Capítulo 22

203 16 0
                                    

Kyle empurra e dá várias cotoveladas para abrir caminho em meio à multidão no teatro Globe de

Shakespeare. Ele fica lá por horas, apartado, durante a peça interminavelmente longa, esperando por

sua chance. Romeu e Julieta. Que coisa horrível. Ele havia desprezado cada palavra, cada estúpida

poesia, e tinha achado aquilo tudo um desperdício de seu precioso tempo. As únicas partes que ele

tinha gostado tinham sido as partes em que Romeu e Julieta morriam. Ele só queria que eles tivessem

morrido logo. Pena que ele, Kyle, não era um dramaturgo, ele pensa, ele poderia ensinar Shakespeare

uma coisa ou duas.

Mas ele não está lá para tais assuntos triviais. Ele está ali para tratar de negócios, negócios de

verdade. Ele estava esperando há muito tempo que a peça terminasse e a plateia dispersasse. Com o

veneno vampiro dentro do bolso, ele havia monitorado Caitlin, e todo seu grupo, desde que haviam

chegado. Ele tinha acompanhado cada um de seus passos, enquanto assistiam à peça, e tinha esperado

pelo momento certo.

Ele está orgulhoso de si mesmo. Este é o novo Kyle, que já não se desperdiça energia preciosa,

confrontando seus inimigos de frente. Ele já tinha aprendido esta lição algumas vezes. Agora, ele luta

de uma nova maneira, com discrição e traição. O veneno é um meio confiável, e que é hora de tentar

algo novo.

Mas ele tem que chegar o mais próximo possível deles, e tem que esperar até que eles tenham

uma bebida na mão. Nesse meio tempo, ele fica lá, esperando eternamente. Pelo menos, ele havia

feito algo útil: durante toda a peça, ele havia caminhado ao redor da plateia, liberando dezenas de

ratos, e pacotes de pulgas, soltando-os no meio da multidão. Pelo menos, quando ele deixasse aquele

lugar, milhares de seres humanos estariam infectados com a peste. Ele sorri com a lembrança: ele

tinha destruído o estádio de rinhas com fogo, e agora derrubaria o teatro de Shakespeare com

algumas simples pulgas.

Finalmente, a peça termina e a multidão se dispersa; Kyle segue Caitlin, mantendo uma boa

distância. Ele os segue ao atravessarem a rua e entrarem naquela taberna. Ele espera um bom tempo,

para que eles não percebam que estão sendo seguidos, sabendo que as multidões afetariam suas

habilidades psíquicas.

Finalmente, Kyle sente que o momento certo chegou, e entra no bar. Vestindo uma capa e capuz,

cobrindo-lhe o rosto, ele se mistura à multidão, lentamente se aproximando da mesa de Caitlin. Ele

vê Caitlin sentada, ao lado de todos os seus amiguinhos idiotas. Ele gostaria de matar todos eles, e

ele o faria se pudesse.

Mas desta vez, ele se obriga a manter o foco. Ele agarra o frasco de veneno em sua mão, usando a

manga para segurá-la, determinado a matá-la de uma vez por todas.

Kyle se aproxima por trás de Caitlin, e assim que faz isso, uma mulher estranha, que se apresenta

como Violet, aparece na cabeceira da mesa. Kyle tem sorte: ele não tinha planejado isso, que é uma

distração perfeita.

Ele se move rápido. Quando todos estão estava olhando para ela, ele rapidamente esvazia o

frasco de veneno em sua bebida. Então ele se afasta, - feliz por ter se saído tão bem.

Em apenas alguns minutos, Caitlin beberia. E quando o fizesse, estaria morta dentro de dias, se

não horas. Seria uma morte agonizante e cruel.

Desta vez, Kyle não iria deixar nada ao acaso. Ele iria acompanhá-los, onde quer que fossem, e

assistiria os momentos finais de sua morte.

ComprometidaOnde histórias criam vida. Descubra agora