CAP 10

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Não esqueçam de curtir a fan-page. Marieli Bueno. Um beijo, boa leitura.
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Gustavo.
. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo, Débora era mais esperta do que eu havia imaginado.
- Débora, tenho que te levar embora. - digo meio que impaciente.
- Por favor, passa o dia comigo. - ela diz com os olhos cheios de lágrimas.
- Minha querida eu adoraria, mas hoje é dia de semana e eu preciso trabalhar e sua mãe deve estar sentindo a sua falta já. - digo.
- Para de falar da minha mamãe um pouco, eu já disse...ela não se importa comigo. - ela bufa e cruza os bracinhos, resolvo me calar e levá-la embora antes que seja tarde demais.
. Estávamos no caminho quando do nada Débora grita:
- O que aconteceu? - pergunto assustado.
- Compra um algodão doce pra mim? - ela pede apontando para um vendedor.
- Não podemos parar agora Déb. - digo.
- Eu vou morrer de vontade? - ela pergunta como se fosse óbvio e eu paro o carro, desço com ela ao meu lado e compro um algodão doce roxo que era a cor que ela gostava.
Evelyn.
. Acordei com o coração apertado, minhas costas estavam moídas por ter dormido naquele sofá duro, resolvo ir para o quarto com Débora e quando chego não a vejo. Saio pela casa chamando seu nome e me desespero quando não a vejo. Meus olhos se enchem de lágrimas e vou correndo para o quarto do meu irmão que acorda com meu soco na porta.
- O que aconteceu louca?
- Débora sumiu. - digo derramando as lágrimas
- Ela deve estar brincando de esconde-esconde. - sugeriu.
- Ela nem sabe brincar disso Astolfo, me ajude a encontrá-la, por favor. - digo aos prantos.
- Calma, iremos encontrá-la. - ele tenta me acalmar, em vão.
- Não posso perder a minha filha Astolfo. - digo.
- Não irá perder. - murmurou levantando-se da cama.
. Novamente procuramos por todo o canto da casa, desde a varanda até o mini porão que tinha em casa, e nada da Débora.
- Liga para a polícia Evelyn. - Astolfo diz me entregando o telefone.
- Não podemos envolver a polícia. - digo pensando em outras possibilidades.
- Sua filha foi sequestrada e você não quer acionar a polícia? Que raio de delegada é você? - ele diz irritado.
. Minha filha havia sido sequestrada, não acredito nisto, quem a sequestraria? Pego o telefone e disco o número da polícia, quando finalmente eles atendem, a porta se abre abruptamente e Débora entra comendo um algodão doce e logo atrás vem o Gustavo com a cara fechada.
- Mamãe? - ela por pouco deixa o algodão cair, suspiro aliviada e desligo o telefone.
- Evelyn, antes que você insinue alguma coisa quero que saiba que eu não sequestrei a Débora. - Gustavo se adianta, olho com ódio pra ele.
- É verdade mamãe, o tio Gustavo não me sequestrou. Eu fugi logo cedo, entrei no carro dele e ele até então não sabia de nada. Quando estávamos longe eu apareci e ele falou um monte de coisa pra mim. Disse que eu não podia fugir e me trouxe de volta. - Débora diz, eu sabia que ela não iria mentir e falaria toda a verdade mas agora fiquei triste, ela não devia ter fugido.
- Débora, por que você fugiu? - eu pergunto ficando nervosa.
- Eu queria ver meu tio Gustavo pela última vez. - ela diz.
- Custava ter me pedido?
- Custava! Por que você não me deixar vê-lo. - ela diz cruzando os bracinhos.
- Quando chegarmos em casa você vai ficar de castigo por ter fugido com um completo estranho.
- Ele não é estranho. - ela grita o defendendo.
- Pra você é sim. Você me desrespeitou Débora, eu disse que você não devia ficar perto dele e mesmo assim ficou. - digo nervosa.
- Evelyn, pegue leve com ela. - Gustavo diz.
- Não se intrometa na educação que eu dou para a minha filha! Eu sei o que estou fazendo. - digo com ódio para o Gustavo.
- Deixa tio Gustavo, quando chegarmos em casa ela vai me colocar pra dormir como sempre faz quando está comigo. Vai pedir pra babá não me deixar assistir meus desenhos por ter faltado com educação e ter fugido. Por que tio, é isso o que ela sempre faz. - ela diz chorando.
- Vai pro quarto Débora. - digo mantendo a calma.
- Eu vou mamãe, mas eu não quero mais papo com você. - ela diz, vai correndo abraçar o Gustavo e a escuto dizer:
- É pouco tempo mas eu te amo tio Gustavo. - beijou sua bochecha, ele deu um sorriso fraco.
- Também te amo, agora vê se você obedece ok? Nada de fugir. Quando você voltar pra cá prometo que te levo pra comer mais algodão doce. - ele faz a promessa.
- Promete de dedinho? - ela estende o dedinho pra ele que coloca o seu no dela.
. Em seguida, ela dá mais um abraço nele e antes de sair me olha, derrama uma lágrima e sai correndo.
. Acabou ficando apenas eu e Gustavo na sala.
- Você deveria ter me comunicado Gustavo! - começo a dar uma dura.
- Não deu tempo Evelyn. Quando ela apareceu tudo o que eu quis fazer foi trazê-la embora. - me respondeu.
- Isso não justifica. Você deveria respeitar quando eu disse que não te quero perto da minha filha. - respondi.
- Eu já disse que não sabia ok? Como eu vou adivinhar que tem uma criança no banco de trás e que ainda por cima fugiu? Sou policial e não vidente. - me respondeu na grosseria.
- Vai embora Gustavo! - ordeno.
- Eu vou Evelyn, aliás, já estou atrasado! Mas saiba que você está perdendo a sua própria filha! Você não pode proibir ela de ter amizade com uma pessoa que você odeia. Ela é uma criança e não entende. Se quer vê-la feliz, a deixe se aproximar das pessoas. - ele diz.
- Um dia a mãe dela também se aproximou das pessoas e sofreu, foi machucada, excluída e virou uma esquisita. As pessoas lhe fizeram mal e não tinha ninguém para consolá-lá. Não quero que a minha filha passe por isso, não quero que ela seja machucada da mesma forma que eu fui. Não quero que a minha filha que é uma criança tão dócil como eu era, se transforme no monstro com o coração de pedra que eu sou hoje! - respondi derramando uma lágrima solitária.
- Eu sei que te fiz mal, eu sei que as pessoas te fizeram mal Evelyn. Mas não é por que você passou que a Débora também será obrigada a passar. Em poucos dias que você estava aqui e eu pude vê-la. Eu consegui ver que você a cria na sua própria bolha. Ninguém além de você é suficiente pra ela, você é tudo, aliás, você quer ser tudo. Quer ser mãe/pai/tia/avó/irmã ou seja, você quer se tudo. Mas não consegue ser nada além de mãe e pai. Se gostaria de saber, a Débora reclamou da sua falta de atenção com ela, disse que trocaria um dia da comida que você coloca na boca dela para poder passar com você, ter toda a sua atenção! - ele diz.
- Vai embora Gustavo. - é a única coisa que consigo dizer.
- A verdade dói não é Evelyn? Eu sei que dói mas ela também ensina. Se olhe no espelho e depois olhe para a sua filha e se pergunte: É isso que eu quero mesmo pra ela? Quando você achar uma resposta vai aprender valorizar. Adeus. - ele diz e se vai.
. Começo a chorar compulsivamente naquela sala, caio de joelhos e a dor me consome. Tudo que ele disse infelizmente era verdade, eu não sou uma boa mãe é sempre tento ser o suficiente para Débora que mesmo tendo 05 anos, sabe o que é certo e o que é errado. Eu me odeio por ser assim. Odeio ser essa Evelyn que não é capaz de cuidar de ninguém além da minha própria ferida.

A DelegadaOnde histórias criam vida. Descubra agora