capitulo 4

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Uma vez mais afundei-me no mundo dos sonhos. Não havia nada mais além de cores. Azul, amarelo, vermelho, verde, laranja, rosa... um sonho tranquilo mas aborrecido.

Tinha a sensação de não dormir pelo menos há dois dias. Doía-me o corpo inteiro, a minha cabeça parecia um carrossel em andamento e ainda sentia as bolhas nos pés causadas pelos sapatos de salto alto e à caminhada que havia feito por aquela estrada horrível.

Finalizando, tudo isto por causa da minha melhor amiga que parece querer acabar com a minha vida aos bocados. Mas, apesar disso, continuo a gostar dela, é impossível não gostar. Por vezes parece que somos irmãs.

Quando éramos mais novinhas, por volta dos 10 anos, tínhamos ido cortar o cabelo e ambas decidimos fazer a franjinha da moda. Lembro-me de sairmos pela porta do cabeleireiro com a minha mãe, e uma senhora, já idosa, perguntar se éramos gémeas. Na altura rimos, mas até gostava que ela fosse minha irmã. É péssimo ser filha única.

-Gatinha! Acorda dorminhoca! – Ouvi a voz da Helena.

Oh, por favor, deixa-me dormir!

Espero que não comece a saltar em cima de mim e a tentar levantar-me à força.

- Amy, está na hora de almoçar. Trouxe o teu hambúrguer favorito... e as tuas batatas fritas saborosas... hmmmm... e a sobremesa que mais gostas! – Senti o cheiro do hambúrguer. Porra, esta miúda adora subornar as pessoas.

Abri o meu olho direito e vi o saco do macdonald's mesmo à frente do meu nariz.

- Bom dia! – Disse com uma voz doce e com um pequeno sorriso.

- Bom dia. – Respondi.

- Toma lá o teu pequeno e grande almoço. – Riu-se.

- Só tu para me acordares desta maneira. – Ri-me com ela.

- Sabia que ao menos com a comida do mcdonald's acordavas sem birra, por isso lá fui buscar.

- A minha tia sabe?

- Achas? Ela nem sonha com o nosso almoço! Ela pensa que só fui comprar pão, mas como eu sou uma excelente melhor amiga pensei em tudo e tcham, tcham!

- És mesmo parva. – Sorri enquanto abria o saco.

- A tua tia está a fazer sopa e sei lá mais o quê.

- Oh, nãoooo! Odeio as sopas que ela faz. Uma vez fiquei tão enojada que não comi sopa durante um ano inteiro.

- Por isso mesmo é que sou uma melhor amiga perfeita, não é, não é?!

- E convencida também.

- Diz que sim, vá lá. – Fez beicinho.

- Sim Helena.

- O quê?

- És uma melhor amiga perfeita.- Ri-me.

- Oh, que gatinha tão fofa! – Abraçou-me.

- Não sei onde vais buscar tanta energia depois do dia que tivemos ontem.

- Já sabes como sou. – sorriu.- vá, come lá isso enquanto eu vou lá baixo buscar a '' sopinha '' para deitarmos pela sanita a baixo.

- Está bem. – Ri-me.

Comi o meu almoço e a seguir fui tomar um banho relaxante para ver se as dores passavam. Quando saí do chuveiro, enrolei uma toalha à volta do meu corpo e voltei para o quarto. A Helena ainda não tinha chegado.

Vesti algo confortável pensando em ficar em casa o dia inteiro, ou , pelo menos, o que ainda restava dele.

Como a Helena nunca mais vinha, decidi ir à cozinha ver o que se passava. Olhei para a mesa e lá estava ela sentada à frente da minha tia, com a cara amarelada enquanto trazia a colher de sopa à boca. Tentei sair de lá enquanto era tempo, mas quando me voltei para a porta a minha tia Georgia chamou-me.

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