capitulo 27

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As ruas de Londres estavam completamente iluminadas. Árvores decoradas, bonecos de neve originais, luzinhas, desde o telhado ao relvado, a piscar… estávamos na véspera de Natal!

O Natal sempre foi a minha época do ano favorita. É aquele dia em que temos a família toda reunida, e que mesmo que não haja nada para fazer, acabamos por passar um dia maravilhoso.

Depois há a questão dos presentes. A semana inteira vejo pessoas a correr de um lado para o outro à procura do presente ideal, outras andam á caça aos presentes à última da hora nos centros comerciais… já eu não me importo tanto com isso. Ao longo do ano faço uma lista dos possíveis presentes que vou oferecer a cada uma das pessoas, e um ou dois meses antes do Natal começo a tratar de tudo.

Penso que não é o tamanho, a qualidade ou o preço de um objeto que vai fazer uma pessoa feliz, por vezes uma coisa simples feita por nós próprios vale muito mais. Sei que é mais fácil comprar, não censuro ninguém por fazê-lo. Eu própria o faço. Apenas dou mais valor se me oferecerem algo feito por eles próprios. Passa a ter um valor sentimental muito diferente. Mas como se costuma dizer, ‘’ o que conta é a intenção. ‘’ certo?

Outra coisa que gosto no Natal é de enfeitar a casa. Nada melhor do que a tradição familiar de levantar cedo, abrir os caixotes guardados no sótão desde o ano anterior, e decorar tudo desde o interior ao exterior da casa. Gosto de sentir o espírito natalício.

Lembro-me que quando era mais nova, quando já todos dormiam, ir à árvore de Natal que colocávamos no canto da sala, tirar-lhe as luzinhas e pendura-las na testeira da minha cama para não ter pesadelos. O problema é que no dia seguinte os meus pais davam pela falta delas e quando descobriam que eu é que as tinha, obrigavam-me a pô-las no lugar.

Lembro-me também da Helena vir dormir a minha casa, e à noite irmos coscuvilhar, debaixo da árvore de Natal, os presentes e de tentarmos adivinhar o que é que estava dentro de cada um deles. O que menos esperava é que a maior parte desses presentes não tinha nada a não ser jornais. Montes e montes de jornais. Como os meus pais sabiam da minha investigação anual, escondiam os verdadeiros presentes onde eu nunca os iria procurar. Bons tempos.

Este ano, como não tinha ideias do que oferecer à Helena, decidi arrumar as coisas do sótão para a garagem e fazer-lhe lá um quarto. Ela precisava da sua privacidade. Além disso sei que tão cedo não conseguiria arranjar dinheiro para arrendar algo. Claro que antes de fazer alguma coisa, pedi permissão aos meus pais. Eles entenderam a situação e até mandaram dinheiro para comprar nova mobília e poder fazer as alterações necessárias.

Fiquei comovida quando a minha mãe disse que sentia a minha falta e me pediu desculpa por não ligar tantas vezes quanto devia. Acho que finalmente percebi o lado deles, mas não foi isso que me deixou sem as imensas saudades que sinto.

Passei dias e dias a tratar das coisas para o quarto da minha melhor amiga. Acabei por pintar o sótão de branco. E como ele era grande acabei por dividi-lo em três partes: quarto, casa de banho e… closet. No quarto coloquei uma cama de casal pintada em verde, prateleiras em cubos, uma mesa de cabeceira com um candeeiro e um sofá ao lado da janela. Tudo combinava perfeitamente. Mal podia esperar até ela ver o quarto e o closet!

Apenas comprei as coisas básicas, aquilo que ela realmente precisa, só o closet é que foi uma pequena exceção. Ambas sonhamos desde pequeninas ter um cheio de roupas, sapatos e acessórios. Quem não gostava? A melhor parte é que foi uma das coisas que me custou menos financeiramente. Também não gastei muito dinheiro no sótão. Algumas coisas estavam guardadas, por exemplo as prateleiras, que só foi preciso limpá-las e pintar, e o sofá, que a minha tia me ajudou a remodelar. Também tinha a tinta branca guardada, tinha sobrado da última vez que pintámos a casa, e com uma mãozinha do Harry acabámos em dois dias – sim, dois dias, porque no primeiro dia foi tudo à base de brincadeira e guerra de tinta. Para o closet e para a casa de banho tivemos de colocar paredes falsas – o que facilitou muita coisa, e posso dizer que a casa de banho foi a parte mais complicada, mas tudo acabou por se resolver. Por momentos fiquei assustada ao pensar que não iam conseguir instalar lá nada. A restante decoração deixei para a Helena. Foram semanas muito complicadas visto que tínhamos que estar sempre a inventar desculpas e arranjar maneira de ela sair sempre de casa. Para isso também tivemos uma ajuda do Dean, mas mesmo assim acho que ela desconfiou de algo.

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