Christian
Eu ainda olhava para mãe. Ela me olhava com olhos arregalados. Eu ainda esperava uma resposta.
Ela tava falando no telefone com uma pessoa, falou: "Teremos que ir para Seattle". Aonde é Seattle? É aqui em Portland? Ou mais longe?
- Filho, olha... Aposto que você ouviu que iremos nos mudar para Seattle e eu não vou negar pois é verdade.
Ainda olhava pra ela esperando explicações.
- Iremos para uma casa maior, seu pai será traferido para lá e teremos mais condições de vida do que aqui. Sei que você deve estar assustado sobre o que vai acontecer com Ana e Carla. Christian, você terá que ser forte para o que vem a seguir. Teremos que deixá-las, filho.
Como assim? Como posso deixar Aninha aqui? Deixá-la sem minha proteção e ir embora pra mãe dela ir trabalhar em outro lugar, e conhecer um novo menino pra brincar e esquecer de mim?
- Por que você não me contou?- pergunto indignado.
- Meu menino, eu... - ela está me enrolando.
- Por que você não me contou?
- Eu... Não tive coragem. Seria seu pai que iria te contar hoje. Desculpe filho. Tenho pena de Carla, mas vou indica-la para trabalhar na casa de um dos seu amigos de escola...
- NÃO!
-Christian, não grite comigo! Eu sei que sentirá falta de Ana, mas ela e só uma garotinha como todas as outras. E não seja egoísta. Ela merece ter novos amigos além de você!
Fico furioso. Aninha não precisa de ninguém além de mim para lhe dar abraços e carinhos. Desde que ela chegou aqui ela virou alguém especial demais para se dividir. Pode me chamar de egoísta!
- Ela não precisa de ninguém além de mim, mãe!
Viro-me e saio do quarto. Escuto minha mãe falando para eu voltar pra ela terminar a conversa. Não volta, pra mim aquela conversa já estava acabada.
Entro no meu quarto e pego a caixinha de música e saio para presentiar Aninha pelo aniversário. A caixinha de música era a única coisa que eu podia comprar com sua mesada mensal quase acabada. Não contei para meus país porque eu sabia que eles dariam um presente maior e melhor. É claro que eu sempre quero o maior e o melhor para Aninha, mas a questão e que tinha que ser um presente só meu, uma coisa só minha para que ela não se esquecesse de mim nunca.
Deixo as escadas rápido quase caindo. Estou vestido de calça jeans e chinelo, não estou apresentável, mas quanto mais rápido eu der a novidade mais rápido posso consolá-la. Não quero me gabar, mas eu sou tudo pra ela e ela é tudo pra mim.
Saio para o jardim. Ela deve estar dormindo. Vou esperar ela aparecer. Meia hora depois lá estava ela. Linda, toda de branco procurando alguém.
Desencostei da árvore que eu estava, dei corda na caixinha e chegando perto a abracei pelas costas, dando-lhe um pequeno susto. Coloco a caixinha tocando a sua frente e digo:
- Pra você.
Observo o quanto olha interessada para o pequeno objeto em suas mãos, principalmente o casalzinho que girava no meio da caixinha. Ela gostou! Yeah!
- É pra você nunca se esquecer de mim. Sempre lembrar que eu gosto muito de você e que você uma garota muito especial pra mim.
Ela olhou pra mim toda vermelha. Sorrindo com os pequenos dentes branquinhos.
- Você também é muito especial pra mim, Chris. Obrigada. - Disse e voltou a observar o casal.
- Queria te dar isso pelo seu aniversário, porque... - Ela se vira pra mim, curiosa. É agora. A hora de dizer. Vamos lá, Christian. - Bom, Aninha... Eu vou me mudar para Seattle.
- O quê? - Ela olha pasma pra mim.
Aí, meu Deus. A vermelhidão graciosa sumiu dando espaço para um pálido glacial.
- Aninha, me entenda... Eu não queria isso. Acabei de descobrir isso agora ouvindo minha mãe falar ao telefone com outra pessoa.
Ela olhou pra mim esperançosa.
- Eu vou com vocês?
Neguei com a cabeça. Notei que a musiquinha havia acabado. Ela fechou a tampa e olhou para mim.
- Eu sei que você deve estar tão apavorada quanto eu, mas eu não posso fazer nada, Ana. Meus país disseram que terá uma casa maior pra gente morar e que meu pai vai trabalhar em outra empresa maior e melhor.
Vi pequenas lágrimas se formando em seus olhos azuis. E vi que se acumulavam outras nos meus. A abracei como se minha vida dependesse disso. Beijo seus cabelos dizem que vai ficar tudo bem, mesmo sabendo que talvez nada ficará bem.
- Ana.
Olhei para tia Carla que chegava com Mia nos braços. Ela fez um V na testa e olhou para nós.
- Por que estão chorando? Algum de vocês se machucou?
Ana balançou a cabeça em sinal de sim. Onde ela está machucada?!
- Onde está machucada querida? - pergunta. Isso aí que eu quero saber, penso secando as lágrimas de meus olhos.
- Aqui, mamãe. - Aninha apontou para o coração.
Engoli em seco.
Tia Carla a pegou pela mão e disse que ia levá-la para comer alguma coisa.
Fiquei parado olhando para ela. Ela acenou pra mim e eu retribui. Depois de alguns minutos ali, subi as escadas e entrei no meu quarto. Me joguei na cama. A mão direita sobre o coração. Acho que estou sentindo a dor de Ana.
Dói demais, mas eu devo suportar, por mim e por ela.
*
Terceiro capítulo está melhor e maior pela versão do Christian. Espero que gostem. Próximo capítulo "Separação definitiva".
Tchauzinho. ;)
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Você me esperaria?
RomanceAnastasia Steele sempre foi de uma pequena família pobre, vivia com a mãe, Carla, pois o pai havia morrido. A mãe conseguiu um emprego na casa dos Grey como babá e desde então sua pequena garotinha só tinha olhos para o filho do meio da Sra. Grey. A...