CAP 02.

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Evelyn.

. Acordo no dia seguinte com muita dor nas costas, Debora judiou de mim à noite toda, mas mesmo assim dormir com ela ainda era considerado a melhor coisa pra mim que sou uma mãe bem babona. Vou para o meu quarto, tomo um banho rápido e visto uma calça jeans e a blusa que no caso é o meu uniforme de trabalho. Calço minha sapatilha pois odiava usar saltos, prancho rapidinho o meu cabelo, passo uma maquiagem leve e estou pronta.

. Passo no quarto da Débora e como de costume, dou um beijinho em sua bochecha e digo que a amo. Em seguida, vou para a cozinha onde a babá que se ofereceu para ser empregada, já termina de fazer o café.

- Bom dia, Evelyn. - ela diz com um sorriso de tirar o fôlego, como ela conseguia sorrir tanto?

- Bom dia, Nice. - digo com um sorriso fraco, me sirvo e não demoro muito pra comer. Quando termino, vou logo dizendo:

- Por mais que a Debora faça suas manhas, não deixe que ela falte por nada da escola, ok?

- Sim senhora. - ela bate continência brincando.

- Ótimo, bom dia para vocês. - respondo e saio.

****

. Chego à delegacia e minhas costas ainda doem, digo " bom dia" para os dois policiais que ficavam na porta.

- Evelyn, o Frederico pediu para você ir até a sala dele e já adianto...ele está furioso. - um dos policiais diz.

- Obrigada branco. - digo seu apelido e vou até a sala dele.

. Quando chego, ele já começa a gritar:

- Isso é o cúmulo!

- Eita, calma ai, o que te deu? - pergunto.

- Hoje recebi uma carta linda e maravilhosa da polícia federal dizendo que irá mandar mais policiais para cá por que os nossos estão sendo " incompententes." - diz irônico.

- Minha nossa. - digo.

- Eu é quem digo minha nossa, minha maior vontade é de mandar uma carta mandando todos, sem exceção de nenhum ir à merda. - respondeu.

- Pense pelo lado positivo...quando tivermos que ir à favelas, teremos reforços. - digo.

- Não quero e não aceito que esse bando de gente sem futuro, desmereça os nossos policiais que são sim muito eficientes. - diz cuspindo, odiava isso.

- Talvez eles acham que estamos precisando, não adianta ficar nervosinho. Você sabe que com a polícia federal você não pode tirar uma. - respondi.

- Infelizmente! - ele diz sentando-se à sua cadeira giratória.

- Quantos homens/mulheres virão? - pergunto curiosa.

- Na carta, disseram que era vinte policiais. Quinze homens e cinco mulheres. - responde fazendo cara de poucos amigos.

- Só nos resta esperar. - digo e vou em direção à minha sala.

***

. O dia transcorre bem, até eu receber uma ligação que mudou todos os meus planos para o fim de semana, era meu irmão, Astolfo ( sim, esse era o nome dele, não adianta fazerem cara feia)

- Evelyn? - ele diz com a voz embargada.

- Oi, Astolfo? - digo.

- Você pode vir para cá esse fim de semana com a Debora? A mãe, está morrendo! - ele diz e noto que por sua voz, começa a chorar. Meu coração dispara, eu voltaria depois de anos para aquela cidade e meus país conheceriam a minha pequena Debora.

- Astolfo...o que está acontecendo com ela? - pergunto.

- Descobrimos um câncer de mama que está se alastrando pelo corpo dela rápido demais. Os médicos dizem que não tem mais salvação, ela me disse que quer ver você e conhecer a neta antes de morrer. - ele diz.

- Eu vou, assim que sair do expediente! - respondo.

- Iremos te esperar, um beijo. - ele diz e desliga sem deixar com que eu me despeça.

. Depois daquela notícia eu não consegui mais trabalhar. Avisei ao Frederico que tiraria uns dias em casa por causa de saúde. Pedi para que ele tomasse conta de tudo e ele concordou. Cheguei em casa, e Nice estava brincando com Debora no sofá.

- Nice, estou de liberando por alguns dias...irei viajar para a casa dos meus pais com Debora. Minha mãe está com câncer e quer conhecer a neta antes de " falecer."

- Tudo bem, quando precisar de mim...me liga! - ela diz levantando.

. Deposita um beijo na bochecha de Debora, me abraça e com um sorriso se vai.

. Agora eu voltaria para aquela cidade que me trás tanta dor, só espero não precisar encontrar Gustavo.

A DelegadaOnde histórias criam vida. Descubra agora