Capítulo VII

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Amélia

Respirei fundo,tentando manter o controle,minha tia ficou pálida.

-Hector...

-Alguém pode me explicar?

-E-Eu...-Ele me encarou por alguns segundos,seu olhos quase saltaram para fora. Ele se aproximou em um passo e eu recuei um.

-Pai...

-Como vocês...puderam?!-Ele ja estava berrando.

Derik apareceu atrás dele e eu o supliquei mentalmente para ir embora. Minha mãe entrou no quarto olhando feio para o meu pai.

-O que está acontecendo aqui?!

-Seus filhos...estão...

-Qual é o problema?! Eles não podem gostar um do outro?!-Minha tia se intrometeu,minha mãe ficou espantada.

-Não se meta Erika!

Meu coração estava batendo à mil,minha mãe segurou a mão do meu pai e olhou para ele.

-Hector...por favor se acalme.

-Acalmar porra nenhuma! Não vou permitir que isso aconteça em baixo do meu nariz!

-Você não pode impedir isto.-Eu finalmente me pronunciei.

-Não posso? Não posso?!-Ele agarrou meu braço e começou a me arrastar,minha mãe começou a gritar com ele. Derik entrou na sua frente.

-Solta ela.-Ele rugiu.

Ele empurrou Derik e me arrastou até a porta,meu pai me jogou para fora,eu ja estava aos prantos,minha mãe estava desolada,ela correu até mim e acariciou o meu rosto,Derik me ajudou a levantar,olhei para meu pai.

-Você vai se arrepender,eu juro que vai!

Entramos no elevador privativo,minha mãe só sabia me abraçar e tentar enxugar as lágrimas que caiam sobre seu rosto.

Derik dirigiu em silêncio enquanto eu estava no banco de trás do seu carro,com a cabeça apoiada no colo de minha mãe,ela acariciava meus cabelos,eu só queria fechar os olhos e esquecer tudo,com aquele cafuné gostoso acabei adormecendo.

Acordei na minha cama,estava com dor de cabeça,as ações do meu pai haviam me machucado demais,me levantei e fui para a sala,minha mãe estava abraçada com Derik.

-Você acordou...

-O que eu perdi?

-Mamãe nos deu a bênção dela.-Um grande sorriso se formou em meus lábios.

-Filha...peço que tente perdoar seu pai,ele nunca conseguiu lidar com certas coisas...

Ela se levantou e me abraçou.

-Bem...agora vou para casa da Erika,seu pai vai ter que entender que as coisas não são sempre do jeito dele,ainda mais depois do que ele fez.

Ela acariciou meus cabelos e sorriu,deu mais um abraço em Derik e saiu.

Ele me abraçou bem forte,sabia que ele queria me passar tranquilidade mas eu ainda estava tentando assimilar tudo. Derik começou a beijar meu pescoço,fazendo meus pelos arrepiarem.

Mas não queria avançar o sinal,não mesmo,ele se deitou comigo na cama e não falamos mais nada,apenas abraçados.

Eu queria poder entender meu pai,ele sempre foi tão ciumento,e obsessivo...talvez tudo isso tenha impulsionado a ele fazer tudo aquilo. E foi com esses pensamentos que acabei adormecendo de novo.

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Acordei e fui tomar banho,eu retornaria às aulas naquele dia,me arrumei e fui tomar café,Derik apareceu na porta da cozinha e sorriu para mim,me tascou um beijo de parar o trânsito,suspirei assim que nos separamos. Ele insistiu em me dar carona para faculdade,acabei aceitando.

Eu estava sentada na minha carteira quando o professor apareceu e disse que o reitor queria falar comigo,alguns colegas olharam para mim curiosos.

Fui até a sala do reitor e ele me recebeu com uma expressão que não consegui decifrar,ele indicou a cadeira à sua frente para eu me sentar. Me sentei e ele começou a falar.

-Amélia,eu queria saber se está tudo bem na sua vida pessoal?

-Por que isso?

-Seu pai infelizmente cortou o pagamento das mensalidades,creio  você já sabe como irá pagar?

-S-Sim...-Na verdade eu queria gritar,queria espernear e questionar o por quê,mas estava tão magoada.

Sai da sala do reitor desolada,eu precisava arranjar um emprego,urgentemente. Fiquei todas as aulas pensando em alguma forma de resolver isto.

Foi quando eu estava saindo da sala que uma ideia iluminou minha mente,a loja da minha avó! Ela poderia me conceder um emprego na matriz,minha avó materna tinha uma grande franquia de lojas de chocolate.

Liguei para ela,minha avó como sempre foi um doce comigo,ela presenciou todo aquele espetáculo que meu pai deu na sua casa.

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Derik

Os dias passavam devagar,de vez em quando eu notava o olhar perdido de Amélia,e o que mais me doía,era ter que fingir que não notava.

Hector parou de pagar a mensalidade da faculdade dela,então ela estava trabalhando em uma das lojas da nossa avó,sempre chegando cansada por ter que trabalhar e estudar o dia todo,para conseguir pagar a faculdade. Esse é um dos momentos que fico arrependido de ter conseguido uma bolsa.

Eu me ofereci para ajudá-la a pagar,mas teimosa do jeito que é negou.

Eu me preocupo com ela,neste momento ela está deitada em meus braços,dormindo serenamente,a olhando assim...tranquila,posso afirmar uma coisa,eu moveria céus e terra por ela.

Laços do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora