Capítulo XI

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Amélia

Os dias passavam lentamente, eu raramente ficava com enjôos, é tão estranho pensar que a minha vida mudou, de uma hora para outra.

Por causa dessa maldita doença, mas eu me curaria, e poderia viver normalmente, em um dia desses, estava pesquisando na internet sobre o câncer, e li vários relatos, de pessoas que conseguiram se curar.

Às vezes coisas nos pegam despercebidos, eu nunca pensei que teria câncer com 23 anos de idade, mas tudo vai ficar bem, eu tenho certeza.

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Eu estava sentada no sofá da sala dos meus pais, minha mãe estava ao meu lado segurando minha mão, notei seu ar melancólico, era a véspera do dia da cirugia.

Derik se sentou ao meu lado e envolveu meus ombros com seus braços, sorri para ele, e meu pai que estava sentado no sofá ao lado, se levantou com a expressão fechada.

Derik apertou minha mão e me deu um sorriso encorajador.

Suspirei e sorri um pouco, minha mãe colocou a mão em meu ombro e sorriu.

-Como você está?

-Ansiosa...

-Vai ficar tudo bem, você vai ver...

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Suspirei tensa, eu me virava na cama, tentando dormir, mas a ansiedade me dominava.

Olhei para Derik que estava virado, mas eu sabia que ele também não estava conseguindo dormir.

Me levantei e fui até a cozinha, tomei um copo d'água e tentei relaxar, apoiei minha cabeça no balcão e suspirei, senti as lágrimas de medo escorrendo pelo meu rosto, de medo, de que algo aconteça comigo.

Me sentei no chão e abracei meu corpo, enquanto as lágrimas desciam, a cozinha estava com a luz apagada e apenas a da sala estava acesa, mas pude ver a silhueta de Derik se aproximando.

Ele me pegou no colo e sentou comigo no sofá, acariciou meu cabelo, me apertou bem forte contra seu peito e eu me senti protegida.

Acabei adormecendo com o som do seu coração batendo.

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Estava deitada em uma maca, no quarto do hospital, enquanto o médico explicava para mim, para Derik e para os meus pais como seria o procedimento.

-O tumor está localizado na calda do pâncreas, então iremos remove-la junto com o baço, após a recuperação será iniciada às sessões de quimioterapia e radioterapia.-Todos assentiram, e alguns enfermeiros entraram no quarto e começaram a me levar, olhei para as pessoas que me amavam, e sorri, querendo dar mais forças para eles.

Levou um tempo para chegarmos na sala de cirugia, mas assim que injetaram a anestesia no soro eu adormeci.

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Derik

Eu estava sentado naquele sofá que passou a ser desconfortável, esperando por minutos a cirugia, que eu sabia que demoraria horas, minha mãe estava sentada em outro sofá com a cabeça apoiada no ombro de Hector.

Fechei os olhos e massageie as têmporas, sai daquele quarto e comecei a andar pelos corredores do hospital, parei na sala de espera do andar dos quartos e notei um menino de cerca de 4 anos, ele tinha cabelos negros e a pele muito branca, brincando no chão com alguns brinquedos, uma mulher que parece ter 30 anos esta sentada atrás dele com uma carranca no rosto, mexendo no celular.

Me sentei próximo deles e ouvi o diálogo.

-Titia, minha mãe vai ficar bem?

-Cala boca menino! Não vê que estou ocupada?!

-Mas titia, eu quero ver a minha mamãe...

-Rodrigo, eu não estou nem aí para o que você quer! Não me atrapalhe!

O menino abaixou a cabeça e voltou a brincar em silencio, que mulher mais grossa! Ela não tem capacidade de lidar com uma criança!

Ele se levantou e se aproximou de uma máquina de doces, observou e depois voltou à se sentar no chão, com uma expressão triste no rosto.

-Qual é o seu nome?

-Rodrigo...

-Oi Rodrigo, me chamo Derik, eu vi que você foi até aquela máquina, você quer um doce?-Seus olhos brilharam, ele olhou para a mulher atrás dele e depois para mim.

-Sim!

-Você pode escolher, eu te dou como presente, pode ser?

-Sim.

Ele se levantou e correu até a máquina, apontou para uma barra de chocolate, eu paguei e entreguei para ele.

A mulher só notou que ele havia saído, quando nos olhou. Notei que ela puxou a camiseta discretamente para aumentar seu decote.

-Rodrigo, quem é o moço?

-Eu sou um amigo.-Disse com a expressão fechada.

-O que está fazendo neste andar do hospital?

-Minha namorada está em cirugia.-O sorriso de seu rosto sumiu.

-Obrigado.-Rodrigo disse me olhando.

-De nada.-Disse sorrindo.

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Voltei para o quarto e continuamos em silêncio, as horas pareceriam anos.

Mas depois de muita espera o médico apareceu, sua expressão estava neutra.

-A cirugia correu muito bem, logo ela será encaminhada para o quarto. Pensávamos que o tumor tinha 1,3 cm, mas na verdade tinha apenas 1 cm.

Todos suspiraram aliviados, Hector saiu do quarto para avisar os outros parentes, minha mãe se sentou do meu lado e me abraçou.

-Vai ficar tudo bem, agora.

-Sim...

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Amélia estava adormecida, quando ela chegou no quarto ainda estava sedada, ela acordou de manhã, e conversou comigo um pouco.

Mas os remédios que estavam dando à ela, a fizeram adormecer novamente.

Agora aqui estou eu, a observando dormir, agora o pesadelo está acabando.

Ela precisa começar as sessões de quimioterapia, e eu preciso ficar ao seu lado, ser seu pilar.

Ela merece acima de tudo.

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~3 semanas depois~
Amélia

Me olhava no espelho, tinha colocado um sobre-tudo marrom, e uma legging preta com botas escuras.

Derik me esperava na porta sorrindo, eu sorri de volta para ele minimamente.

Eu estava indo para a minha primeira sessão de quimioterapia.

Entramos no carro e ele segurou a minha mão, olhei para ele.

-Tudo vai ficar bem, você vai ver.-Ele me consolou.

-Vai sim.-Disse sorrindo.

Laços do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora