capitulo 34 - Final

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Um ano passou...

Após a morte da minha tia Georgia e ter visto os meus pais serem presos foi difícil voltar à realidade. Mas com a ajuda do Harry consegui superar a perda. Não a totalidade, claro, mas uma parte dela. Percebi que não dava em nada ficar o dia todo fechada no quarto com as persianas fechadas. O Harry ia trabalhar cedo, por isso a maior parte das vezes não sabia que eu ficava em casa em vez de ir para a universidade. No entanto começou a aperceber-se disso e pediu umas férias para me poder ajudar com a minha depressão. Todos os dias de manhã tirava-me da cama, com muita dificuldade porque quando eu quero dormir e não me deixam pareço um monstro e se me conseguem despertar fico um dia inteiro aborrecida com quer quem que seja. Bem, na verdade nem sempre fui assim. Só de uns meses para cá comecei a ficar rabugenta. E para ser sincera, não sei como é que o Harry me conseguia aturar. Depois de conseguir fazer com que me levantasse e me vestisse – muitas vezes tinha que ser ele a vestir-me ou porque não tinha pachorra nenhuma para me mexer, ou porque fazia uma birra – levava-me a tomar o pequeno almoço e íamos dar um passeio – sempre em lugares diferentes. Graças a essa nova rotina voltei a ser ''eu'' aos poucos. Podia ter sido muito pior caso o Harry só tivesse reparado no meu estado meses mais tarde.

Para minha grande surpresa, quando cheguei a casa esta semana depois das aulas, tinha uma carta do notário na caixa do correio. Fiquei ainda mais espantada quando vi a herança que a minha tia me tinha deixado. Ela tinha milhões! Já para não falar do casarão em Paris e da casa de férias no Algarve. Decidi não dizer nada ao Harry nem à Helena, pelo menos até saber o que fazer com tanto dinheiro. Claro que ia precisar de algum para a Universidade, visto que o Harry é que me tem pago tudo ultimamente.

Como estávamos já quase na altura do Natal, decidimos ir passar férias a Londres. Eu estava cheia de saudades da minha melhor amiga e custava-me deixa-la sozinha com o Ethan numa casa tão grande. Cheguei a propor-lhe ir viver comigo para o apartamento, mas ela recusou.

- Harry...- Sentei-me ao seu lado na cama. Ele estava deitado a brincar com o Ethan que estava sentado entre as suas pernas.

- Sim? – Desviou a sua atenção para mim. Pousou um carrinho de brincar ao seu lado.

- Acho que devíamos começar as nossas vidas a partir do zero. Ele olhou para mim assustado. – Quero dizer, juntos. Esquecer tudo para trás e começarmos uma vida nova. A dois. Sem nenhum problema a perseguir-nos.

- Hum, conta-me mais. – Puxou-me para junto de si interessado no que tinha para lhe propor.

- Mudamos de cidade, compramos a nossa casa dos sonhos... eu preciso mesmo disto Harry. Não aguento estar dentro desta casa e reviver tudo o que se passou há um ano atrás.

- Amy, eu percebo-te e gostava muito de poder fazer tudo isso. Mas... não temos dinheiro suficiente ainda. Temos de ir com calma.

- Eu tenho.

- Tens o que?

- Dinheiro.

- Tens? – Fiz que sim com a cabeça. Ele olhou para mim desconfiado.

- A minha tia deixou-me uma herança. Vê com os teus próprios olhos. – Dei-lhe a carta para a mão.

- Amy... - Pareceu ler o mesmo numero vezes vinte vezes para ter a certeza que estava a ver bem – isto são milhões!

- Eu sei. Estive a semana toda a pensar o que fazer com isso e... acho que precisamos mesmo de um novo começo.

- Mas isto é demasiado dinheiro para um novo começo Amy. Não precisamos de tanto. Não teremos vida com isto tudo! – Levantou o papel mostrando-mo.

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