𝟷𝟻- 𝙻𝚎𝚎 𝚃𝚊𝚎𝚔𝚠𝚘𝚗..

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Com Chan de volta, era como se uma peça faltando no meu mundo tivesse se encaixado. Não era só por tudo que ele representava como parceiro de guerra, mas porque ele sempre foi... casa. A parte mais racional de mim, meu contrapeso. Meu irmão, mesmo sem o sangue. E agora, ele também fazia parte da família que eu estava construindo.

Nos dias seguintes à sua volta, ele já estava como se nunca tivesse ido. Organizou arquivos, retomou contatos, passou noites conversando com meus homens sobre segurança e política da máfia coreana. Mas o que me pegava mesmo era vê-lo ali... com Taekwon. O meu filho era um pequeno raio de caos e fogo — exatamente como eu fui.

— Não segura assim, campeão. Vai quebrar o fio do detonador antes da hora. — ouvi Chan dizer certa manhã.

Saí devagar da sala de reuniões e encostei na moldura da porta. Taekwon estava sentado sobre a mesa de madeira no centro da sala, um colete à prova de balas quase maior do que ele jogado do lado. Na frente dele, desativado e sem risco algum, havia um modelo de granada de fumaça.

— Você tem que respeitar o tempo das coisas, Taek. A paciência faz o inimigo errar, não a raiva. — Chan explicou, com uma expressão tão natural que parecia estar ensinando como amarrar um sapato.

— Mas eu quero que exploda logo! — resmungou meu filho, emburrado, os braços cruzados, a boca fazendo beicinho.

Segurei o riso.

— Aí está você — falei, entrando. — Ensinando o meu filho a explodir coisas. Achei que a gente ia esperar pelo menos os oito anos.

Chan riu e levantou o olhar. — Só táticas, Lix. Ele precisa saber mais do que só socar com força. Já herdou isso de você.

Taekwon pulou da mesa e veio até mim. — Appa, o tio Chan disse que eu posso ter um comunicador igual ao dele!

Levantei uma sobrancelha e encarei Chan. — Tá querendo deixar ele mais rebelde do que já é?

— Ele precisa de estrutura. Se for pra ser esperto, que seja pelo lado certo. — respondeu, com aquele olhar de quem sempre tinha um plano por trás.

E eu entendi. O Chan não via o Taekwon só como meu filho. Ele via como herdeiro. Como o próximo a carregar esse legado, se fosse preciso. E por mais que parte de mim quisesse que meu filho tivesse uma vida fora desse mundo... a outra parte sabia que o sangue que corria nas veias dele era o mesmo que correu nas minhas. Astuto. Bravo. Impulsivo. Mas também protetor, intenso e fiel.

Nos dias que seguiram, vi Chan ensinando Taekwon a montar uma escuta, a se esconder em silêncio, a observar pessoas sem ser notado. Coisas básicas, mas poderosas. Entre uma instrução e outra, ele também ensinava valores. Respeito. Lealdade. Inteligência antes da força.

— Um verdadeiro chefe sabe ouvir, Taekwon. Às vezes, mais do que falar. — ouvi ele dizer outro dia, enquanto eu apenas observava de longe e o meu pequeno ouvia. Absorvia tudo como uma esponja.

À noite, quando ele finalmente caía no sono entre mim e S/N, com os dedinhos ainda sujos de graxa de alguma engenhoca que Chan o deixara desmontar, eu sorria. Porque, pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia completo.


No outro dia, acordei com um barulho estranho. Um "clic" metálico, repetido algumas vezes, e um chiado leve, abafado. Levantei uma sobrancelha antes mesmo de abrir os olhos por completo.

— Taekwon... — murmurei, me sentando na cama, massageando as têmporas.

S/N ainda dormia ao meu lado. Eu beijei a testa dela e levantei, peguei minha camisa no encosto da cadeira e segui o som sutil de sons metálicos vindos do jardim.

𝐏𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐧𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐚 𝐨𝐛𝐬𝐞𝐬𝐬ã𝐨 집착의 포로 - 𝘿𝙖𝙧𝙠 𝙍𝙤𝙢𝙖𝙣𝙘𝙚Onde histórias criam vida. Descubra agora