Me faça sua

Capítulo 12

Logan

Já é sábado de manhã, e Sofia ainda não acordou. Não consigo vê-la deitada nesta cama de hospital, sem sentir-me triste por ela ter se machucado. Fiquei muito preocupado, com a sensação de que fosse perdê-la. Não que ela seja minha, mas sinto um afeto muito grande por ela, na qual nunca senti por uma garota.

Ela é diferente, se joga de cabeça nas coisas, não tem manha e nem mimimi. Confesso que a pior coisa que já fiz, foi ter me ausentado por umas semanas. Sei que ela gostou daquele sábado, tanto quanto eu. Ela se entregou a mim, da mesma forma que me entreguei a ela, e isso fez com que tivéssemos um momento tão bom... mas aí resolvi me afastar. Pode ser ate egoísmo, mas, garotas como ela, incrível de uma forma quase perfeita, não dariam certos com caras como eu, que só quer diversão. Sei que ela mexe comigo, e que me atrai bastante, mas não suportaria fazê-la sofrer, se isso for só uma fase. Mas percebendo o que eu fiz, e vendo que ela se aproximou ainda mais daquele tal Wesley – que não curto muito, e não é ciúmes – resolvi me aproximar, e com aquele jeito bom, Sofia me aceitou de volta.

Ainda a observo, naquela cama, sem se mover. Olhando para aqueles olhos fechados, no qual já vi chorar, uma das coisas que fez o meu coração se apertar. Aqueles olhos transmitindo dor, por causa de Rebeca. Ainda não me conformo, dela ter tocado em assunto tão particular para afastar Sofia de mim, tenho sorte de Sofia ser uma pessoa tão forte a ponto de conseguir lidar com a situação, e ainda não se afastar de mim. Ela poderia, já me afastei dela, mas agora me aproximei novamente, para cultivar nossa amizade, já que não posso ousar outra coisa, mesmo sendo difícil, mas o fato de tê-la mais perto, já me conforta. Mas mesmo assim, ela não quis se afastar de mim, e isso me conforta ainda mais. Não quero nada de Rebeca, mas ela não se enxerga, e parece ter algum tipo de obsessão por mim. Mas não a quero. Não ela.

Nem sei por que estou pensando em Rebeca, e nas suas grosserias. O que importa agora é Sofia.

Mais minutos passam. Por que ela não acorda? Por que ela foi se machucar?

Repasso tudo na minha cabeça, tentando achar o motivo. Sentado na poltrona perto de sua cama, coloco a cabeça entre os joelhos, e penso.

Todos estávamos prestando atenção no jogo das meninas, que estava muito bom. Sofia como sempre, jogando bem, e com um belo sorriso no rosto, já que aquela manhã ela estava muito feliz. Todos nós garotos, comemorávamos uma cesta feita, e olhar o jogo delas, estava tão bom, que nem queríamos jogar.- Uma coisa que é difícil -. A professora comentava com a gente, quem se destacava mais, que tinha mais habilidade, essas coisas. Mas tudo aconteceu numa fração de segundo. Vi Sofia correr, olhei pro lado, e voltei atenção pra ela, e a vi caindo no chão. Poderia até ser uma cena engraçada se a cabeça dela não tivesse batido tão forte no chão duro, a ponto de fazer um som alto na quadra. O que assustou a todos. Vi Sofia se sentando com dificuldade no chão, e foi o momento em que todos vimos, que metade de sua cara, estava coberta de sangue. Eu me apavorei, e corri em sua direção, enquanto ela voltava a se deitar. Eu só queria ouvi-la. Estava desesperado demais, e via que ela não conseguia falar, e seus olhos aos poucos iam fechando. Ela estava desmaiando. Eu só queria que ela ficasse acordada, ali comigo. Todos estavam bem apreensivos, e foi então que Sofia fechou os olhos. Eu ouvia a professora falar para todos se afastar, mas quem ficou ali junto com ela, da mesma forma desesperada e em choque, como eu estava, era a sua amiga Emily e o Wesley.

Ligaram para ambulância, mas acharam que poderia demorar demais. A professora decidiu ela mesma levar Sofia ao hospital, já que ela bateu a cabeça, e o chão já tinha um pouco de seu sangue, então fui voluntário, e com todo cuidado a peguei no colo. Tão leve, e tão delicada, agora machucada. Ainda estou com a camisa manchada de sangue do dia anterior, em momento algum deixei Sofia, só pretendo sair daqui quando ela acordar.

Levanto-me e vou em direção à cama. Um sentimento de desespero me bate, eu preciso toca-la, e é isso que faço. Acaricio sua bochecha, e imagino corar, como ela sempre fica com uma demonstração de carinho. Sua boca entreaberta, me faz lembrar a sensação dele junto a minha. Queria muito beijá-la novamente...

Meu celular vibra em meu bolso da calça, me tirando daquele pensamento. O pego e vejo que é uma mensagem da Emily. Desde o momento que cheguei aqui, virei o mensageiro para as pessoas, queria muito falar que ela já acordou, e está sorrindo novamente. Mas não é isso que acontece. Ela ainda continua imóvel, só respirando, como se estivesse dormindo, pelo menos viva ela está.

Seguro a sua mão, e beijo, e faço algo que não sou acostumado a fazer, deixo uma lagrima cair. Não gosto de chorar, mas nesse momento tenho medo que ela não acorde mais. Isso é um pensamento ruim, que afasto pra longe, e tento me acalmar aos poucos...

A Sofia forte, que eu conheço. Vai acordar.