudo para não ferir ninguém, mesmo que pra isso precisasse ferir a sí mesma.
Pensou nos dias que vagava sozinha pelo mundo,sem ter tempo para se dar ao luxo de enfraquecer, apenas seguindo,sem rumo e sem direção e com apenas um propósito: Matar demônios.
- Olá querida !! - Uma voz feminina surgiu na porta,olhou para lá. A mãe de Mat estava sorrindo, lhe entegou uma porção de sanduíche.
- Olá e obrigado.
- Desculpe,essa semana eu fiquei ocupadíssima no escritório e quase não parei em casa.
- Sem problemas. - Forçou um sorriso.
- Bom,vou estar lá em baixo,caso precise de mim.
- Obrigado.Depois que a mãe dos meninos saiu Lucy voltou a olhar para chuva, estava morrendo de vontade de sair por aí, sentar na beira de um prédio e deixar a chuva cair sobre sí,mas não podia,não podia arriscar a segurança de ninguém.
- Toc Toc !! - Dan estava parado em frente a porta e veio andando na direção de Lucy, sentou ao seu lado.
- Procura alguma coisa?
- Na verdade você. Não sei nada sobre você.
- Não gosto de falar sobre mim. - Abraçou os próprios joelhos.
- Ah,vai,isso não vai te matar.
- Não estou com a mínima paciência.
- Me diz quando você teve paciência? Acho que nunca,né?
- Não enche.
- Encho sim. - Sorriu e a cutucou,tinha essa mania pois sabia que a irritava.
- Para!! - Resmungou.
- Não.
- Eu vou te bater !!
- Bate.
- Você é irritante !!
- Eu sei.Lucy revirou os olhos e o chutou com o pé, ele deu um sorriso,meio de lado como sempre.
- Você é bem diferente do Mat. - Falou,para ninguém em específico.
- E você da Clary.
- É ... Sorte dela.
- Para de se masterizar.
- Para de me encher então.
- Que fazermos alguma coisa?
- O quê? - Franziu a testa. - Tá vendo a chuva lá fora?
- Algum jogo.
- Que tipo de jogo?
- Perguntas.Lucy o encarou,quase sempre com os cabelos loiros bagunçados,mas ainda era bonito. Suspirou e sentou no chão,Dan fez o mesmo.
- Não vai sair do meu pé se eu não brincar, certo?
- Certo. - Sorriu e deitou no colo dela.
- Larga de folga garoto !! - Resmungou e o empurrou,ele riu e deitou de novo.
- Vou ficar aqui e cala a boca !!
- Tenho vontade de te socar,sabia? Tipo,sempre,toda hora. - Sorriu.
- É ... Nem ligo. - Lucy revirou os olhos.
- Tá, começa logo esse jogo idiota.
- As regras são as seguintes,se o outro perguntou tem que responder ou paga prenda.
- Já sei as regras,começa logo antes que eu desista.
- Calma esquentadinha !! - Pós a mão no queixo. - Quantos anos você tem?
- 16,você?
- 17.
- Sabe lutar alguma coisa?
- Não. Você?
- Karatê, Kung fu e Hakan, a luta oficial dos caçadores de demônios.
- Como é essa luta?
- Vale tudo e é tipo uma mistura de todas as lutas. Quem for melhor que vença.
- Qual o seu propósito específico aqui?
- Proteger o Mat,a família dele e guia - lo no caminho certo para que ele consiga vencer o demônio que planeja destruir seu planeta.
- E depois disso?
- Eu vou embora. E a Clary volta para a cada dos nossos tios,eu acho ...
- Embora? - A garganta de Dan se contraiu, como se alguém o estivesse enforcando. - Tipo,para onde?
- Pelo mundo. - Sorriu satisfeita.
- E vamos nos ver novamente?
- Provavelmente,não.Dan sentiu como se o chão estivesse feito um enorme buraco e o engolido, encarou Lucy e suas palavras simplesmente sumiram,não sabia o que dizer.
- Bom,acho que o jogo não deu muito certo. - Lucy sorriu. - Vamos a perguntas diretas.
- Você sempre faz isso? Vagar pelo mundo?
- É o que gosto de fazer.
- Com sua equipe?
- Sozinha.
- Isso não cansa?
- Não. - Negou com a cabeça. - Assim mantenho a mente ocupada.
- Entendo ... - Ficou meio cabisbaixo pensando.
- Algum problema?
- Não sei se ... Quero que você vá.
- Ué,por que?Por que? Essa pergunta pegou Dan de jeito,nem ele sabia o porque, só sabia que algo se partiria junto com Lucy, sabia que algo dentro dele iria junto,algo que faria falta.
- Eu não sei ... - Lucy franziu a testa,Dan encarou o caderno de capa preta sobre a janela, até então mal o tinha notado.
- O que é isso? - Pegou o caderno.
- Isso é meu. Me dá !! - Gritou.
- O que tem dentro?
- Nada que seja da sua conta.Dan levantou e tentou abrir o caderno,Lucy se jogou em cima dele como uma onça prestes a dar o bote,voou em cima do caderno e o tomou, Dan o agarrou de volta e puxou,Lucy puxou de volta:
- Solta,Daniel !! - Gritou.
- Deixa eu ver !! - Gritou de volta.
- Não é da sua conta !!Ela puxou com mais força, ele revidou ... Sobraram apenas pequenos pedaços do que já foram desenhos,Lucy encarou o caderno totalmente destruído, em segundos todos estavam reunidos na porta: Mat, Clary e até os pais de Dan.
- Algum problema,Lu? Ouvi seus gritos e o do Dan. - Clary se aproximou percebendo a fúria da irmã.
- Sim. Tem um problema !! - Gritou. - Eu odio estar nessa maldita missão e tudo o que eu quero é ir embora. E seu irmão, Mat, é um idiota !!Lucy desviou de todos e sumiu pelas escadas como um raio,Clary correu atrás dela mas não a alcançou, voltou furiosa para o quarto e pegou os pedaços do caderno.
- Você conseguiu, Daniel, conseguiu fazer a Lucy odiar você.
Dan sequer teve reação, apenas andou em direção ao seu quarto e deitou na cama pensando em quão é idiota.
Anoiteceu e Lucy resolveu aparecer,subiu direto para o quarto,ignorou Mat,Clary e Dan, apenas trancou a porta e tomou mais uma pílula de invisibilidade. Estava cansada disso tudo. Mas tinha um plano...
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Minha namorada é um demônio
AçãoEm uma escola que quase nada de novo acontece qualquer coisa é novidade,até duas novas garotas chegarem e mudarem tudo por Lá. Mal sabem que uma é metade anjo e a outra metade demônio.