Capítulo 11

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Kyle adora assistir o anoitecer. Esta é sua hora favorita do dia, especialmente à medida que ele

volta no tempo, e observa as pessoas comuns fechando suas lojas, trancando janelas e correndo para

casa, morrendo de medo do escuro. Quanto mas ele volta no tempo, mais as pessoas parecem temer a

noite.

E obviamente, eles têm motives para ter medo.

Esta é a hora favorita do dia para pessoas como Kyle, e para toda sua espécie. Quando a noite

cai, aquele sentimento estranho que alguns humanos sentem é, na verdade o sinal do despertar de sua

espécie. Kyle nunca se sente tão energizado quanto no final do dia, quando está prestes a sair e

causar o dano que bem entender.

Kyle estica o braço e passa a mão sobre as dezenas de frascos com a peste que ele havia

guardado em segurança dentro de seu bolso, e um sorriso confiante toma conta de seu rosto. Parado

ali, no coração de Londres, ele observa a multidão agitada diante dele, todos aqueles humanos

patéticos que não fazem a mínima ideia do que está por vir, da tempestade que ele, sozinho, está

prestes a causar. Ele se sente exultante, como uma criança prestes a entrar em uma loja de

brinquedos. Por todos os lados, há pessoas, becos e bares – lugares para espalhar a peste. Ele está

tão animado, que mal sabe por onde começar.

Mas Kyle precisa se controlar. Ele sabe que se quer espalhar a peste completamente e

profissionalmente, ele terá que recrutar não apenas seus vampiros mercenários, o que ele já tinha

feito, mas também um exército de criaturas – ratos. Um exército de rato seria muito mais eficaz,

seriam mais rápidos para espalhar a peste do que ele jamais poderia sonhar em ser, então sua

primeira tarefa seria encontrá-los e infectá-los. Ele também poderia, é claro, tentar infectar humanos

individualmente, e em grandes concentrações, mas isso seria apenas por diversão.

Kyle praticamente salta pelas ruas da cidade, pronto para se divertir um pouco. Ele vê um homem

gordo, cambaleando com uma garrafa de gim nas mãos. Kyle estica o braço e dá um tapa nas costas

no homem – ao mesmo tempo enfiando uma pequena agulha infectada em sua pele.

O homem gordo dá um grito, abrindo os olhos de surpresa pela dor, mas Kyle esbarra contra ele e

continua andando, desaparecendo no meio da multidão. Kyle abre um sorriso; o primeiro infectado

sempre lhe causa uma sensação de realização.

Kyle vê um cão selvagem farejando uma pilha de lixo embaixo de seus pés e se ajoelha,

agarrando o cachorro pelo pescoço enquanto enfia uma pequena agulha em suas costas. O cachorro

geme e tenta se virar para mordê-lo, mas Kyle é bem mais rápido do que ele. Ele se afasta bem a

tempo e chuta o cachorro, arremessando-o vários metros para trás. O cachorro geme mais uma vez e

sai correndo na direção oposta. Kyle sorri, sabendo o dano que o animal causaria, carregando a peste

por todas as ruas da cidade.

ComprometidaOnde histórias criam vida. Descubra agora