Capítulo Doze.

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Estou tremendo e não consigo dominar meu corpo, eu levanto meu olhar do pequeno papel em minha frente e me deparo com o olhar preocupado do soldado Cavalcante juntamente com as pupilas de Angelie me analisando, eu tento me controlar e aprumo meu corpo novamente com certa relutância, mas agora eu queria sair correndo e chorar, eu iria chorar, mas não agora, eu precisaria de alguém ao meu lado, eu precisava de Saymon.

– Soldado Cavalcante, traga Saymon para mim – eu digo.

Ele se reverencia e logo desaparece entre os corredores.

– O que está acontecendo? – Angelie pergunta desesperada.

Eu olho para o papel novamente e fito Angelie sobre ele, as lágrimas queimam meus olhos, implorando para rolarem para fora.

– Angelie – digo com voz embargada – Esse bilhete veio das terras do Conde Felix Abbadie, em nome de Michel – eu já não consigo conter as lágrimas e elas começam a aparecer em meu rosto, em um fluído como chuva que desliza pela vidraça.

– O que ele diz majestade? – ela insiste.

Promessa é dívida você é minha. – eu leio para Angelie e isso corta meu coração, cravando fundo e a dor me invade sem piedade, tirando todo o cenário de perfeição que eu havia construído minutos atrás.

– Ah meu Deus! – exclama Angelie.

Eu corro em direção a sacada e meu choro se torna alto e incontrolável, mesmo morta Charlotte consegue me perseguir , ela ainda quer me destruir de todas as maneiras, ela deixou uma carta na maga e sabia que assim que seria morta ela iria ser usada de alguma forma para me atingir – eu tento secar as lágrimas com minhas mãos mas a torrente é intensa.

Ouço a porta se fechar e passos em minha direção, logo os braços de Saymon estão ao meu redor, eu sinto seu calor, mas seu corpo esta tenso como eu, nossos músculos rígidos, ele me embala devagar e logo me suspende no ar e sinto seu paredão de músculos em meu corpo, ele me leva para a cama e deita meu corpo no colchão macio, as lágrimas diminuíram, mas ainda não cessaram.

Ouço o barulho de algo sendo amassado, o barulho contém ira e ódio, eu procuro pelos olhos de Saymon, mas o quarto se tornou escuro e não consigo encontrar ele, me sinto agoniada.

– Saymon? – chamo por ele.

Porém não tenho respostas, a única coisa que ainda confirma sua presença em meu quarto é sua respiração irregular – eu tento me mover, mas ele pressiona seu corpo contra o meu e perco qualquer mobilidade.

– Fale comigo – eu peço.

Outra vez eu recebo uma onda de silêncio aterrorizante, a mensagem de Michel inundava minha mente, o silencio de Saymon me massacrava e isso estava me enlouquecendo, eu queria conversar com ele e compartilhar de minha angustia eu agora estava trêmula da ponta de meus pés e terminando no meu último fio de cabelo.

Saymon se move e seu corpo se choca com o meu, ele acomoda seus lábio na entrada de meu ouvido e isso me causa sensações, eu respiro com dificuldade, ele respira contra mim e eu fecho meus olhos.

– Minha rainha, apenas durma – ele sopra suas palavras e eu obedeço seu pedido sem pestanejar mesmo com meu corpo gritando silenciosamente em todas as direções.

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Meu coração ainda estava massacrado, eu tentava assimilar possibilidades e soluções para os próximos dias e a torrente de coisas que estavam por vir, eu tentava me reestruturar e fazer com que tudo se resolvesse da melhor maneira possível.

Eu despertava nos braços de Saymon, ambos de no havíamos dormindo tensos e ainda com nossas roupas da noite anterior, meu corpo estava um pouco dolorido e minha cabeça pulsava lentamente, nesta manhã eu apenas queria apagar qualquer vestígio da noite anterior, passar uma grande borracha nessa onda de água fria que tomou meu coração.

CORROMPIDA.Onde histórias criam vida. Descubra agora