Quando entrei naquele lugar me senti deslocada, nunca fui muito de sair e ir para baladas ou outros lugares muito movimentados, em todos esses 18 anos sempre comemorei meus aniversários em casa com meus amigos, mas esse ano estava sendo diferente, Clara me arrastou - porque eu não queria vir de jeito nenhum - para cá, não sei bem onde é aqui, algum lugar em São Franciso, não conheço de baladas e essas coisas...
Quando me dei conta estava parada na porta da boate olhando boquiaberta para as pessoas que dançavam como se apenas elas existissem em todo o mundo, então Clara repousou suas mãos em meus ombros.
- E então? Oque achou Lu? - perguntouContinuei olhando fixamente para aquela imensa multidão pulando e gritando, alguns se beijavam em um canto e outros dançavam sozinhos, em pares ou até mesmo em grupos, todos curtindo ao som de músicas eletrônicas, um ritmo eletrizante. Clara apareceu em minha frente e sacudiu meus ombros.
- Lucy! - gritou - pare de viajar!
- Eu não estou viajando... - eu tinha essa mania - Estou apenas observando como essas pessoas estão agindo.
- E como é que elas estão agindo?- questionou Clara com as sobrancelhas arqueadas.
- Eu não sei... - voltei a atenção para ela - vamos, vamos acabar logo com isso, quero ir para casa.
Então ela me pegou pelo pulso e me levou em direção à multidão.
Demorei a me acostumar com o som alto e as pessoas se esfregando umas nas outras mas depois de quatro ou cinco copos de bebida comecei a me enturmar, estava dançando com um garoto de cabelos pretos caidos sobre a testa e olhos azuis, completamente azuis, diferente de todos os olhos que já havia visto, relativamente bem vestido, ele era apaixonante e bastante sensual, colocou seus lábios em meu ouvido e disse:
- Oque você acha de irmos para um lugar mais calmo?
Olhei para o lado e lá estava Clara agarrada a um garoto que aparentava ter uns 25 anos - uau - procurei por Josh - irmão mais velho de Clara que estava nos acompanhando - não o encontrei. Fiz que sim com a cabeça, o garoto moreno pegou minha mão e partimos em direção a porta.
Quando saímos a luz da lua estava radiante, era de babar, me senti mais confiante, voltei os olhos para ele e então nos acaramos por um tempo.
- Meu nome é Adam. - ele disse com um leve sorriso de lado - Como você se chama?
- Lu. - respondi meio avoada, algo estava errado, fitei meus pés, minha cabeça doía como se eu estivesse acabado de ser atropelada por um ônibus. Efeito da bebida?
Quando voltei o olhar para o garoto ele me encarava com as sobrancelhas arqueadas e com um leve sorriso, como se pudesse ouvir os meus pensamentos e estivesse se divertindo com eles.
- Oque foi? - indaguei.
- Nada - ele sorriu mais ainda - estou só observando.
- Observando? Quem é você ? E oque você quer? - perguntei confusa, não conhecia esse garoto mas sentia que podia confiar nele, mais um efeito da bebida só pode, ele é um completo estranho como posso confiar nele?
- Adam, sou Adam, esse sou eu - respodeu apontando para si - e eu quero apenas conversar - sorriu mais uma vez - e você é a Lu! Gostei. - então me lançou mais um de seus sorrisos.
- Lucy... Halle. - completei
- Lucy Halle, quanta formalidade. - Respondeu com ironia, aquele sorriso me irritava, disso eu tinha certeza. - Adam Grann, é um enorme prazer! - apertou minha mão, ao retribuir senti que minha cabeça doía mais, e estava cada vez mais pesada, meus olhos estavam cansados como se Adam sugasse toda minha energia. Levei as mãos à cabeça e de repente toda a dor desapareceu, lancei-lhe um olhar acusador.
- Você pode me explicar oque foi isso? - dei um passo para trás e ele sorriu com malícia.
- Não temos tempo para explicações docinho, apenas escute com atenção, logo tudo vai mudar, toda sua patética vida vai se transformar, e quando você estiver em apuros pense em mim... - o interrompi
- Qual é o seu problema? Sobre oque você está falando ? Eu não o conheço!
- Shii! - ele segurou meus ombros e me beijou, eu queria empurrá-lo e sair correndo mas alguma coisa me impedia, como se algo me obrigasse a beijá-lo, quando ele me soltou encarei-o boquiaberta - você logo vai me conhecer, vai conhecer todos nós, não caia no papinho furado do Aron. - sorriu e completou - você pertence aos Ovelhas Negras, posso sentir isso.
Eu não conseguia formular uma única frase, esse garoto era realmente maluco, ou ele via muitos filmes ou era um completo drogado, mas seus olhos eram incrivelmente penetrantes.
- Nos vemos em breve Lucy. E a propósito, feliz aniversário! - sorriu novamente.
- Lucy?! - ouvi alguém gritar meu nome, quando me virei avistei Clara na porta da boate - oque você está fazendo aqui fora sozinha garota?
- Não estou sozinha eu... - quando olhei novamente para frente Adam não estava mais lá, era como se tivesse sumido em um passe de mágica.
- Sim você está sozinha! - Clara me pegou pelo pulso - fala sério! Se não queria mesmo vir porque não me disse ? Não precisa me matar do coração!
- Mas.. - eu estava totalmente atordoada.
- Mas nada Lucy, Josh está uma fera comigo, vamos entrar, temos que avisá-lo que você está bem antes que ele ligue para policia! Meu Deus ! Não sou babá, oque ele pensa?... - Clara não parava de falar enquanto me levava a empurrões de volta à boate, lancei um último olhar para trás e lá estava Adam entre as sombras, com seu olhar sombrio e seu sorriso malicioso. Como ele sabia que era meu aniversário? Oque está acontecendo?
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Nascidos das Sombras Vol.1
FantasyMeu nome é Lucy, sou uma garota normal... bem... eu costumava ser, na verdade todas as histórias começam assim, uma garota normal, com uma família normal e uma vida normal, bem cliché, mas sempre somos normais até algo completamente estranho nos aco...