Quando Ally deixou a sala, ainda apreensiva com o que tinha ouvido, os olhos de Camila permaneciam presos aos meus. Minha vontade maior era continuar de onde paramos, mas creio que tanto ela quanto eu, tínhamos outras preocupações por agora. Soltei o meu cabelo do apertado rabo de cavalo na minha cabeça e deixei que os fios caíssem pesados sobre meus ombros e costas, enquanto eu massageava meu couro cabeludo.
– Você parece preocupada também. – Camila observou com o queixo apoiado em sua mão.
– Não estou, juro. – sorri para ela delicadamente. – São apenas muitas coisas acontecendo em um único dia.
– Sei bem o que quer dizer. – ela concordou. – Quando falará com eles?
– Amanhã cedo.
Rodei minha cabeça de um lado para o outro, na intenção de relaxar o pescoço e outros músculos.
– Quer uma massagem? – Camila ofereceu esticando as mãos e balançando os dedos.
Aceitei sem qualquer hesitação, já não temendo mais qualquer tipo de contato entre nós duas. A latina aproximou-se um pouco mais, indicando para que eu me sentasse na cadeira e se posicionou atrás de mim. Ouvi o barulho do que pareciam ser suas mãos se esfregando e em seguida, prendi meu cabelo rapidamente em um coque para facilitar o seu trabalho. Não demorei a sentir o toque suave de seus dedos sobre o fino tecido da minha blusa. Deixei escapar um gemido em satisfação e senti meu rosto queimar instantaneamente. Camila nada disse, apenas continuou pressionando os dedos por meus ombros e pescoço.
– Existe algo no qual você não seja boa?
Meus olhos estavam fechados e minha respiração começava se tranquilizar e acostumar com os toques da repórter.
– Hmmmm... – ela demonstrou-se pensativa. – Não sei atirar! Também sou péssima em qualquer esporte... Ah! Não sei jogar vídeo game.
– Eu sei atirar. – disse desconsiderando o fato de ser óbvio.
O som da risada de Camila invadiu meus ouvidos, fazendo meu peito aquecer. Eu definitivamente gostava de fazê-la sorrir.
– Você deve fazer isso com os olhos fechados. – ela acrescentou.
Suas mãos ainda apertavam minha pele sobre a blusa, aliviando toda e qualquer tensão que teimasse em persistir ali.
– Sim, consigo... Mas prefiro com os olhos abertos.
Camila estalou a palma de sua mão em meu ombro, me oferecendo um tapa suave.
– Não seja exibida! Você gosta de atirar? Já acertou algo vivo? – a morena se fez curiosa.
– Muito. Nunca atirei em uma pessoa se é o que você quer saber, mas já acertei alguns animais. Meu pai gosta de caçar, então sempre fazíamos isso quando eu era mais nova. Tem algo que você goste de fazer, além de ser jornalista?
Camila murmurou em resposta, concordando com o que eu havia dito. Seus polegares faziam movimentos circulares na minha nuca e isso me arrepiava um pouco.
– Gosto de cantar. – ela disse rapidamente.
– Sabia que você era multifacetada! Cheia de características e qualidades diferentes. – elogiei em tom de humor.
– Não seja assim, Lauren! – sua voz saiu abafada em meio ao som de suas risadas.
– Assim como? – indaguei curiosa.
– Encantadora. – Camila prontamente respondeu.
Quase tão prontamente quanto fiquei sem graça ao lhe ouvir. Alguns minutos de silêncio se estabeleceram entre nós e aquela sala. Os movimentos em meus ombros cessaram, acho que nós duas tentávamos encontrar uma forma de retornamos a conversar.

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Base 17
Fanfiction"E na guerra? Existe amor?" Quando o atentado terrorista de 11 de Setembro desola a nação americana, o governo dos Estados Unidos da América chama para si a responsabilidade e direito de capturar os responsáveis e, consequentemente, combater o terr...