Capítulo X

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Amélia

O médico olhava os exames concentrado, Derik segurava minha mão com força, acho que ele estava mais nervoso do que eu.

-Senhorita Amélia, o tumor infelizmente é maligno, tem cerca de 1,3 cm, podemos fazer o exames do pré-operatório e marcar a cirugia. Se não houver complicações após a cirugia começaremos as sessões de quimioterapia e depois radioterapia.

-Tudo bem.

Saímos do consultório do oncologista,e Derik enlaçou os braços na minha cintura,me virei e coloquei a mão no seu rosto.

-Vai ficar tudo bem.-Ele sorriu e me deu um selinho.

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Estávamos sentados tomando sorvete, enquanto Derik me observava em silêncio.

-Você ja pensou o que faria se tivesse um dia de vida?-Ele me perguntou.-Não tem nada a ver contigo!

-Não sei...acho que faria coisas que nunca tive coragem.

-Por exemplo...

-Passar o controle 1 pra você.-Dei uma risada sem humor e bati no seu ombro.-Estou brincando! Me deixe ver...me casar...e...pular de paraquedas.

-Qual é o problema de se casar?

-É só uma coisa que eu não me imagino, sendo dona de casa, cuidando de crianças.

-Mas você está fazendo letras, provavelmente vai ser professora, e terá que lidar com crianças.

-Quem disse? Eu posso muito bem ser escritora. Não tenho nada contra crianças, mas ter uma, que tenha saído de mim, me assusta...e além do mais...eu não sei se poderei ter filhos depois da quimioterapia.-Ele colocou as mãos no meu rosto.

-Não pense nisso,sim? Você pode ter mais dificuldade para engravidar, mas não será impossível.-O abracei, e ficamos em silêncio.

Me deitei no seu colo e ficamos conversando por vários minutos, decidimos sair para se divertir de noite.

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Vesti um vestido azul que ficava a um palmo acima do joelho, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo e calcei um salto preto.

Sai do quarto e Derik ja me esperava, ele estava com os cabelos jogados para trás, e usava uma polo escura, uma calça jeans clara, e calçava um par de tênis azuis escuros.

-Acho que temos um problema.

-O quê?

-Não vou sair daqui, com você vestindo esse pedaço de pano.-Envolvi meus braços em volta do pescoço dele.

-Não seja ciumento Derik!

Ele se afastou e ficou com a expressão fechada, voltei para o quarto e peguei minha bolsa carteira, fui até a porta o encarei.

-Vamos?

-Já disse que...

-Sim! Agora vamos! Pare de ser um menino mimado.

Fomos em um táxi, já que íamos beber, a balada estava lotada, cheia de gente se pegando, bebendo, conversando, ou dançando.

Derik tinha alguns contatos e conseguimos entrar na área vip, alguns casais estavam nos cantos conversando perto um do outro, ou se beijando, havia alguns solteiros que ficam fitando a pista logo a frente.

Derik foi pegar algumas bebidas para nós no bar e me sentei no sofá que havia para as pessoas descansarem. A música Zedd-Stay the night começou a tocar, fiquei balançando as pernas no ritmo da música, que nem notei que um homem se sentou do meu lado.

-Esta sozinha, gata?

-Não.-Disse seca.

-Será que seu companheiro não vê problema se você dançar comigo?-Mas é muita ousadia!

Sério, eu ja estou cansada de ler nos meus livros de romance, da menina besta que aceita dançar com o cara da balada, enquanto seu companheiro está no fim do mundo. É meio óbvio o que vai acontecer. Então vou aproveitar que ainda não ingeri nenhuma quantidade de álcool, e fazer a coisa certa.

-Sim, ele vai ver problema, assim como eu.

-Calma aí gata!-Seu hálito estava forte de álcool, fui me levantar mas ele agarrou meu braço.

-Você está bêbado, acho melhor me largar!-Ele aumentou o aperto no meu braço e esse foi o estopim para mim, dei um soco na cara dele, ele me largou na hora e deu alguns passos para trás.

As pessoas em volta de nós pararam de dançar e nos encararam, vi Derik nos observando com um sorriso de lado no rosto.

Fui até ele e peguei o whisky que estava na sua mão, dei um grande gole e senti a bebida descendo rasgando.

-Ei! Esse era meu!

-Não é mais!

Nos sentamos e bebemos nossos drinks e fomos dançar, envolvi meus braços em seu pescoço e ficamos dançando em silêncio,até que ele se aproximou e sussurrou no meu ouvido.

-Acho melhor irmos embora, não aguento mais ver esses homens te olhando.

-Não precisa ter ciúmes,sabe por que?-Me aproximei dele, lhe dei um beijo de parar o transito e sussurrei em seu ouvido.-Porque é você que acaba a noite ao meu lado, não eles.

Derik sorriu e aumentou o aperto na minha cintura e senti sua ereção em minha barriga.

Me levantei até o banheiro, mas um enjôo forte veio e eu vomitei no vaso, inúmeras vezes, senti alguém segurando meus cabelos, assim que meu estômago se acalmou eu me levantei e fui até a pia e escovei os dentes, me virei para ele e sorri amarelo, senti uma tontura leve e me sentei no chão.

Ele também se sentou, e segurou minha mão.

-Logo isso acaba você vai ver.

-Eu espero que sim.

Laços do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora