capitulo 29

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A noite passada tinha sido tudo menos normal. Depois de me ter ido deitar pus-me a pensar no que o Jorge poderia querer dizer-me de tão importante. Muita coisa me passou pela cabeça, mas nunca parecia acertar.

Uns olhos verde esmeralda observavam-me com atenção. Parecia não os conhecer, pareciam diferentes daqueles a que eu estava acostumada a apreciar. Estes estavam repletos de algo muito negativo. Não conseguia interpretá-los, era árduo de identificar algo que fosse. Segundos depois desviei o meu olhar para o nariz e ,seguidamente, para os seus lábios. Tudo estava diferente. Aquele não era o Harry. Levantei-me repentinamente colocando-me em pé ao lado da cama assistindo ao riso perverso do individuo que se encontrava deitado nela.

-Quem és tu? O que é que estás a fazer no meu quarto? Como é que entraste aqui?

- Estava a ver que não reagias. – Continuou com o sorriso malicioso. – Eu? Sou o teu maior pesadelo. Devias trancar a janela do teu quaro, nunca se sabe o que pode acontecer.

- O que é que tu queres? – Afastei-me da cama lentamente enquanto ele se levantava e vinha em minha direção.

- É pena uma miúda como tu se encontrar em perigo de vida… mas nem todos os contos de fada têm um final feliz, por exemplo o teu. – A mão dele alcançou a parede atrás de mim.

- O que é que tu queres dizer com isso? – Perguntei incomodada com o espaço limitado entre os nossos corpos.

- Amy? Já estás acordada? – Ouvi a voz da Helena e a porta do meu quarto abriu-se. – O que estás a fazer?- Olhei para a minha melhor amiga.

- Ele… onde está? – Corri até à casa de banho procurando pelo individuo. – Onde é que ele se meteu? – Observei apressadamente todos os cantos do quarto. – Ele estava aqui! Aqui mesmo!

- Quem? Não estou a perceber nada Amy. Do que é que estás à procura?

- Os meus comprimidos? – Desloquei-me rapidamente até à gaveta da minha comoda e vasculhei até encontrar a caixinha.

- Amy… que caixa é essa? – Fitou-me.

- São umas estúpidas vitaminas que não estão a fazer efeito nenhum. – Sentei-me no chão encostada ao armário com as lágrimas já a escorrerem-me pelo rosto.

- Efeito? Mas o que é que se passa realmente? Andam-se a passar coisas muito estranhas contigo, ultimamente.

- Eu imaginei um rapaz na minha cama.

- Ui, ui. Já estás a pensar trair o Harry? Eu não o faria.

- Ele estava a observar-me, e depois disse que ele era o meu maior pesadelo. – Contei entre saluços.

- Tu imaginaste mesmo isso?

- Parecia real, mas num segundo tudo desapareceu. Acontece sempre isso.

- E se não estiveres a imaginar? E se for verdade? Podes estar a ser assombrada.

- Isso é ridículo, não acredito nessas coisas. Eu preciso de voltar à clinica.

- Eu acredito, Amy. Na semana passada acordaste a meio da noite aos gritos. Se não fosse o Harry a acalmar-te… e a quantidade de vezes que o espelho da tua casa de banho já se partiu? Seres feia está fora de questão, e também não acho que o faças de propósito. Só há uma explicação para o que está a acontecer, e é esta.

- Isso é ridículo.

- Tu é que sabes, acredita no que quiseres. – Sentou-se na beira da minha cama. – Olha, o que achas de hoje irmos acampar? Assim até relaxas um pouco e esqueces isto.

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