Depois do jantar, a mamãe me mandou escovar os dentes e ir dormir. Eu disse "tá bom", mas eu não queria. A casa tava quieta demais. Nem o barulho dos carros lá fora parecia o mesmo sem o papai por perto.
Fui pro meu quarto, levei o caderno de desenho e minhas canetinhas. Gosto de desenhar o papai. Ele sempre diz que eu desenho ele mais bonito do que ele é, mas eu acho que é porque ele não sabe ver direito o quanto ele é legal.
Desenhei ele no jardim comigo e com a mamãe. Coloquei um monte de flores, e no canto fiz uma estrela bem grande. A mamãe disse que, quando alguém que a gente ama tá longe, a estrela que brilha mais forte é a que representa essa pessoa.
Então, desenhei um monte delas. Um céu cheio de papais, só pra garantir que um deles fosse o meu. Olhei pro desenho por um tempo. Ficou meio torto, mas eu gostei. Fiz um balãozinho saindo da boca do papai com a frase: "Meu pequeno herói."
Depois de assinar meu nome, peguei o lápis de novo e escrevi lá em cima: Volta logo, papai.
Levantei e fui até a janela. O céu de noite é bonito... parece um quadro que o papai pintaria se ele soubesse pintar. As estrelas piscavam como se tivessem vida própria, e eu fiquei tentando achar qual delas era ele.
— Boa noite, papai — murmurei baixinho, encostando o queixo no parapeito. — Volta logo, tá?
Eu queria esperar mais, mas meus olhos começaram a pesar. A canetinha ainda tava na minha mão, o caderno aberto no colo.
A última coisa que lembro é o vento entrando pela janela e o barulhinho dos grilos lá fora, como se eles cantassem uma canção de ninar só pra mim.
Adormeci ali mesmo, sentado, com o desenho apertado contra o peito. E, no meu sonho, o papai voltava pra casa — com um sorriso cansado, mas com aquele mesmo olhar que me fazia acreditar que nada podia dar errado.
~ DIA SEGUINTE...
Acordei com o cheirinho de pão vindo da cozinha e com a sensação de que aquele dia ia ser diferente. Talvez porque, por algum motivo que eu não entendia direito, eu tinha sonhado que o papai estava chegando com um presente enorme — um tanque de brinquedo de verdade. Sorri no escuro do meu quarto e pulei da cama.
Desci as escadas correndo, com o pijama ainda todo enrolado, o cabelo espetado, e a sensação quente no peito de que tudo ia se ajeitar. Quando eu cheguei na varanda, ouvi um som que fez meu coração pular: motor. Um barulho forte, de carro grande, vindo da rua.
— É ele! — eu berrei pra mim mesmo. — É o papai!
Fui até a porta devagar, meio tropeçando, com o pé no degrau. Aquela esperança me fez voar. Abri a porta antes mesmo de pensar, o vento da manhã batendo no rosto. Olhei a rua com os olhos arregalados, esperando ver o carro do papai, o carro que sempre chegava com a música errada e com cheiro de gasolina e plano secreto.
O carro veio — um carro preto, grande, daqueles que fazem todo mundo olhar. Achei que era o papai só de ouvir, e meu peito começou a doer de tão feliz. Corri até o portão, quase tropeçando na poeira, e gritei:
— PAPAAAAAAI!!
Mas o carro parou na esquina e da porta desceram homens. Tio Chan veio primeiro com aquele sorriso que eu conhecia, e atrás dele vieram pessoas que eu nunca tinha visto direito antes — caras que falavam baixo e que olharam pra mim com cara de quem estava de serviço. Vieram até o portão, bateram com calma e falaram com a mamãe.
Eu esperava ver a porta do carro abrir e o papai saltar com aquele jeito de sempre, o cabelo bagunçado e com a camisa com algo que parecia tinta. Mas em vez disso, ninguém saiu correndo com um abraço gigante pra mim. Só os homens falando com a mamãe. A minha esperança foi ficando pequena. Muita pequena.
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𝐏𝐫𝐢𝐬𝐢𝐨𝐧𝐞𝐢𝐫𝐚 𝐝𝐚 𝐨𝐛𝐬𝐞𝐬𝐬ã𝐨 집착의 포로 - 𝘿𝙖𝙧𝙠 𝙍𝙤𝙢𝙖𝙣𝙘𝙚
FanfictionO chefe da máfia Australiana Lee Felix, recebe uma proposta afim de matar uma Ex - Modelo, multibilionária de Seul. Mas para continuar no cargo, o mafioso precisa consolidar negócios, sendo forçado a arrumar uma pretendente para se casar o mais rápi...
