Capítulo XV

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Amélia

No meio daquela semana meu namoro com Derik havia explodido na mídia, junto com a notícia dele ser adotado, a adoção de Rodrigo, e a minha doença, tudo por causa que alguns fotógrafos nos pegaram se beijando em um parque, notaram Rodrigo, e o meu cabelo curto e aparência abatida. Sendo assim tivemos que fazer uma nota pública explicando tudo.

Acho que talvez foi muita informação para mim, pois havia um texto de mais de duas paginas em todos os sites de fofoca, mais conhecido como o "Bomba da família Gerald", meu pai estava contendo todas essas informações em sigilo, mas parece que as imagens que eles conseguiram foi o suficiente para tudo isso ser despejado nos tabloides.

Nossa vida tinha se transformado em um verdadeiro caos, afinal nos éramos umas das famílias mais influentes do Brasil.

Tivemos que contratar seguranças para ficar de olho em Rodrigo durante a aula, pois a maioria dos paparazzis estavam atrás de uma foto do pequeno.

Meu telefone não parava de tocar, e a minha segunda quimioterapia seria em menos de dois dias, decidi raspar meu cabelo por completo hoje.

Derik estava na faculdade e Rodrigo na escola, minha mãe e a minha tia estavam arrumando as coisas no banheiro, e eu estava me preparando psicologicamente para isto.

Me encarava no espelho do closet, que pegava meu corpo inteiro, eu estava mais magra, e talvez mais pálida, acariciei uma mecha curta de meu cabelo loiro, suspirei, abaixei o olhar e ouvi minha mãe me chamando.

Fui até o banheiro e me sentei no banquinho, respirei fundo e disse.

-Faça.-Minha mãe ficou segurando minha mão enquanto a minha tia raspava.

Quando finalmente acabou, e me olhei no espelho, não consegui conter o choro, as duas me abraçaram, e notei que também choravam, mas eu estava com tanta dor guardada, que eu precisava soltar tudo aquilo. Sai do banheiro, a primeira coisa que vi foi um vaso qualquer. Ele se espatifou na parede e eu gritei.

-Por que comigo?-Me ajoelhei no chão e passei as mãos pela cabeça e gritei de novo, e de novo e de novo...

Minha mãe tentou me parar mas eu gritei de novo.

-Saiam! Me deixem sozinha!-As duas saíram e eu fiquei sozinha.

Precisava quebrar mais alguma coisa ou eu acabaria enlouquecendo, agarrei outro vaso, me olhei no espelho novamente, então taquei a peça de porcelana contra o espelho.

Gritei e comecei a chorar, entrei no banheiro e tranquei a porta, fiquei chorando por horas, pude ouvir Rodrigo chegando, mas logo inventaram uma desculpa e minha tia o levou.

Estava cansada de tudo aquilo, me levantei, abri a gaveta de remédios e respirei fundo.

-AMÉLIA!-Derik estava batendo na porta.

-Eu não aguento mais...-Murmurei, mas acho que foi o suficientemente alto para ele ouvir, pois começou a esmurrar a porta.

Olhei para a embalagem de calmante nas minhas mãos, era um remédio forte, olhei para porta novamente, ela tremia com as investidas de Derik, voltei a fitar o remédio, abri a tampa e suspirei, foi então que me perguntei.

Eu era tão fraca assim?

Me deixaria levar tão fácil?

Uma tontura forte tomou conta dos meus sentidos, me apoiei na parede, e todos os sons em volta pareceram sumir.

Então tudo ficou escuro.

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Derik

Eu estava na minha aula, quando recebi a mensagem da minha mãe, precisava voltar para casa, Amélia não estava bem.

A aula acabou e eu dirigi o mais rápido que pude para o apartamento.

Assim que cheguei encontrei minha mãe chorando no sofá.

-O que houve?!

-Ela pediu para virmos aqui para raspar seu cabelo, então depois quando terminamos começou a chorar. Ela teve um surto de raiva Derik, Amélia está no quarto.

Fui até lá e abri a porta, tinha vários cacos de vidro no chão, e o espelho estava estilhaçado, tentei abrir a porta do banheiro mas estava trancada, comecei a bater.

-AMÉLIA!

-Eu não aguento mais...-Ela disse e entrei em pânico, comecei a esmurrar a porta.

Ouvi o som do de algo caindo, dei alguns passos para trás e investi na porta, na segunda tentativa o trinco cedeu e consegui abrir.

Amélia estava deitada no chão inconsciente, com um frasco de vidro no chão de remédios no chão.

Ela não teria feito isto.

Teria?

Agarrei seu corpo e coloquei os dedos na sua garganta para fazê-la vomitar, funcionou, mas não vi nenhum sinal de remédios.

Amélia começou a despertar, ela olhou em volta e depois para mim, seus olhos se encheram de lágrimas. Ela se encolheu no meu colo e ficou chorando em silêncio.

A carreguei para cama, mas eu estava tão irado que não conseguia pensar direito, ela ia se matar.

-O que você tem na cabeça Amélia?!

-Eu não ia!

-Então por que estava segurando aquele frasco?!-Ela abriu a boca mas fechou.-VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COM VOCÊ! Amélia, você não pode fazer isto conosco!

Sai do quarto a deixando para trás precisava descarregar a tensão, minha mãe ainda estava na sala, ja tinha se acalmado, cheguei perto dela e puis a mão em seus ombros.

-Eu vou sair, cuide dela, depois eu volto.

Sai e entrei no elevador, passei a mão pelos cabelos e soltei o ar cansado.

Dirigi até a academia, estava vazia, ainda não era horário que ela lotava.

Fui até o vestiário e fiquei só de bermuda esportiva. Assim que fiquei de com o saco de pancadas ja sentia meus ombros relaxando, comecei soca-lo, com força, focando a minha raiva em cada golpe.

Ela não tinha o direito.

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Amélia

Aquele apartamento estava me sufocando, as palavras de Derik estavam grudadas nos meus pensamentos como tatuagem.

Coloquei um lenço na cabeça, e vesti meu agasalho, minha mãe estava na sala. Ela me viu e veio até mim, me abraçou e ficamos em silêncio.

Depois de alguns minutos me vi na minha antiga casa, fui até meu antigo quarto.

Agarrei um cobertor e fui até a varanda, me deitei no meu divã, e me enrolei na coberta fechei os olhos e senti as lágrimas escorrendo, aos poucos, tive a certeza que quase tinha feito a maior burrada da minha vida.

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Parece que nosso casal maravilha está enfrentando vários problemas, não?

Relaxem e confiem em mim

Bjs Scent <3

Laços do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora