Capítulo 8

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- Oque? - perguntou Mary finalmente olhando para mim - porque iríamos para a SUA casa? - quis saber
- Primeiramente, você não vai. - respondi seca. Não sabia porque, mas não me sentia bem na presença de Mary, talvez porque ela era muito ignorante, e sem nenhuma surpresa ela não reagiu muito bem com minha resposta.
- Você - ela apontou para mim com o dedo indicador e aquela grande unha pintada de preto, digamos que a sua expressão não era das melhores... - escute, já nos causou problemas de mais - ela completou indignada voltando a atenção para Aron - e eu tenho certeza que os caçadores só nos perseguiram aquela noite porque ela - e voltou a me encarar - usou seus poderes.
Aron abaixou a cabeça
- Por favor Mary, vá para o carro. - pediu calmamente
Eu não sabia o que se passava em sua cabeça mas eu estava completamente confusa com o que Mary havia dito sobre poderes, era o mesmo que Adam vinha enfiando em minha mente. Novamente eu estava alí, pensando nele.
- Aron eu... - ele à interrompeu
- Mary - encarnou-a - eu pedi por favor, não quero ter que mandá-la sair.
Ela engoliu em seco virou as costas e caminhou até a porta, quando saiu olhou de relance com um semblante nada agradável para Aron. Ele respirou fundo, levantou e disse estendendo a mão para mim
- Vamos? - e sorriu, o sorriso mais lindo e sincero que já vi na vida, sorri de volta meio sem jeito e peguei sua mão.
Quando saímos Aron ia em direção a caminhonete, até que parei
- Não vamos no seu carro - disse, ele olhou nos meus olhos e perguntou
- Não confia em mim Lucy? - arrepiei no mesmo instante, era exatamente o que Adam vivia me perguntando no mesmo tom de voz, naquele momento ele me veio à cabeça mais uma vez e era impossível expulsá-lo, todas as vezes em que estivemos juntos passaram como flashbacks na minha mente, congelei.
- Lucy? - chamou Aron - você está bem?
- Sim. - respondi seca, de repente senti que precisava imediatamente sair daquele lugar - vamos no meu carro - virei e caminhei até ele escutando-o murmurar "por mim tudo bem".
Quando estávamos na metade do caminho em silêncio me surgiu uma dúvida.
- Porque você não me perguntou o motivo de irmos até minha casa?
- Porque sei a resposta. Lembre-se Lucy, quando eu não lhe questionar é porque com toda a certeza já sei a resposta. - ele girava o anel.
- Oque é isso? - apontei
- Isto? - mostrou-me o grande anel prata - tem o mesmo significado que isso - ele pegou minha mão e apontou o dedo em que estava o anel de Adam.
- Oque? Não entendi o que quer dizer.
- Lucy... Você tem muito que aprender.
- Então me ensine! - implorei
- Melhor resolvermos nosso primeiro problema. Preciso do Adam.
- Que noite Mary se referiu, quando disse que foram seguidos pelos caçadores?
- A noite que você leu a mente de Clara. - disse, como se fosse a coisa mais comum do mundo.
Depois daquela conversa estranha continuamos o caminho todo em silêncio, eu pensava em como chamar Adam, mas me lembro que ele disse que quando pensasse em nele, ele estaria lá, e assim eu esperava pois em minha mente latejava o nome Adam Grann. Estacionei bem em frente minha casa e olhei para Aron.
- Chegamos.
- Eu sei - ele sorriu
- Oque faremos agora? - eu estava louca para saber mais sobre eles, mas ao mesmo tempo estava com medo
- Oque você fará agora? Estou aqui porque você pediu. Chame-o.
- Como? - perguntei
- Lucy... Posso não ser o Adam e ler sua mente o tempo todo mas sei que ele de alguma forma se importa com você e sempre virá quando for preciso. E agora é preciso. - respondeu calmamente
- Tudo bem. - respirei fundo e fechei os olhos.
- Se concentre Lucy, fique calma e esvazie a mente. Chame-o - Aron segurou minha mão com força.
À partir daquele momento não pensei em mais nada, apenas em Adam, concentrei-me e pedi para que viesse ao meu quarto. Em um minuto seguinte Aron soltou minha mão, abri os olhos e ele estava imóvel.
- Ele chegou - e desapareceu
Pisquei um milhão de vezes, como diabos ele fizera isso? Era exatamente como Adam vivia fazendo, desaparecendo e reaparecendo, revirei os olhos e desci do carro.
- Aron? - chamei mas não obtive resposta - tudo bem - respirei fundo - ele chegou, que bom. Agora um vou fazer um feitiço e descobri onde vocês estão. Pata de sapo, asa de galinha mostre onde estão esses mariquinhas. - nada aconteceu - pois é meninos acho que realmente não sou uma ovelha. - caminhei até o jardim, foi quando ouvi um barulho, de imediato olhei para cima, e lá estava, de costas para a janela do meu quarto um garoto de cabelos pretos e costas largas que vestia uma jaqueta de couro preta.
- Adam - sussurrei - é aparentemente o feitiço deu certo - corri até a porta e subi as escadas o mais rápido possível, entrei no quarto e o clima não era dos melhores.
- Eu pensei que você estivesse morto! - Aron gritava, quando eles estavam juntos era possível notar algumas diferenças, por exemplo, Aron era poucos centímetros mais alto, o cabelo de Adam era maior, caindo na testa, claro os olhos... Aron com seus olhos de um tom azul piscina quase cinza e Adam de um tom azul marinho, ambos tinham ferocidade no olhar, porém era evidente quem era o rebelde ali. - como pode? Você não sabe o que passei!
- Como eu pude? Francamente Aron, depois de tudo o que você me disse! - Adam esbravejava, recuei um passo e ele notou minha presença - Lucy - me encarou severamente - eu lhe disse para não confiar nele, eu lhe disse!
Minha garganta fechou e diante do xingamento de Adam tive vontade de morrer, eu ia me pronunciar quando Aron interviu
- Deixe-a fora disso - ele se colocou entre mim e o irmão - ela pode confiar em mim, mais do que confia em você, você mentiu! Não contou à ela tudo o que devia! Você vêm mantendo-a em segredo! Como você pretendia lidar com isso? Como você a protegeria dos caçadores? Como Adam? Acha que seu estúpido grupinho de rebeldes tem algum poder sobre eles? - Aron quis saber
- Não vou ficar aqui ouvindo todas essas baboseiras - de repente o medo de que Adam fosse embora me consumiu, eu queria segurá-lo para que permanecesse ali. - eu vou embora, vejo que você não precisa mais de mim Lucy - no mesmo instante fui consumida pelo medo de que ele me deixasse alí somente com Aron, senti todo meu corpo formigar e um frio forte na barriga, quando pisque havia saído da proteção de Aron e agarrara o pulso de Adam
- Por favor! - implorei apertando seu pulso - não vá embora - Adam me olhou boquiaberto
- Como? - no mesmo instante mudou seu foco para Aron - você ensinou a ela como teleportar? Ela não pode aprender isso! Não quando ela não está ciente de tudo Aron!
- Não, não ensinei nada a ela! - Aron estava com o mesmo semblante de espanto, olhei sem entender
- Teleportar? - de repente uma dor de cabeça absurda me consumiu, comecei a gritar e me contorcer até que caí de joelhos.
- Eles nos encontraram - ouvi Aron dizer - temos que ir embora!
- Não vou a lugar nenhum com você! - Adam protestou - prometi a mim mesmo que nunca voltaria para a mansão.
- Ela vem comigo - Aron pegou meus braço enquanto me contorcia, aquele medo de ser deixada por Adam surgiu novamente e de imediato apertei mais seu pulso
- Por favor - sussurrei - não - minha cabeça pesou e tudo estava ficando distante, senti o olhar de Adam sobre mim, ouvi ao fundo um suspiro, em seguida ele disse
- Tudo bem docinho - segurou meu outro braço - Vamos Aron.
Outra vez senti aquele frio na barriga e minha visão escureceu, desmaiei.

Nascidos das Sombras  Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora