Capítulo XXI - Último

12K 1.1K 67
                                    

AINDA TEM O EPILOGO NAO ME ABANDONEM AINDA POR FAVOR

------
Amélia

Ele dirigia tremendo para o hospital e eu gritava a cada vez que outra cólica forte chegava.

Eu suava e sangrava, não aguentava mais, Derik parou o carro e ele me pegou no colo, segurei sua mão e gemi de dor, olhei para ele, e o mesmo olhar de desespero que ele sempre tinha quando me leva às pressas para o hospital com crises, estava estampado em seu rosto, e eu odiava mais do que tudo aquele olhar.

-V-Vai ficar tudo bem.-Eu falei, o olhando, tentando suavizar aquela expressão.

Alguns enfermeiros apareceram trazendo uma maca e Derik me deitou nela.

-Ela está grávida de sete meses.-Ele disse trêmulo.

-Nós vamos cuidar dela, mas precisamos que fique aqui.

Começaram a empurrar a maca e antes de entrar eu sussurrei olhando em seus olhos.

-Eu amo você.

E entrei no corredor, outra cólica forte veio, e eu gritei.

-Precisamos seda-lá.-Um enfermeiro falou.

-Só salvem minha filha, p-por favor.-Implorei fechando os olhos.

---
Derik

Aquilo era muito injustiça, o cara lá de cima estava me castigando, só podia ser isso, Amélia estava bem, e quando vi, ela estava sangrando em meus braços.

Não quero passar por tudo aquilo de novo. Olhei para a minha camiseta social branca manchada de sangue e fechei os olhos.

-FlashBack On-

Olhei para Amélinha subindo na árvore, apavorado, ela sempre se machuca quando apronta essas besteiras.

-Amélia! Desce!

-Para de ser medroso Derik!-Ela se sentou no galho e sorriu mostrando seus sorriso de janelinha com dentes faltando.

Olhei para ela nervoso, tentei subir no tronco da árvore mas acaba escorregando, Amélia começou a rir de mim, tanto que se desequilibrou e caiu.

-Amélia!-Gritei e corri até ela, a abracei bem apertado.

Ela chorava baixinho, tirei o cabelo do seu rosto.

-Eu falei pra você não subir.

Ela tinha machucado a perna, um pouco do sangue do seu machucado sujou minha camiseta.

-Eu vou te levar pra mamãe, e você vai sarar, ta bom?

-T-Ta.

Ajudei ela levantar, e levei ela pra dentro da casa dos nossos avós.

Depois que ela ja tava com curativo e deitada no sofá, eu fiquei do lado dela.

-Você ainda é medroso Derik.-Olhei pra ela rindo.

-Se você acha...

-FlashBack Off-

Eu estava sendo medroso?

Fiquei horas naquela cadeira, tentando controlar as lágrimas que insistiam em cair, toda vez que lembrava dos gritos dela.

-Vai ficar tudo bem Amélinha.-Murmurei sozinho.

---

Eu fiquei sentado por horas sem ter noticia, ja estava imaginando o pior, um médico alto apareceu na porta e eu me levantei.

-É familiar da paciente?-Ele perguntou.

-Sou o marido.-Aquele título ainda era tão estranho.

-Tivemos que fazer uma cesárea de emergência, a bebê estava em sofrimento.-Eu abri a boca desesperado, passei a mão pelos cabelos.-Ela foi enviada para UTI neonatal, ja a mãe é um assunto delicado, ela perdeu muito sangue, estamos a mantendo em coma induzido na UTI.

Senti que havia perdido completamente meu chão, por que tudo isso? Por que? A dor que eu estava sentindo estava além do meu compreendimento, minhas mãos tremiam e sentia que estava perdendo as forças.

-Se quiser ver a bebê, pode me seguir, mas não poderá pega-la.-O olhei e assenti.

O segui até uma sala grande, tive que usar vestimentas esterilizadas e higienizei bem as mãos, haviam vários bebês pequenos lá, mas uma me chamou a atenção, me aproximei e a enfermeira que cuidava dos bebês me disse que era Eva.

Me aproximei da minha princesa e meus olhos se encheram de lágrimas novamente, ela era tão pequena e prematura. Tinha cabelos loiros ralinhos, e seu corpo era rosado, usava apenas uma fralda.

-Oi princesa.-Engoli o choro, e coloquei o dedo no vidro do berço de isolamento que nós separava, ela dormia tranquilamente.-Eu estou louco para poder te carregar, quando sua mãe ficar bem, vamos te levar para casa, sei que vai gostar do seu quarto, ele é cheio de borboletas. Você é a nossa princesinha, seu irmão também está ansioso para te ver.

A enfermeira veio do meu lado e disse.

-Você pode toca-la se quiser.-Assenti.

Coloquei a mão dentro do berço e toquei sua mãozinha rosada, ela agarrou meu dedo me surpreendendo.

-Essa aí é forte, e tem um belo par de pulmões, chorou bastante quando nasceu.-A enfermeira comentou.

Acariciei seus cabelos loiros e ela abriu a boquinha, fiquei alguns minutos apreciando a minha princesa, mas a enfermeira disse que não podia ficar muito tempo.

Sai um pouco mais feliz por ver a minha filha bem, perguntei para um enfermeiro se podia ver Amélia. Ele disse que não e eu fiquei frustado.

---

Cheguei no hospital logo de manhã, queria que aquele pesadelo de ontem tivesse sido apenas um mentira, mas não...

Visitei Eva e fiquei um pouco com ela, pois o médico de Amélia havia me chamado.

-Ela está estável, então a tiramos do coma induzido, em breve ela acordará.

-Poderei vê-la?

-Sim, mas só depois dela acordar.

-Tudo bem.

Fiquei um bom tempo esperando Amélia acordar, dei uma volta no hospital s fiquei bastante tempo olhando Eva, tão pequenina, mas tão perfeita.

Ja era quase de noite quando Amélia acordou, uma enfermeira me levou até o quarto da UTI onde ela estava.

Quando a vi queria acreditar que era mentira, lá estava minha esposa fraca e debilitada, com vários fios ligados à ela.

Me aproximei da cama e me abaixei, ela me olhou, embaixo de seus olhos azuis brilhantes estavam com bolsas escuras em baixo.

-Oi meu amor.-Murmurei segurando sua mão pálida.

-Derik...eu sei que não vou ficar aqui por muito tempo.-Arregalei os olhos.

-Amélia! Por favor, não diga isto.

-Olha meu estado, eu só queria agradecer por tudo que você fez por mim, e...cuide bem deles, só quero dizer que meu amor por você não tem tamanho, e se tivesse outro jeito, eu juro que ficaríamos juntos, mas...-Ela suspirou, eu tentava segurar as lágrimas.-Diga a Rodrigo que ele pode ser quem ele quiser, sempre, e à nossa princesinha que ela vai ser a luz da vida de todos, eu só queria vê-la. Eu amo vocês, eu amo muito vocês.-Ela fechou os olhos e a maquina que media seus batimentos cardíacos começou a apitar.

-Amélia! Amélia! Não me deixe! Por favor!-Implorei chorando.

Vários enfermeiros entraram no quarto e a levaram para longe de mim.

-Amélia...-Sussurrei.

Laços do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora