Deixa fluir

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Quando a dor não cabe no peito,o que fazer?
Cante.
Isso mesmo,CANTE!!
Cante alto,cante baixo,mas cante.

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Mat estava andando de um lado pro outro em frente a porta,Clary estava sentada a beira da escada tentando consolar Dan. Aquela ruivinha por mais que fosse brava sabia como conquistar corações. Ouviram então um som vindo do quarto de Lucy, uma melódia que Clary conhecia bem.

Abriu a porta com rapidez e a encontrou, sentada na cama,os cabelos longos e ruivos cubrindo o rosto,cantava,uma música dolorida e linda ao mesmo tempo. Ignorou a presença dos três ali e continuou a cantar baixinho, como seu pai havia ensinado:

" A música,minha pequena,é uma das maiores bênçãos de Deus,quando sua raiva estiver consumindo o seu coração, cante. Cante alto,cante baixinho, mas cante. Cante a nossa música,meu amor,e vai saber que eu estou . Eu sempre vou estar "

Como ela sempre foi a mais problemática seu pai sempre tentava criar jeitos para acalmar o demônio dentro do seu peito,criou as pílulas para que os sons diminuíssem e criava sempre canções para deixá - la mais calma. Isso sempre ajudou,até no dia que ele se foi,ela tinha apenas 10 anos. Parou de cantar. Seu coração estava destruído de mais para isso.

- Lu,você voltou a cantar?

Clary estava feliz e preocupada ao mesmo tempo,há anos a irmã não cantava mais.Lucy permaneceu sem olhar para eles até terminar a canção, quando finalmente encarou a irmã,tinha um olhar frio,petrificado,Clary pareceu congelar. Lembrou da noite que o pai morreu,Lucy havia ficado com esse mesmo olhar sem vida.

- Tudo bem,Lu?
- Sim.
- Onde esteve?
- Não se preocupe, não saí um segundo de perto de vocês.
- Quer conversar?
- Eu pareço querer conversar?

Falando assim Mat lembrou da garota que entrou pelo corredor,rígida e misteriosa,depois do jeito que ela falava,tão fria e seca. Dias depois percebeu uma Lucy um tanto mais doce,brincalhona, mas agora,era a mesma "pedra" do primeiro dia que a conheceu. Isso o preocupava.

- Lu,desculpe pelo caderno. - Dan se aproximou dela,vergonha estampada na cara.
- Era só um caderno. - O encarou séria. Aquele olhar o matou por dentro.
- Mas Lu,era o ... O caderno do papai ... - Clary gaguejou ao falar.
- Eu sei,idaí?

"Desculpe por isso pai" pensou "Você é e sempre será a coisa que mais amei no mundo,mas vou seguir seu conselho,lembro que sempre sentavamos na lareira em dias frios e eu te perguntava rindo:

- Papai,o que é ser um caçador de demônios?

Você sempre ria também,me beijava na testa e com a sua voz de herói de cinema falava:

Minha namorada é um demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora